Connection closed

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Eu acho que estou passando por outro episódio de depressão. E a vida... ela é amarga quando você tá deprimido.

Sabe o que há de melhor nesse vão todo que eu estou vivendo? Sinto que posso voar. Não voar de verdade. Mas eu sou livre para ir onde eu quiser. Em um momento, estou na floresta. Em outro, posso não estar. Meus poderes de pensamentos, lembranças do passado... Me levam à lugares também. Basta eu assentir. Fechar meus olhos, e pensar em algo. Eu não tinha percebido isso antes. Mas de tanto acontecer, eu estou notando agora. Eu posso fazer isso.
  Meus poderes de lembranças e a escuridão dentro de mim, não tem posição de defesa alguma! Por isso eu preciso das minhas asas. Sei que é errado, não era para ser assim. Mas agora eu estou nessa. Eu entrei em coma, e talvez a única forma de sair, seja a total força que terei sendo um anjo.

  Voltei para o hospital onde estou internada. Vejo meu corpo sobre a maca. Estou pálida, com os lábios roxos. Para falar a verdade, estou acabada! Sinto pena de mim mesma... Tudo está em silêncio aqui.
  Chego até a porta do quarto onde estou, e vejo que não há ninguém nos corredores. Tudo está aceso, mas não tem ninguém aqui.
Sigo para a sala principal; a sala de espera. Onde os familiares esperam por notícias boas ou ruins, que irão mudar muita coisa em suas vidas. A lâmpada está falhando, e logo a frente, está o balcão onde as enfermeiras atendem chamados. Eram para todos estarem aqui agora.
Ali, um telefone começa a tocar. Ando rápido para atender, sem que pudesse parar de tocar. Quando tiro o telefone de sua base, digo. - "Alô?" - mas ninguém responde. Pergunto mais duas vezes. Então, só ouço a ligação encerrada.

Antes mesmo que eu pudesse pensar no caso, o rádio liga ao meu lado, sozinho. Uma música mais parecida com uma aberração começa a tocar lentamente. Fico tão assustada que aperto rápido o botão para desligar. Não parece estar funcionando. Aperto em cerca de dez vezes até que a música pare.
  Ouço alguns passos se aproximando. Me agacho através da bancada, me sentindo segura ali.
  A pessoa está usando um capuz longo, no qual eu não consigo ver se é homem ou mulher. A pessoa então passa pela bancada, e para de costas para mim. Sem me ver, agachada um pouco perto de si.
  Quando eu tinha uma vida normal, eu costumava sonhar. Tinha sonhos todas as noites, e eu me lembrava de todos eles. Alguns, eu tinha o poder de voar; outros de respirar debaixo d'água; e outros de poder ficar invisível quando necessário. Quando eu não tenho para onde fugir ou me esconder, e estou sofrendo perigo, eu conseguia fazer isso. Bastasse eu fechar meus olhos com muita força, pensar firme e com fé, e cruzar meus dedos indicadores. Se eu mantesse eles cruzados, eu permanecia invisível.
  Já sabemos que tudo aqui acontece, então é óbvio que vou tentar. Fiz o processo, estou de dedos cruzados. Agora preciso aparecer na frente dessa pessoa, e ver se funcionou. Me levanto e passo por perto dela. Me permaneço parada ao seu lado, com medo. O capuz é de veludo marrom escuro, da cabeça até os pés. Ao ver seu rosto, percebi que estava usando uma máscara. É uma máscara muito feia! Parecia mais com uma bruxa. Feita de pano branco, com furos nos olhos, e havia um nariz muito grande para a frente, todo torto e curvado; com rugas e cicatrizes nele. Não tinha espaço para a boca. Esta, era uma máscara muito esquisita! Com certeza feita por si mesmo (suponho).
  A pessoa se permanecia olhando para a esquerda, o quarto onde meu corpo estava. Seu rosto virou rapidamente para o meu lado, como se estivesse me sentindo. Eu dei um pulo, e pensei mais forte ainda para que não estivesse me vendo. Parecia estar olhando em meus olhos, mas seguiu seus passos em frente. Subiu uma escada escura, no andar de cima já não havia mais luz qualquer. Eu o segui.

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