[18] A luz - Parte dois.

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Dois corpos.

Um deles é o de Hazel.

Não, não pode ser.

— Trinta quilômetros.

Mallory entende o recado e pisa fundo no acelerador. Subimos entre longas fileiras de árvores, percorrendo por curvas um pouco pequenas ao som do asfalto molhado e gotas finas de água descendo do céu.

— Se alguma coisa acontecer com ela—

Eu sei que é difícil — Aaron me interrompe. — Mas você precisa se manter calmo. Você não pode se desesperar agora.

— Eu juro, Aaron. Eu juro por tudo na minha vida... se ele sobreviver e algo acontecer com ela... eu não vou me lembrar que ele é meu irmão.

— Oli, acho que... acho que é aqui.

Da janela já não consigo mais ver o borrão das árvores, a paisagem do lado de fora está visível agora. Não me incomodo em me despedir de meu irmão, a única coisa que quero – preciso – é saber se Hazel está bem. Ela precisa estar bem, eu não vou suportar vê-la... não, não quero ao menos imaginar essa possibilidade. Pensar sobre isso me causa uma sensação ruim, a mesma sensação que me possuiu quando minha mãe sofreu o acidente. Não quero me imaginar na posição de ter que suportar perder alguém novamente. Nem sei se seria capaz disso.

O ar frio me desperta. Três carros de polícia estão no meio da estrada, junto com dois carros pretos e duas ambulâncias. Há uma van com a carroceria completamente amassada próxima a uma das ambulâncias. Na beira da estrada, a alguns metros de distância de onde estamos, um corpo está coberto com um pano branco. Eu estremeço imediatamente. Não me aguento em pé, mas começo a correr desesperadamente.

— Você não pode se aproximar!

Eu encaro o rosto do homem que me para. Ele ele está vestindo uma farda e carrega uma arma na cintura. Considero socá-lo no rosto só para poder seguir em frente.

— É minha namorada que está ali! — Quase não reconheço minha voz quando ela sai. Na verdade, Hazel e eu nem estamos namorando oficialmente. Não nos incomodamos em rotular a relação. Estávamos juntos e isso era o suficiente. Agora uma ponta de arrependimento vai se rasgando dentro de mim. Eu deveria ter lhe pedido em namoro com um pedido extravagante e vergonhoso porque agora se parece tarde demais para fazer alguma coisa.

— É um cara que está ali, meu amigo. — Ele responde e olha rapidamente por cima do ombro.

— A garota está viva? — Mallory pergunta.

— É o que estão vendo. Parece que ela está apenas desacordada, estão tentando tirá-la do carro. O cinto está engatado, alguma coisa assim.

— O que aconteceu com ele?

— Foi arremessado para fora do carro, estava sem o cinto de segurança. Não sobreviveu.

Ficamos em silêncio.

— Ouviu? Ela está viva, só está desacordada. Tudo vai ficar bem, Oliver. — Mallory me conforta, alisando minhas costas.

— Você pode ir embora agora. Eu vou ficar aqui até que ela saía dali.

— Não vou te deixar sozinho aqui.

— Não é sua obrigação cuidar de mim.

— Eu sei — ela suspira. — Mas sinto que devo. Acho que Hazel não vai se importar, não é? É só até ela ficar bem.

Sorri. Ou ao menos tentei.

A chuva começou a engrossar de repente, mas mesmo que o céu resolvesse cair em nossas cabeças, eu não moveria um músculo para sair enquanto Hazel ainda estivesse aqui. Me sentia exausto, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Meus músculos estavam tensos, minhas pernas pareciam um pouco moles e o nó em minha garganta não desataria tão cedo. Olhei em volta por alguns segundos. As luzes dos carros policiais e ambulâncias piscavam continuamente. Em uma das ambulâncias, um corpo desfalecido em uma maca de barrar vermelhas estava sendo levado. Então, um dos corpos identificados era de uma pessoa desconhecida, e não Hazel. Eu gostaria de suspirar aliviado, mas mesmo sem conhecer quem era a pessoa, meu irmão foi quem causou essa tragédia e parte de mim se sente culpado.

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