Capítulo 2

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Grito, com medo, e fecho os olhos.

- VOCÊ ESTÁ BEM? - pergunta um senhor com um guarda chuva. Ele grita sobre o barulho da tempestade.

- NÃO - respondo.

- ESTÁ PERDIDA? - normalmente não devemos responder a esse tipo de pergunta mas eu já estou na merda mesmo.

- Sim.

- Não devia vir a floresta a noite - ele fala se aproximando.

- Mas o senhor está aqui também - digo.

- Trabalho numa casa próxima, estava tentando fazer com que os cavalos não fugissem. Mas foi em vão, então estou atrás deles, mas te vi caindo e fiquei preocupado.

- Ah sim - falo.

- Gostaria de ficar lá até a chuva passar? Eu posso falar com o patrão.

- Não quero incomodar - mesmo sendo só um senhor ele pode ser um estuprador.

- Pode ficar na casa dos empregados - os empregados têm uma casa? Mas por que uma pessoa tão rica compraria uma casa no meio da floresta?

- Não sei...

- Nós temos uma cama a mais.

- Certo - falo receosa.

Ele me leva até um cavalo que está preso numa árvore e depois de me ajudar a subir faz o mesmo e nos leva floresta a dentro.

Passamos alguns minutos desviando de árvores, até chegar em outra clareira com um casarão no centro. A construção é imensa, podia ser a sede do governo. Ele não deve ser só rico, deve ser bilionário.

Passamos pela casa principal e vamos em direção a uma menor, que ainda é muito maior que a minha.

No local moram dez pessoas entre homens e mulheres. Ele me apresenta a Jessica e pede que ela cuide para que fique confortável.

- Você é nova trabalhando aqui? - ela pergunta.

- Não. Só vou passar a noite por causa da chuva.

- Ah...

Ela me trás roupas secas e mostra onde fica o banheiro, depois pergunta se ainda preciso de algo.

- Não. Eu me viro. Obrigado - ela afirma e volta à área dos dormitórios.

Ao entrar, fico um tempo parada, sem fazer nada, pensando se devo olhar o estado da ferida ou só entrar no chuveiro. Por fim, decido que deixar molhar sem nem ver o quão grave foi seria uma idiotice. Então tiro cuidadosamente o cabelo, que está grudado no pescoço, e olho para o local.

É um círculo não perfeito que está com algumas bolhas de pus e quase todo coberto de sangue, sinto ânsia assim que vejo, porém respiro fundo. Eu tenho que ficar calma. Dou um nó no cabelo e entro no chuveiro, seguro o grito quando a água começa a bater no lugar ferido.

Também tinha esquecido que machuquei o joelho e o local arde ao entrar em contato com a água.

Esse foi um dos piores dias da mina vida, mas ainda assim me sinto bem em saber que não estava maluca. Posso ser idiota, mas maluca eu não sou. Rio do pensamento porque esse não devia ser um detalhe importante depois de ter quase morrido.

Depois que me visto e cubro a ferida com o cabelo - para não gerar perguntas desnecessárias - vou encontrar o senhor que me ajudou, Oswald.

Ele me leva até o quarto e me indica a cama na qual posso ficar.

- Desculpa - ele fala antes que eu entre no quarto.

- Pelo quê? - pergunto assustada.

- Por mais cedo. Pelo susto - ele explica.

- Ah - suspiro aliviada por só ser isso. - Não foi nada, na verdade eu devo agradecer por você ter me ajudado. Se não fosse pelo senhor ainda estaria perdida e assustada na floresta.

- Desculpa - ele fala novamente antes de sair e me deixa no quarto sozinha já que os outros empregados ainda estão trabalhando.

O que isso quer dizer?

...

Acordo e não tem ninguém no quarto, provavelmente já estão trabalhando. Checo minha ferida no espelho do banheiro e está pior do que estava antes. Além disso, meu pescoço está roxo em alguns locais que ele apertou. Prendo o cabelo e como o resto do café da manhã que está na mesa. Depois vou atrás da minha roupa, mas não está totalmente seca então resolvo dar uma volta pela propriedade.

Ando pelo local e vejo vários cavalos, sempre gostei desse tipo de animal, meus pais tem uma fazenda, e eu tenho uma égua. Vou em direção a esses e faço carinho em um deles, encosto minha testa na sua e ele esfrega sua cara no meu pescoço o que me faz gemer de dor.

O animal se assusta mas consigo acalmá-lo antes que algo de ruim aconteça. Fico ali fazendo carinho nele por muito tempo.

- O que está fazendo? - pergunta o senhor Oswald irritado.

- Só estou fazendo carinho...

- Não pode ficar aqui, volte para onde estava ou vá embora - fala ríspido.

- D-desculpa.

- Saia logo daqui.

- O-ok - não sei por que ele se irritou tanto, só estava fazendo carinho no cavalo.

Volto para casa dos empregados, vou pegar minha roupa, molhada mesmo, e sair daqui. Porém, no caminho, vejo uma garota carregando um vaso que parece bem pesado.

Solto o cabelo e vou em sua direção.

- Quer ajuda? - pergunto quando chego perto dela.

- Não precisa se incomodar - fala sem emoção.

- Não vou - ajudo-a a segurar o vaso e juntas levamos ele para dentro da casa principal.

- Obrigada.

- De nada.

Dou uma olhada na casa, é bem antiga, mas ainda assim muito rica. É uma mansão, tem muitos quadros e lustres incríveis. Estou indo para a saída, distraída com a decoração, e acabo me batendo em uma mulher. Ela se desequilibra e quando vou ajudá-la a se levantar ela puxa rápido o braço e percebo que o mesmo está enfaixado.

- Me desculpe.

- Tudo bem - ela se afasta rapidamente.

Ela não devia trabalhar com uma ferida daquele tamanho.

Quando saio encontro mais funcionários e... praticamente todos eles tem ataduras pelo corpo, o que está acontecendo?

Volto para casa para ver se os outros também tem as ataduras então avisto Jéssica e vou até ela. Porém quando estou próxima ela me prende contra um canto escuro, tapa minha boca e nariz enquanto espana minha cara. Tento me soltar mas ela é bem mais forte do que parece, quando já estou quase desmaiando ela me solta.

Respiro fundo.

- Você é louca? Por que fez isso? - reclamo.

- Se ele te visse estaria perdida - ela fala baixo.

- Ele quem?

- Shhhh, ele pode te ouvir - ela fala.

- Quem? - pergunto assustada.

- O senhor Kim, o patrão.

- Eu não entendo.

- Só saia desse lugar o mais rápido possível - ela fala alerta de um modo assustador. - - ela me empurra e quase caio no chão.

Com o susto, acabo correndo para fora da casa. O que pode ter de tão ruim aqui?

The Curses of Schwarzwald - Cursed Plant (knj) (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now