E uma onda de arrependimento inundou seu estômago.

Ele não devia ter conhecido Ryan, não devia tê-lo deixado entrar em sua vida, não devia tê-lo deixado domar seu coração, não devia ter deixado a si mesmo a ficar tão dependente de alguém tão ruim, tão egoísta, não deveria ter duvidado de Harry, não deveria ter sido aquela pessoa pessimista e rude, não devia ter sido aquela pessoa insensível, não devia ter sido aquela pessoa que duvidara de uma vítima, não devia ter feito seu amigo deixar seu próprio quarto, não devia ter deixado Harry o perdoar, não devia ter deixado Harry conhecer seus segredos e inseguranças, não devia ter deixado Harry o ajudar, não devia ter deixado Harry o encantar, não devia ter se permitido gostar de alguém quando na verdade ele não merecia nada, não devia ter se permitido pensar, apenas por alguns dias, que ele poderia vir a ser feliz de novo.

Louis não devia.

Apenas.

Não devia.

E, se arrastando pelo concreto daquela fraternidade, mais cedo, enquanto observava seus amigos, cada um deles, incluindo o cara que gostava – o único cara que o fazia se sentir bem, não só com tudo em sua vida mas também consigo mesmo, o cara que dava razão ao cheiro das flores de manhã, aquele que dava sentido à uma poesia romântica, aquele que fazia seu coração bater mais rápido enquanto o mundo ao seu redor era mais lento – e vendo-os machucados, perdidos, com dor e angústia dentro do peito, o fez perceber que talvez, eles estivessem melhor sem ele.

Antes de Ryan, eles eram apenas cinco amigos que cantavam no Balls&Blues, que estudavam normalmente e que tinham planos sutis para suas vidas – agora estavam esparramados no dormitório com hematomas e lágrimas presas no peito, seria poético se não fosse tão trágico.

E Louis era o responsável. Se não fosse por ele, Ryan nunca teria entrado em suas vidas – Niall nunca teria deixado seu dormitório, Liam nunca teria sido machucado e Zayn nunca teria ficado desnorteado igual estava deitado ali.

E Harry.

Harry nunca teria sido dopado, espancado, estuprado, consumido mental e fisicamente, duvidado, ignorado, menosprezado, chateado ou perturbado.

Harry, oh Harry, ele era o homem mais forte que Louis conhecia, aguentou tanto e ainda se aventurou a aguentar os problemas do menor. Estava na hora de aliviar a pressão e deixá-lo ir, era algo necessário e ele iria superar, Louis sabia que sim, Harry era forte o suficiente para isso, para esquecê-lo.

Louis era o problema ali. Ele era o cara do mal que entrava na vida das pessoas vestindo uma capa longa e preta que carregava trevas e sofrimento – lágrimas acumuladas durante uma vida apenas para serem despejadas em inocentes que só estavam tentando viver suas vidas de forma não problemática. Mas Louis era problemático.

Por isso, enquanto ignorava o olhar penetrante de Harry sob seu corpo, parado estranhamente no centro do banheiro, a porta fechada o sufocando metaforicamente, Louis decidiu se afastar, esquecer e fazer um bem para a humanidade.

Ele se arrependeu de não ter ido embora naquele dia, quando Harry o impediu. Tudo só piorou a partir dali, camuflado em sorrisos, beijos e carinhos – o que só tornava tudo mais doloroso para ele, afinal, ele iria sentir falta dos beijos, dos abraços, dos risos e dos momentos compartilhados juntos.

Mas era para um bem maior. Ryan estava certo desde o começo. Louis era o problema, sempre foi.

Harry não falava verbalmente mas seus olhos eram uma súplica e Louis se sentiu intimidado no instante de fraqueza que o fez encará-los de volta, recuando em seguida para o chão do banheiro. O suspiro que deixou os lábios de Harry foi impiedoso, como a brisa fria que derrubava as folhas mais resistentes da árvore, no final do outono, se preparando para a neve cair, branca e fofa, mas tão gélida que lhe doía os ossos.

once upon a plug {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora