Ares
Lembranças...Eu... morri? Aquela sensação...
Meu coração parecia se despedaçar e ainda assim não conseguia saber onde estava ou como me sentir em relação à aquilo. Se aquela era minha morte, como eu conseguiria impedir o que estava por vir? Como...?
Tentei enxergar o que estava à minha frente, mas era impossível, me sentia cego, tudo o que havia era a escuridão, nem mesmo minha sombra como companheira em meio àquele lugar de lugar nenhum. O ar gélido me acompanhava, frio e cortante, deixando meu corpo dormente, ainda que eu não soubesse se estava realmente ali ou era apenas um sonho. Aos poucos, como sol nascendo calmamente em uma manhã, todo o ambiente começou a se iluminar, até que uma forte luz escapasse pelas bordas e finalmente pudesse ver o que havia ao meu redor.
Eu estava em... Paris?!
Observei o Champ de Mars, que continuava da mesma forma desde minha última visita alguns anos antes. Pequenos flocos de neve desciam dançantes pelo céu escuro, fazendo com que o extenso gramado se cobrisse com aquela pequena camada de inverno, alguns poucos casais se aventuravam a continuar ali, mesmo com a temperatura negativa.
Caminhei em direção à Torre Eiffel, suas luzes me atraíam como se fossem o próprio fogo. Paris era meu lugar favorito, sem dúvidas, uma parte que eu não queria esquecer ou perder junto com a pouca humanidade que me restava, me sentia em casa, se é que eu poderia falar dessa forma.
Um resmungo de dor chamou a minha atenção, e para minha surpresa, sabia exatamente de onde vinha e a quem pertencia. Arregalei os olhos ao constatar que era eu ali, mais jovem e mais machucado, mas eu, sentado na grama enquanto esperava a morte.
Uma lembrança? Mas... Como?
Recordava claramente aquele dia, quando tudo era incerto e eu não sabia por quanto tempo meu corpo iria resistir. Dizem que demoramos a aceitar a morte de alguém, o meu maior problema naquela época era que eu já tinha aceitado a minha. Havia se passado uma semana desde o Ferrete, lembrava de minhas minhas costas arderem como o inferno, meus ossos rangerem por estarem quebrados e eu simplesmente não poder me tratar em um hospital para não chamar a atenção da Bratva.
Meu antigo "eu" não usava luvas, suas mãos estavam enfaixadas com ataduras manchadas de sangue, deixando o ar marcado por aquele cheiro que emanava de... mim? Céus, aquilo era confuso demais.
O observei abaixar a cabeça e tossir até suas mãos estarem manchadas com mais sangue, naquela hora, "eu" tinha certeza que iria morrer.
Por que, raios, estava pensando naquilo? Revivendo essa memória?
Continuei olhando para "mim", o rosto escondido sob o capuz estava levemente deformado e parecia ter sido pintado de roxo e amarelo, "meu" sangue logo se misturou com a neve.
O que realmente estava acontecendo?
Se "eu" estava ali, então... Onde estava Hefesto? Bebendo whisky em seu escritório? E Atena?- Está uma noite fria, rapaz. – Uma voz conhecida falou num inglês perfeito ao meu lado e quase pulei de susto. Estava tão distraído em meus próprios pensamentos que nem mesmo pude notar o senhor de meia idade sentado ao "meu" lado no chão. – Se continuar com apenas essa roupa fina ficará doente.
- Estou bem, não se preocupe. – "Respondi" sorrindo. Os dois não pareciam me ver e quase senti que estava em no meio daquele filme antigo que passava nos natais sobre fantasmas. – E o senhor?
- Isso não é capaz de me derrubar. – O velhote gargalhou. Pela primeira vez reparei em seu rosto, o cabelo cor de cobre dava um ar jovial, porém a enorme cicatriz que cortava metade de seu rosto deixava claro sua experiência de vida. Heron... – O que um jovem como você faz encarando um monte de ferros iluminados? Não devia estar em uma dessas festas regadas à bebida ou algo do tipo?
- Está sendo um pouco duro com a Torre Eiffel, não? – Meu "eu" arqueou a sobrancelha, fazendo com que a gargalhada do homem aumentasse. – Estou... esperando por algo, acho.
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Ares - Um Boxeador Mafioso
RomanceA vida de Chloe Romano está despedaçada. Após perder os pais em um misterioso acidente, ela definitivamente acredita ter chegado ao fundo do poço. Porém, não há nada horrível que não possa piorar. Uma carta misteriosa é a prova disso. Seu lar, a ún...