Capítulo 04

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Fernanda

Se eu não precisava muito do meu cargo, eu mandaria o Alvarenga para a merda e chutaria o balde. Pelo amor de Deus, um astro e ainda por cima um sertanejo! É jogar pedra na cruz... Eu nunca suportei música sertaneja, nunca mesmo. E agora ele cantarola despojado e tão seguro sentado ao meu lado. E os malditos botões da minha camisa que não ficam fechados. Joguei pedra na cruz ou fui uma garota mau na última encarnação.

- Você gosta dessa coisa de tributos? – Pisca para mim e passa a música da minha playlist.

- Desista, não vai achar nenhuma música sertaneja, country ou sei lá como se chama esse tipo de música.

- Você poderia ser um pouco mais simpática e receptiva! – Fala e pisca novamente, é um safado! Deve se achar o último Negresco do pacote.

- Cara, qual a parte que você não entendeu que eu estou de mau humor?

- Isso é fácil de dar jeito! – Me joga um beijo, o abusado, e decido me concentrar na direção. É muita confiança para um homem só.

Mas eu não resisto por muito tempo e volto a falar com o infame do sertanejo.

Pelo amor de Deus, olhar para ele e não sentir o suor nas costas é praticamente impossível! Porque além de abusado, é lindo de morrer e deve ser bom em fazer uma mulher revirar os olhos.

Meu telefone toca e atendo sem me dar conta que era Guilherme.

- Alô, amor! – Atendo, já colocando a ligação no viva voz e Christian Daniel me olha surpreso. Bem feito, tenho noivo! Sinto vontade de dar o braço para ele ou mesmo mostrar a língua. Mas me lembro que Guilherme não sente ciúmes...

- Fernanda, onde você está? – Guilherme pergunta com a voz sonolenta.

- No momento, indo buscar as crianças. – Agora sim que meu cliente famoso arregala os olhos e engole em seco. Não resisto e resolvo brincar com ele, morrendo de rir por dentro. – Não se preocupe, meu amor, logo estaremos juntos. Gostei muito de nossa noite! – Foi muito sem graça, para ser sincera, mas nunca que vou admitir isso para o rei da safadeza. Os olhos de Christian Daniel vão direto para minha aliança na mão direita e o vejo se contrair no banco. – Amor, ligo para você mais tarde, logo vou estacionar. – Encerro a ligação e Christian Daniel me encara com os olhos mais azuis do que nunca. Às vezes, seus olhos puxam para uma tonalidade de verde.

- Por que não me contou que era comprometida?

- Se eu contasse... – O encaro de propósito. – Você não teria dado em cima de mim e me feito propostas indecentes?

- Ah... Brabeza... Com certeza não é um anel a me impedir.

- Então, que diferença faria saber ou não?! – Dou as costas para ele, saindo do carro e batendo a porta atrás de mim.

Havia resolvido pegar primeiro Sofia antes dos meninos na casa de Maria nossa empregada. Ela tem 3 anos e é muito ligada a mim, por isso se joga quando me vê. É uma madrugadora essa menina e não foram poucas às vezes que assistimos Galinha Pintadinha às 7 da manhã em pleno domingo.

- Mamãe! – Nunca consegui dizer para ela que não sou sua mãe. Ela é minha filha, não de sangue, mas de coração. – Estou com tantas saudades. – Me abraça toda atrapalhada.

Pego suas coisinhas e me despeço de Maria com minha menininha no colo. Descemos as escadas e quando chego no térreo, estou esbaforida e com a camisa grudada. Ao cruzar o portão, avisto o safado do sertanejo sentado no capô do minha minivan e sinto as pernas moles. Pelo amor de Deus, o homem é bonito e ainda sabe disso, o que o torna ainda mais atraente para os olhos de qualquer mortal como eu.

O Beijo do Sertanejo (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora