Capítulo Nove - Imprevisível (Parte 01).

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Lillian.

Infelizmente, o fim do recesso de final de ano tinha chegado rápido demais. Havia pouco mais de duas semanas que Aaron tinha ido até o meu apartamento me falar sim quando o dia de voltar à realidade chegou.

Até então, parecia que havia sido tudo um sonho. Desde o modo como Aaron havia aparecido no meu apartamento, na noite de ano novo, para dizer que estava apaixonado; nosso primeiro encontro de verdade, algo que Aaron insistiu que deveria ser feito, ainda que a fase de flertar já tivesse passado, tendo em vista o que fizemos no último dia do ano; nossos momentos juntos, dia após dia. Até vê-lo preparando ovos no café da manhã, sem camisa, observando sem qualquer pudor as linhas marcadas de suas costas, seus ombros largos, sua musculatura evidente e sua pele morena.

Eu tiraria mais uma semana de folga, mas Aaron precisava voltar, pois tinha aula no primeiro horário da segunda-feira. Eu tinha que acordar do sonho, mas aproveitaria cada segundo que me restasse.

Apoiei o ombro esquerdo no batente da porta da cozinha do apartamento de Aaron, observando enquanto ele despejava ovos mexidos dentro de pratos já guarnecidos com bacon e queijo, de costas, cantarolando uma música qualquer. Ele pegou os pratos quando despejou o conteúdo da frigideira neles, se virando para mim.

Ele sorriu ao me ver e eu perdi o fôlego por um segundo. Ele era muito bonito.

— Bom dia, Lil. — Ele disse antes de colocar dois pratos na bancada e dar a volta na mesma, caminhando até mim.

Suas mãos quentes e com cheiro de ovos abarcaram os dois lados do meu rosto antes de seus lábios cobrirem os meus. Aaron sempre me beijava com ternura, fazendo com que eu sentisse algum tipo de eletricidade percorrendo minha coluna a cada beijo, como se fosse a primeira vez. Da mesma forma que havia experimentado no baile de natal, mas de um jeito melhor.

Eu me sentia tão idiota por me sentir assim. E ao mesmo tempo tão feliz por estar exatamente dessa forma! Nunca pensei que iria querer tanto estar com alguém até finalmente estar com Aaron Parnell, o bêbado louco que eu impedi de estragar um casamento. Meu professor de química que me salvou de uma queimadura por ácido, que dançou comigo quando eu estava triste. Como eu poderia não ter me apaixonado?

— Ótimo dia. — Respondi, sorrindo, quando Aaron afastou os lábios dos meus. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, pois a mesma havia soltado do coque desengonçado que eu fiz para ir até a cozinha.

Seus olhos passearam devagar por mim, me fazendo corar levemente.

— Eu já disse o quanto eu adoro acordar e ver você assim? — Perguntou, referindo-se ao fato de que eu estava usando apenas uma das camisas dele e uma calcinha de renda preta. Ele me beijou de novo, me abraçando pela cintura e diminuindo a distância entre nossos corpos.

Abracei seu pescoço e apoiei as costas no batente da porta, aprofundando o beijo e o contato entre nossos corpos. Ele se afastou levemente, dando uma risada, sabendo que não tínhamos tempo antes do horário da aula para concretizar o que um pouco mais de proximidade iniciaria.

— Umas dez vezes. — Respondi, fazendo Aaron rir.

— Você fica maravilhosa. Você é maravilhosa. — Ele disse enquanto entrelaçava os dedos nos meus e puxava com gentileza para as banquetas que ladeavam a bancada de mármore onde ele tinha colocado o café da manhã. — Mas, talvez, devesse se vestir antes que o Max chegue.

— O Max já chegou. — Maxwell disse, irrompendo pela porta da cozinha. Seu tradicional sorriso sacana estava plantado em seu rosto. — Lillian, amor, você é linda, mas eu adoraria chegar aqui de manhã, às vezes, e ver que você ainda sabe como vestir calças. Quero dizer, não porque você precisa ter vergonha de mim, já que aparentemente você gosta de ficar de calcinha na minha frente, mas Aaron pode ficar com ciúmes se eu olhar muito. Quero dizer, ciúmes de mim, é claro. Sabemos a verdade. — Ele piscou.

Sem Você (Concluído).Onde as histórias ganham vida. Descobre agora