Capítulo Dez - Nunca mais.

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Aaron.

Eu, honestamente, não sei quem estava mais bêbado e, por incrível que pareça, eu nem estava na disputa, antes que alguém ameace me inscrever nos alcoólicos anônimos. De novo. Isso tudo foi sugestão de Maxwell Thompson.

E, falando em Max, ele estava junto com Lillian em cima de um pequeno palco, fazendo o dueto mais medonho já visto de Here I Go Again, do Whitesnake. Eu nunca tinha ouvido um som tão bizarro saindo da boca do advogado e, talvez, preferisse ouvir uma porta rangendo. Claro que Lillian, ainda que tivesse uma das vozes mais doces que já ouvi na vida, no estado de embriaguez que se encontrava, não estava ajudando muito a produzir qualquer som agradável. Mas, pelo menos, eles pareciam felizes, abraçados e tentando acompanhar a letra que passava no monitor do karaokê.

Georgia estava sentada comigo nas mesas, batendo palmas e fazendo gestos para animar os cantores o que, particularmente, eu julgava desnecessário, tendo em vista a quantidade de álcool que cada um deles havia ingerido já era suficiente para lhes dar toda a animação que eles precisavam.

Eles estavam na quarta música seguida e Lillian já tinha chorado uma vez, enquanto Max imitava os sons dos solos de guitarra com os lábios. Eu entendo que ela estava triste por toda a situação de mais cedo, com Asher, mas tenho certeza que ela chorou de desgosto pela pior guitarra humana de todos os tempos. Até eu senti os olhos lacrimejando. Ou talvez tenham sido as gotículas de saliva de Max que vieram parar na minha cara. Difícil dizer.

Contudo, Lillian parecia feliz e isso fazia valer a pena aguentar os dois bêbados. Ainda que toda vez que Max inventava de berrar no microfone como um gato no cio nossa amizade ficasse um pouco mais abalada.

— Ainda bem que ele é advogado. — Georgia disse, fazendo uma careta quando Max improvisou um agudo que não fazia parte da música original.

Sorri para ela, enquanto passava o dedo pela condensação que tinha ficado do lado de fora da caneca de chope, fazendo um desenho aleatório para matar o tempo.

— Se você fosse lá e o beijasse, ele pararia de cantar. — Sugeri, fazendo a garota erguer uma das sobrancelhas, parecendo pensar na sugestão. Infelizmente, ela não a acatou.

— Ou a gente pode filmar e chantagear ele depois. — Ela riu, dando um pequeno gole no Dry Martini que tinha pedido.

Se ela continuasse bebendo vermute e gim daquele jeito, logo teríamos três bêbados e acho que isso é mais do que eu consigo lidar. Não que eu pudesse julgar. Eu costumava ser um deles.

Havia sido um dia cheio para todos, foi o que descobri assim que cheguei à casa de Lillian, depois de dar oito aulas seguidas, e a encontrei deitada no sofá com um pote de sorvete pela metade e Max jogado no tapete com a gravata envolta da cabeça e abraçando um litro de whisky enquanto eles assistiam a um filme qualquer.

Maxwell havia ficado com Lillian o dia todo, o que foi estranho até eu descobrir sobre o pedido de casamento de Asher. Claro que Max, embora fosse o maior workaholic já visto pela humanidade, deu um tempo na guerra com Pietra para oferecer o ombro para Lillian chorar, porque era assim que Maxwell Thompson era. Um excelente amigo.

Quando Lillian me contou o motivo da cena lamentável, eu quis arrancar de Asher o mesmo dente que eu tinha pagado bem caro para ser implantado e talvez mais uns dois, entretanto, ela parecia aliviada, ainda que seus olhos denunciassem seu choro, e isso me fez perceber que talvez o pedido de casamento, ainda que um ato completamente desesperado de Asher, havia sido o ponto final necessário para a história dos dois. E foi então que Max deu a ideia de que precisávamos sair para nos divertir e viemos parar em um barzinho com karaokê chamado Baker's.

Sem Você (Concluído).Onde as histórias ganham vida. Descobre agora