Uma Babá em Minha Vida

4 - Alexis/Oliver

Alexis

Amanheci com a luz entrando pela janela do meu quarto. Meus olhos estavam inchados e eu estava com uma tremenda dor de cabeça, resultado da choradeira de ontem. Denise já não estava mais em meu quarto, levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal.

- Oh Deus...- gemi quando vi meu reflexo no banheiro, eu estava horrível! Havia um hematoma na minha bochecha, local onde o Ricardo tinha me atingido com um tapa na noite anterior, meu lábio estava inchado e o corte não parecia tão profundo. Tirei meu roupão e tive outra surpresa. Meus braços tinham manchas roxas com marcas de mão. O cretino havia feito seu trabalho. – Idiota... meu vezes idiota! – rosnei, terminei minha higiene matinal e tomei um longo banho.

- Bom dia amiga...como você está? – Denise disse cautelosa quando eu entrei na cozinha e me sentei na cadeira.

- Eu estou bem...-suspirei- na medida do possível. – ela colocou uma caneca de café fumegante na minha frente e se sentou ao meu lado.

- Quer me contar o que aconteceu ontem? Eu fiquei muito assustada quando te vi daquele jeito e queria que você estivesse mais calma pra dizer tudo que aconteceu. Foi o seu cliente, não foi? – ela me encarava com o punho fechado sobre a mesa. Denise não era exatamente a pessoa mais calma do mundo, sinceramente eu não sei como ela estava tão calma ontem considerando o meu estado.

- Foi Den. – eu confirmei, já não tinha como esconder nada dela e nem queria. Denise era minha melhor amiga, minha base, minha irmã de coração. - No começo ele foi muito educado... – coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha e esbarrei minha mão sem querer no hematoma em minha bochecha, estremeci com o contato. – ele me tratava bem, sempre com um pouco possessivo, mas é normal considerando que eles contratam acompanhantes pra aparecerem para os amigos né? – ela confirmou com a cabeça – Enfim, depois do jantar eu fui ao banheiro retocar minha maquiagem...- ocultei a parte em que eu havia colocado tudo pra fora. Abaixei minha cabeça evitando o contato visual.

- E ai? O que aconteceu depois Alex? – ela segurou minha mão sobre a mesa e deu um aperto, me incentivando a continuar.

- E ai quando eu sai ele...ele me puxou pra uma sala dentro do restaurante, estava tudo escuro e eu só o reconheci porque ele começou a falar coisas horríveis pra mim. – eu estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona mas na verdade era o pânico daquela noite que voltava a medida em que eu contava o que havia acontecido.

- Calma Alex, eu estou aqui! Se você não quiser, não precisa continuar... –

- Eu preciso! – disse gemendo. Respirei fundo e deitei minha cabeça no ombro dela. – Ele ficava...me...apalpando. Quando tirou a mão que tampava minha boca eu gritei por socorro e o resultado foi esse hematoma no rosto. – Apontei pra minha bochecha e Denise sorriu.

- Nada que uma boa maquiagem não resolva... – ela acariciava os meus cabelos e me deixava mais calma.

- Enfim, quando surgiu a oportunidade eu desferi os golpes que nós aprendemos naquela aula de defesa pessoal, graças a Deus você me obrigou a fazer, só que eu nunca pensei que fosse obrigada a usar. – funguei em seu ombro. – No final, o santo e milagroso spray de pimenta que você deixou em minha bolsa serviu para atrasá-lo ainda mais e eu sai de lá correndo e entrei em um táxi. – Suspirei. Graças a Deus consegui contar tudo a Den, seria um fardo enorme carregar isso sozinha.

- Você precisa esquecer isso agora Alex, já está no passado. – Ela se levantou e deu um beijo em minha testa. – E a melhor maneira de esquecer é comendo waffles caseiros da Den com calda de morango! – ela deu um soquinho no ar e fez uma dancinha esquisita da vitória. Eu gargalhei e me juntei a ela, e além do mais, ela estava certa. Eu precisava olhar pro meu futuro agora.