Capítulo 7 - Thiago

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— A Andressa está demorando – falei, tentando mudar de assunto.

— É mesmo – Rafael confirmou.

— Faz muito tempo que ela saiu? – perguntou Well.

— Será que aconteceu algo com ela? – indaguei preocupado – Vamos até a cozinha.

Rafael vestiu uma cueca cinza e uma bermuda. Ele tem belas coxas. Corremos até a cabana cozinha. Tivemos que arrebentar a porta, pois estava trancada. Entramos e no local havia uma cena horripilante na parede, o desenho de várias cruzes em tom vermelho preenchendo a preenchia. A torneira da pia estava quebrada. No fogão o café fervido estava espalhado para todo lado. No chão encontrava-se inúmeras gotas vermelhas.

— Será que esse vermelho é sangue? – perguntei. Well e Rafel ao mesmo tempo fizeram o seguinte olhar para mim: Claro que é, babaca!

— O que será que houve aqui? – Rafael questionou. A bermuda do Rafael ficava bem apertadinha na bunda. Quando olhei a bunda do Well, a dele também estava redondinha. Fiquei chateado, pois só minha é gavetinha.

Olhei para o chão e meus olhos se depararam com tufos de cabelos castanhos claros.

— Rapazes, olhem isso – falei pegando os tufos do chão.

— De quem deve ser esses fios de cabelo? – Rafael perguntou.

— Ambas tem cabelos castanhos claros e agora? – Well disse.

— Vamos alertar os outros que elas estão desaparecidas? – perguntei.

— Não acho uma boa ideia – Well comentou – Vamos voltar ao quarto e pensar em algo – continuou ele.

Voltamos ao quarto. Larissa estava acordada, nos fitou com um olhar acusador e disse:

— Eu quero ir com vocês para fora desse local, eu escutei sobre o Opala.

— Você está machucada, como vamos levar você? – perguntou Rafael para ela.

— Eu sabia que diriam isso, por isso falei do carro para a Patrícia e o Caio, eles irão me levar né! – Caio e Patrícia saíram de debaixo da cama de Larissa.

— Larissa, o que houve com você? – Well perguntou.

— Não sei se você se lembra, mas a o senhorzinho vomitou em mim novamente. Fui me lavar e Renan me ofereceu ajuda para irmos ao banheiro masculino – explicou ela.

— Vocês dois foram ao banheiro masculino sozinhos? – Rafael perguntou dando um risinho – Vocês foram se lavar mesmo? – continuou ele.

— Fomos sim, então algo me trancou no banheiro e uma pessoa vestindo uma máscara de bode ou cabra, jogou na minha cara um pênis – ela continuava explicar – Me machuquei e Carlos apareceu no banheiro e me resgatou.

— Jogaram um pênis na sua cara? – perguntei.

— Sim, acredito que pode ser os genitais do Renan, pois ele desapareceu – ela começou a chorar.

— Os indivíduos usavam máscaras de cabra? – perguntei novamente.

— Sim! – ela respondeu.

— Cabra de cabeça – falei.

— Você acha mesmo Thiago? – Well perguntou. No colégio, eu e o Well fizemos um trabalho sobre uma seita satânica denominada Cabra de cabeça, seu maior objetivo é representar o capiroto. Todos nos olharam esperando respostas.

— A cabra de cabeça representa o deus dos bruxos, é uma forma de escárnio do chifrudinho – expliquei.

— Uma seita para o diabo? – indagou Patrícia.

— Então, eu acredito que precisamos dar o fora desse local – solta Caio no meio da conversa.

Caio é dos mais queridos da turma, pois ele é simpático, fofo e inteligente. Sua estatura de um metro e sessenta, seus cabelos negros lisos esvoaçados e sempre bagunçados combinam com os olhos azuis intensos cor de oceano. Acho que tenho um "crush" nele. Ele pegou braço esquerdo de Larissa e passou sobre seu ombro, peguei o direito e fiz o mesmo. Saímos do acampamento por trás do quarto. Seguimos para a lagoa, pois a partir dali eu poderia lembrar o percurso até a cabana velha.

Encontramos a cabana. Fomos até a garagem e o Opala não estava mais lá. Todos me olharam com cara de decepção.

— Cadê a merda do carro? – gritou Rafael.

— Eu juro que ele estava aqui e o defunto lá dentro – gritei também – Vocês acham que eu colocaria a vida de todos em perigo, merda!

Todos entraram na cabana, por dentro ainda permanecia lindo, mas agora o fogão estava limpo e o defunto desapareceu misteriosamente. Provavelmente os "Cabra de Cabeça" devem ter levado ele para algum culto maligno.

— Esse lugar está diferente comparado com a primeira vez que o visitei – comentei.

— Jura – disse Caio.

Patrícia se aproximou da janela da sala, Well e Rafael aproximaram-se da lareira. Fiquei na porta entre a cozinha da cabana e a sala; sendo a escora de Larissa e Caio ao lado dela. Comecei a ouvir um barulho estranho, como um motor, o som vinha da janela, fiquei olhando para ela até que o Opala entrou por ali, jogando Patrícia no chão, prensando Well na parede a direita, enquanto Rafael ficou preso pelo para-choque do carro. O grito ensurdecedor de Larissa corta meu transe:

— AHHHH – Larissa gritou e apontou para o motorista do carro.

— Que merda essa? – Caio perguntou. O homem que dirigia o carro não tinha a cabeça. Bizarro.

— O corpo do motorista – soltou o Well, enquanto cuspia sangue.

— O que vamos fazer? – perguntei.

— Ainda bem que não foi comigo – soltou Larissa depois de recuperar o fôlego do grito. Nesse momento, eu quis jogar Larissa no chão e deixa-la ali.

Rafael conseguiu se tirar da prensa do para-choque do carro e a parede. Seu abdômen sangrava, ele seguiu até o motorista, abaixou-se e puxou Patrícia. Ela estava apagada, não sabia dizer se estava viva ou morta.

— Caio pegue a Patrícia – ele pegou, meio que arrastando, mas pegou – precisamos pensar em um jeito de tirar o Well dali – Rafael vira o pescoço para janela por onde o Opala entrou e pergunta – Aquele é um cara de bode?

Chego perto do Rafael e olho pela janela. Vejo o homem com a máscara de cabra/bode pegar algo e apontar para nós. Então um som de "bip – contagem regressiva de sessenta segundo". O som sai de dentro do defunto.

Rafael não pensa duas vezes e rasga a camiseta do homem sem cabeça e no seu abdômen tem uma costura e um desenho aparentemente feito com um ferro de marcar cavalo. Na minha humilde concepção o desenho é de Baphomet, um demônio de várias faces. Rafael grita cortando meu transe:

— Caio, Larissa, Thiago! Saiam daqui, isso é uma bomba!

— Você também Rafael – grita Well.

— Não vou deixar você morrer sozinho, palhaço – fala Rafael.

Nós três não pensamos duas vezes. Caio arrasta o corpo de Patrícia e eu levo Larissa. Estávamos saindo da garagem, quando um som estrondoso percorre meu corpo. A bomba explodiu. O impacto causado por ela me faz bater a cabeça na parede da garagem e apaguei.

O SINISTRO (COMPLETO)Where stories live. Discover now