5 Momentos especiais

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Felipe voltou para a faculdade, mas agora mantemos contato e nos falamos todos os dias, quando ele disse que estava quebrado, eu não havia percebido o quanto isso era verdade. Não sou a única que ele não deixa entrar, eu não tentei mudar isso e Bia vive me desafiando: "Desafio você a fazer ele te querer", ela dizia, mas como eu faria isso? É algo difícil de dizer.

Hoje ele vem me buscar para jantar, disse que levaria Bia e ela inventou uma dor de barriga, tudo para me deixar "a sós com meu príncipe", ela disse. Na verdade, Felipe está mais para um belo de um sapo, não acredito que fui me apaixonar logo por um homem que não quer mais amar.

— Sabe de uma coisa? Você já foi mais determinada! — Bia resmunga no telefone.

— Sabe de uma coisa, continuo sendo, mas fazer o que está me desafiando é nadar contra a maré. Ele nunca me amou, isso não vai mudar.

— Nossa, como é pessimista! Só você não percebe o quanto ele está pedindo para ser salvo?

**

"O quanto ele está pedindo para ser salvo?" A frase de Bia ficou em minha cabeça à noite toda, mal toquei na comida ou falei, Felipe tocou em minha mão, o que resultou em um pequeno pulo em minha cadeira, só então percebi que ele estava falando comigo.

— Desculpe, estou distraída! — Sorri sem graça.

— Algo errado? — perguntou atencioso, só então eu percebi, eu não vou conseguir lutar por ele, mas eu também não consigo ficar perto, é doloroso demais saber que estou no meio do oceano, sabendo que preciso segurar a boia para alguém que amo, mas ele se sabota, enfiando uma agulha e a furando, para se deixar afundar.

Eu não sou a mesma Stef, eu não tenho mais sangue de barata.

— Acho que só quero ir para casa! — Engoli em seco e ele assentiu.

— Vou pedir a conta! — Felipe pagou nosso jantar praticamente intocado e fomos andando para minha casa. Nós não temos carros ainda, dependemos dos nossos pais, e só estudando, não temos como pagar por um.

— Fala! Despeje o que está te deixando chateada. — "Você!", acuso mentalmente.

— Acho que não teremos a amizade que tínhamos! Eu não consigo te ver como um amigo, não mais! E você não consegue me ver além disso. — Aperto os lábios para evitar chorar, pelo menos tento.

— Stef...

— Me deixe terminar, por favor? — Ele assente.

— Eu sei que me procurou porque... — Acabo soluçando. — Precisa de mim, mas eu não posso. — Balanço a cabeça negativamente. — É doloroso demais te ver sofrendo, sem que você se abra ou deixe alguém chegar em você. Eu seria feliz se você amasse outra como amou ela, eu suporto não te ter mais se for para vê-lo feliz, sou capaz de ser sua amiga assim, mas não nas condições em que está.

— Eu preciso de você... — Balanço a cabeça.

— Não, você precisa de alguém que diga uma verdade que não consegue ouvir, para sentir raiva e voltar a ficar sozinho em seu próprio mundo escuro e triste, mas eu não vou mais fazer isso.

— Por que está fazendo isso? — Seu olhar brilha em minha direção, mas ele não derramou nenhuma lágrima, pelo jeito, elas secaram faz algum tempo.

— Estou fazendo porque te amo. — Engulo em seco. — E quero te ver curado, não vou servir de apoio, Felipe, só irei ficar ao seu lado se estiver tentando concertar o que está errado, está disposto a me deixar entrar?

Permita-me ser suaWhere stories live. Discover now