Green on blue

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- Meu.

Os olhos de Harry e Louis se conectaram pela primeira vez. O alfa não havia desviado o olhar um segundo sequer desde que o de olhos azuis apareceu no quarto. O ômega estava nervoso com uma figura tão altiva à sua frente, mas não resistiu em retribuir o olhar do cacheado. O verde já estava no azul bem antes do azul estar no verde, mas isso não significa que o sentimento não foi igualmente avassalador para ambos os lados.

Louis não conseguia entender por quê seu corpo respondia aos chamados daquele lúpus. Harry também não entendia como alguém podia ser tão bonito e encantador. Devia ser proibido algo do tipo, não?

Como nem tudo é do jeito que devia, o casal não estava se encontrando em uma noite qualquer de verão em Paris, iluminados pelas luzes da Torre Eiffel. Não. É como devia ser, era o jeito certo de ser, mas não é assim que a banda toca. Na verdade, eles estavam no centro de Londres, em um hospital psiquiátrico, cercados de pessoas que só estavam ali para dopar o maior.

Harry desviou sua atenção do pequeno depois do que pareceram anos quando sentiu uma agulhada no seu braço esquerdo. Ele rosnou alto e seus nervos começaram a aflorar de novo. Não é como se Harry fosse indestrutível e nem um mata leão pudesse deixá-lo desacordado. Não. Uma hora esses sedativos fariam efeito e o alfa não conseguiria mais manter os olhos abertos, a verdade é que ele só tinha uma resistência maior que a dos outros. Mas também não é como se Harry não pudesse acabar com todos aqueles alfas comuns mesmo enfraquecido, ele podia. Mas não queria. Não queria correr o risco de machucar aquele menino que ele nem mesmo sabia o nome, mas já considerava como seu. Não queria que o outro o visse como um bruto e sentisse medo dele.

"Meu amor, quero que prometa à mamãe que vai ser gentil com todos. E vai ouvir seu coração sempre que ele falar com você, vai fazer o que ele manda." - A mulher de cabelos negros falava delicadamente com o filho. Era seu primeiro dia na escolinha e ela não queria que seu menino se deixasse ser rude e fizesse jus a tudo aquilo que falavam dos lúpus. Anne não queria que sua criança fosse como os outros.

"Eu prometo, mamãe."

Por seu coração ter falado mais alto e para não decepcionar sua mãe, Harry se deixou levar pelos médicos e pelos tranquilizantes.

×

Louis estava atônito. Não sabia como explicar o que havia acontecido ali. Em um momento, ele tinha plena consciência de quem era e do que estava fazendo, e por quê estava fazendo. Só que como um passe de mágica tudo evaporou, e ali estava ele, só ele e Harry. Quando Louis deu por si, todos o olhavam sem entender, esperando uma explicação. Como se ele soubesse.

Pouco tempo depois, as atenções já não estavam mais em Louis, apesar das fofocas. Todos tiveram que voltar a seus afazeres, cuidar dos outros doentes. Ninguém podia ficar se preocupando se o enfermeiro Tomlinson e o paciente do quarto andar tinham se apaixonado à primeira vista.


O turno de Louis estava quase no fim e ele não via a hora de ir para casa e correr para o colo da mãe. Só mais vinte e cinco minutos e ele estava livre até a tarde do dia seguinte. Mas hoje definitivamente não era o dia do ômega.

"Louis Tomlinson, compareça à minha sala imediatamente", o rapaz ouviu o alto-falante na sala do Diretor Wilson ressoando seu nome para todos ouvirem.

Droga.

Louis se despediu dos pacientes que estava acompanhando e se dirigiu à sala principal com o coração batendo forte contra o peito. 

- Senhor? - Ele chamou timidamente enquanto abria a porta.

- Entre, Tomlinson. Preciso falar com você.- O homem desviou a atenção da tela do computador para o mais novo.

- O-o que posso fazer pelo senhor?

- Quero falar sobre o paciente Harry Styles, e sobre o que aconteceu no quarto.

- Doutor, eu...

- Tomlinson, não me importa o que você quer dizer. Quero que fique longe do Sr. Styles, a metros de distância.- Ele voltou sua atenção para seja lá o que for que estivesse fazendo naquele computador.- Fui claro?

- Sim, Senhor.- Louis não entendeu a grosseria do alfa. O que ele tinha feito de mal, afinal? Só ficou meio inquieto por ter visto um lúpus, certo?

O pequeno saiu apressado daquele lugar e foi trocar de roupa. Procurou Niall para se despedir, já que o loiro pegaria o turno da noite.

- Lou, já estou com saudades de você.- O beta colocou a mão na testa.

- Deixa de drama, Ni, sexta a gente vai se ver.- Sabe quando seu melhor amigo falta à escola? Então... era mais ou menos assim que o beta se sentia quando seu plantão não batia com o do ômega. Louis poderia escrever uma enciclopédia apenas com motivos para amar Niall.

Depois de se despedirem com o mais alto comentando como o novo namorado de Lottie deve ser gato, Louis se encaminhou para o estacionamento, mas algo o impediu de entrar em seu carro. 

Como se uma voz estivesse o chamando, Louis voltou para o hospital. Mais precisamente para o quarto 43.

×

- Carl, se o menino acalma Harry não seria bom que ele ficasse por perto? O sentimento de um lúpus é bem mais intenso que o nosso. Harry ficaria tão focado em agradar o enfermeiro que não negaria se submeter aos remédios.

- Esse Louis é um xereta, isso sim. Harry pode começar a colocar historinhas na cabeça dele, e ele pode começar a questionar o assassinato de Des.

- Meu querido, ele é só um ômega sem importância.- A pessoa do outro lado da linha bebeu um gole de vinho antes de continuar.- Não acredito que vá se envolver nisso de alguma forma.

- Se você diz.- O Dr. Wilson suspirou.- Estou com saudades.

- Eu também, meu amor. Mas está tudo uma bagunça por aqui ainda. Tantos telefonemas, mensagens...- O homem ouviu um suspiro.- Não aguento mais tanto sentimentalismo.

- Vou ficar contando os dias para te ver.



Guilty • l.s.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora