Capítulo #9

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"Em meio a neblina"

    A pequena canoa segue seu rumo silenciosamente em meio a neblina, a água está calma e não há barulho, a não ser o som dos remos em contato com o mar. Depois que chegamos às docas, o Sr. Taigo arrumou um amigo para nos trazer pelo mar até o Estado Oeste.

   _Que névoa densa. -digo baixinho para quebrar o silêncio. _Não consigo ver quase nada.

   _Devemos estar quase chegando. -anuncia o homem que controla os remos.

   A canoa continua indo em frente e um pouco mais adiante, uma sombra começa a tomar forma de algo que não consigo deduzir, e ao modo como vamos nos aproximamos, a sombra vai ficando cada vez maior, até que navegamos bem ao lado dela, e então consigo identificá-la. 

   É uma ponte, uma ponte gigantesca sobre a água, sustentada por imensos pilares. Estar perto de algo tão provoca uma leve sensação de falta de ar. E lá em cima, consigo ver alguns veículos e materiais para construção. 

   _Incrível. -Noah grita. 

   _Ei! Cala a boca. -o nosso "capitão" diz entre dentes. _Por que acha que estamos navegando no meio da névoa e com o motor desligado? 

   Noah poe a mão sobre a boca assim que se da conta da mancada que deu, enquanto Bruce e eu nos entreolhamos. 

   _Sr. Taigo... -mestre Lorenzo começa. _Preciso que você me conte quem são as pessoas que estão atrás de você. Do contrário, nossa missão acabará assim que chegarmos em terra firme. 

   Por um breve momento, o silêncio segue, apenas com o som da água batendo no pequeno barco, e após um suspiro, o construtor da ponte começa. 

   _Bem, acho que não tenho outra escolha a não ser contar. -o Sr. Taigo nos encara. _Você estava certo quando disse que isso ia além de uma simples missão de proteção. Acontece que tem um homem muito perigoso e ele está atrás da minha vida.

   _Homem perigoso? -mestre Lorenzo questiona. _Quem? 

   _Ele é muito famoso, acho que você já deve ter ouvido falar, o rico magnata da frota de barcos... Gordon.

   _Gordon? Das industrias Gordon? -diz nosso mentor com espanto. 

   A expressão do Lorenzo me assusta, afinal, quem é esse tal de Gordon? 

   _Oficialmente, ele comanda uma enorme companhia de frotas de barcos. -o Sr. Taigo começa. Mas secretamente, ele vende drogas e outras coisas ilegais. Fez 1 ano desde que ele pôs seus olhos no Estado Oeste, através de dinheiro e meios violentos, ele tomou controle da industria de barcos do estado. Ele tem controle das rotas de navegação da nossa ilha. Gordon tem um monopólio em todas as rotas de barcos, e se tratando de uma ilha, ele tem controle sobre quase tudo. Mas há uma coisa que ele teme... a ponte.

   _Entendi. -digo logo em seguida. _Você está construindo a ponte e se tronou um estorvo para ele. 

   _E aqueles caras que encontramos na floresta, eles trabalham para o Gordon. -diz Bruce.

   _O que eu não entendi é, se sabia que eles estavam vindo atrás de você, por que escondeu isso de nós? -mestre Lorenzo o pressiona. 

   _O Estado Oeste é muito pobre. -diz o construtor com a cabeça abaixada. _Não temos dinheiro para pagar uma caríssima missão de Rank-B. Se me deixarem em terra sem proteção, certamente serei morto antes mesmo de chegar em casa.

   Consigo notar que ele vez ou outra olha de relance para nós, e se sua intenção é de nos fazer pressão psicológica, está dando muito certo

   _Isso mesmo. -o Sr. Taigo continua com seu pequeno drama. _Eu morrerei e meu pequeno neto de 8 anos chorará inconsolavelmente... e minha filha amaldiçoará para sempre os Combatentes do Estado Central, eles dois terão uma vida muito, mas muito triste. Mas não deixem que isso mudem seu julgamento.

   _Hmmmmm, bem... acho que não temos escolha. -diz Lorenzo sem jeito. _Continuaremos a proteger o senhor. 

  _Ohhh, muito obrigado. -diz o construtor. 

   _Estamos quase chegando. -anuncia o nosso navegador. 

   Voltamos nossa atenção para a frente e então, vejo que estamos nos aproximando de uma ponte menor, o barco entra por um túnel mal iluminado apenas com uma fileira de pequenas luzes, e no fim, há um forte luz. 

   Após cruzar o túnel, nos encontramos em um pequeno cais e para nossa surpresa, não há neblina, e sim um sol forte e brilhante. O cheiro de peixe invade fortemente minhas narinas e as gaivotas voam alto no céu.

   _Tivemos sorte, Taigo, ninguém conseguiu nos detectar. -diz o homem com os remos, ele para em um porto e nós dessemos. _Eu fico por aqui, tomem cuidado. 

   _Obrigado, Mark. -Taigo aperta sua mão. 

   Mark liga o motor do barco e depois parte, e eu paro para olhar em volta. Estamos em um pequeno vilarejo, com pequenas casas feitas de madeira, da para ver claramente o quanto essa gente que mora aqui é carente. 

   _Certo, agora, levem-me para casa em segurança. Quero chegar antes do jantar. -diz o Sr. Taigo.

Suzanna Vance e o combate das fronteirasWhere stories live. Discover now