Favela vive.

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Gabriel narrando.

-O carro dele tá aqui- Guilherme falou assim que chegamos na casa da minha mãe

-Eu tô vendo.

-Você quer mesmo fazer isso? Por que eu tenho sérias dúvidas que isso vai acabar mal.

-É o meu irmão. Ele não vai parar até alguém morrer. Melhor morrer tentando.

-Se você diz.

Saímos do carro e batemos na grade. A casa da minha mãe era simples como a maioria na favela. Apesar da grana que meu pai ganhava no crime ,minha mãe nunca aceitou nada dele.

Ela apareceu na porta e mandou a gente entrar.

-Oi mãe.- abracei ela

-Oi filho.

-Tia.- abraçou minha mãe e ela retribuiu.

-Cadê ele?

-Esta lá dentro. Na cozinha.

Fomos em direção ao corredor e chegamos na cozinha. Carlos estava sentado na mesa. Sorriu assim que nos viu.

-Olá família.

-Oi Carlos.- respondi

-Sentem. A mamãe preparou um almoço daqueles de lamber os dedos.

Sentamos na mesa. E minha mãe colocou os pratos na mesa. Levantei e ajudei ela a colocar as panelas.

Sentamos e começamos a comer .

-Mãe, tá uma delicia.- ele falou

-Obrigada filho.

-Carlos pode parar de fingir. O que você realmente quer com isso?- Falei

-Eu ia continuar mas já que você decidiu tocar no assunto agora. Vamos direto ao ponto.

-E qual seria?

-O que eu quero é simples irmão.

-Eu quero vingança.

....

-Vingança de que?- minha mãe perguntou

-De tudo mãe. Vingança pelo papai.

-Meu Deus. Você não se conforma não?- Guilherme disse debochado- supera cara.

-Eu não vou deixar isso passar. Eu estava lá. Eu vi a cena toda. O resto da minha infância toda foi vendo aquela cena. Tudo que eu fiz na vida foi por ele. Não é agora que isso vai mudar.

-Não pode culpar os outros pelos erros dos seus pais- falei

-Pois é ,mas é o mesmo sangue. Tá valendo.

-É o seu sangue tambem.

-Justamente. Não sei como alguém poderia matar o próprio o irmão. Não sabia. Porque eu estou disposto a fazer isso.

-O que o Gabriel tem haver com isso? Seu problema não é comigo?

-O Gabriel ficou do seu lado. Te deu casa e tudo foi perfeito pra vocês. Pra mim só sobrou a cadeia. E não teve um dia sequer que vocês pensaram em mim aposto.

-Não é verdade Carlos.

-É sim mãe. A senhora também esteve do lado deles. Mas eu não posso perder você. Então eu vou descontar neles.

-Se fizer isso vai me perder. - minha mãe disse

-não me importo de não ter o seu amor. Só me importa que esteja viva.

-Olha o que você está falando. Tá disposto a perder tudo por causa de uma richa de anos atrás.

-É o preço que se paga.

-Você disse que nos tivemos tudo-comecei a falar- mas não foi bem assim. Eu não consegui aceitar o Guilherme de inicio mas depois eu percebi que ele era da minha família. Não tinha me feito nada. E sim o pai dele. A vida não foi perfeita. Nunca tivemos tudo.

-A gente passou fome, dividiu comida de um pra três. Muitas vezes o crime pareceu mais facil. Não tinha dinheiro pro pão todo dia. A única coisa que sustentava era o trabalho da nossa mãe. Depois de anos, que a gente começou a trabalhar. Ela nos deu a direção. Apontou pra onde ir. Por isso que hoje você acha que a gente teve tudo. Por que você não estava aqui. Você não viveu essa merda. Não abra a boca pra dizer isso.

-VOCÊS NÃO ENTENDEM - bateu na mesa- É ISSO. Vocês tiveram o amor. Tiveram a educação. E tudo que faz uma pessoa ser alguém na vida. Eu não tive isso.

-POR QUE VOCÊ QUIS -Guilherme levantou -Você fez por merecer a porra da sua vida.

-Porque o SEU PAI estragou a minha vida. E VOCÊ vai pagar o preço.

-Que venha. TENTA. ME DERRUBE. EU VOU MORRER. Mas vou morrer com uma coisa que você nunca conheceu. Família. Porque até quando eu achei que não tinha ninguém ,eu tive alguém que morreria por mim. E se duvidar tudo que você teve foi
pessoas que atirariam em você.

Guilherme saiu e foi em direção pra fora da casa.

-Eu assino em baixo em tudo que ele disse.

-Ótimo. Porque quando ele cair. Você vai junto. Mas antes vocês vão perder tudo ,até morrer.

Levantei da mesa dei um beijo na minha mãe.

-Eu não vou dar minha vida de mão beijada pra você.

Caminhei pra fora da casa. E entrei no carro.

-Desgraçado. Eu vou matar ele. Eu tô falando.- Guilherme começou a gritar e bater no carro

-Ei. Se controla. Não desconta no carro não

Ele me olhou com desdém

-Vou descontar em você que tal?

-Vamos embora daqui.

Liguei o carro e passei a marcha pra da a ré quando um menino apareceu na frente do carro.

-Ei moleque- gritei

-Foi mal tio -Olhou pra dentro da minha casa procurando algo

-Procurando alguma coisa?

-Tô procurando o Cl.

-O Carlos?

-É. -parou de olhar pra casa e olhou pra mim fixamente- você é o irmão dele né?- mudou a expressão

-Sou. Como sabe de mim?

-A história de vocês rola solta aqui no morro. O Carlos odeia vocês.

-É. Se ele vê você falando com a gente- Guilherme falou- já foi.- fez um sinal na garganta de morte

-é melhor sumir daqui vocês dois. A favela tá toda de olho em vocês e a pistola também. Visãozinha básica tio.

Fechei o vidro. E desci o morro.

-CUIDADO COM O CARRO LQ.

O garoto gritou antes de sumir de vista.

Até chegar na pista geral ficou olhando pra gente .

-A gente tá com o nome marcado aqui.

-Aquele filho da mãe.

.....

"-Ei. O crime te chama rapaz. Não se entregue de vez. Negue de vez. Não seja burro igual o meu pai ,não viu a coisa mais inteligente que ele fez"

Colégio interno 2.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant