Continuação Degustação

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— Tudo bem, ele trabalha em qual hospital?

A minha simples pergunta faz a minha patroa revirar os olhos em um gesto impaciente e eu não entendo o motivo.

— Ele não é médico, é advogado Carla. – Ela explica impacientemente. — Agora vá, ele já deve estar te aguardando e não esqueça, apenas entregue o documento nas mãos do Dr. Adriano.

Tento passar confiança para ela com um sorriso, o que não ameniza a careta que a minha patroa faz.

—Tudo bem, não se preocupe.

Seguro o documento como se fosse a minha vida e começo a caminhar.

— Carla.

— Oi, senhora.

— Você deveria investir melhor nas suas roupas, fica muito bonita arrumada.

Contenho meu riso, pois com certeza acabo de ouvir uma piada e eu tenho outras prioridades.

— Gostaria muito, senhora. Mas no momento estou juntando dinheiro para fazer um curso.

Dorothy me observa enquanto positivamente balança a cabeça.

— Sua mãe ficaria bastante orgulhosa de você.

Isso eu sei que sim, ela não queria mesmo que passasse a vida trabalhando no serviço doméstico, o sonho da minha saudosa mãe, é que eu fosse para faculdade.

—Eu prometi para mamãe que eu não desistiria de estudar, quero ser professora ou assistente social.

Meus olhos ficam marejados, faz tão pouco tempo que ela se foi.

— Faz bem.

Ela responde secamente e com gestos me manda seguir. Após me despedir, caminho até a saída de casa, ao abrir a porta vejo que Barreto já me espera fora do carro e com a porta de trás aberta.

—Já que está vestida tipo patroa, vou te levar como se fosse uma, agora entre antes que alguém veja.

Pela primeira vez no dia ou em semanas ele me diverte, aceito fazer parte da brincadeira e vou para parte de trás.

— Vê se não se acostuma.

Eu poderia facilmente me acostumar com o conforto, ou simplesmente morar dentro do carro que é mais confortável que minha cama.

—Você fala como se eu só andasse aqui.

O semblante de Barreto fica um pouco mais sério, vejo pelo retrovisor.

—Infelizmente eu sei que não, mas você merece, delícia. Olha, eu não tenho um carro desse, mas tenho um celtinha que faço questão de te colocar dentro dele.

Ele dá uma piscadela e eu reviro meus olhos na mesma hora. Será que ele ainda não percebeu que não vai rolar?

— Esqueça, eu jamais vou entrar em seu carro. – Tento controlar minha língua, mas é em vão. — Barreto, não entenda errado, mas eu não te vejo como namorado, você tem mais que o dobro da minha idade.

— Porra, que viadagem de preconceito é essa, novinha? Eu posso te ensinar coisas que nenhum garoto pode.

— Não tenho preconceito nenhum, apenas quero namorar um rapaz mais jovem.

Ele fica automaticamente sério e segue o caminho, sem mais dizer uma palavra por um longo trajeto, até parar em frente a um prédio de aproximadamente uns vinte andares, com o vidro fumê na parte externa e bastante luxuoso. Acabo agradecendo mentalmente pela doação das roupas que acabo de ganhar.

— Vai logo, Carla. Não me diga que está esperando que eu abra a porta.

Ele me assusta com o tom de voz, percebo de imediato que o corte que dei há minutos, pôs fim ao clima amigável.

—Calma, não precisa falar assim comigo. Eu já vou.

Ainda me sentindo tensa, abro a porta do carro e antes de sair...

—E não demore, você mora no fim do mundo e eu tenho que te levar em casa.

Ele avisa, fecho a porta e caminho toda apressada tentando não trocar as pernas. Merda! Eu não sou obrigada a aguentar suas piadinhas o tempo todo.


CONTINUAAAA >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 

O Advogado - Degustação - Livro na AmazonWhere stories live. Discover now