"Não conte para ninguém"

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CAPÍTULO QUATRO

"Não conte para ninguém"

†††

Trinta e um dias atrás

Christian acordou às três horas da manhã. Sua cabeça doía um pouco, o álcool no seu organismo ainda fazia efeito, mas não tanto quanto antes. Abriu os olhos devagar e não viu "Luana". Na verdade, mal se lembrava da fisionomia dela. O apartamento estava vazio e ele de cueca, apenas.

De primeiro momento, estranhou o fato. Não fazia ideia do que rolou nas últimas horas, devido ao efeito da droga. Por isso, chegou a pensar de que tudo não passava de uma alucinação.

Sentou-se na cama e logo notou um bilhete em cima de seu criado mudo. Nele, estava escrito:

"Desculpe por ter que sair cedo demais. Precisei ir. A noite foi maravilhosa e você é incrível. Espero que a gente se encontre outro dia. Beijos! -Luana"

Nesse momento, Christian teve a certeza de que seu plano havia dado certo. Mesmo tendo apenas algumas imagens embaçadas como lembrança. Ficou feliz e animado.

Ele ia voltar a dormir, finalmente, mas se recordou que devia colocar seu celular para despertar no dia seguinte. Abriu o criado-mudo e não encontrou o que queria. Nem nas calças, nem no sofá, nem na sala, nem em lugar algum. Foi nesse momento que ele se lembrou de quando a moça lhe pediu o aparelho.

- Ficou com ela! - Exclamou, para si mesmo - Não! Não pode ser! Ninguém pode saber o que tem lá!

O rapaz começou a se desesperar. Tentou imaginar uma forma de conseguir recuperar o objeto. Pensou bastante e se lembrou vagamente de quando a moça apontou para a casa onde estava vivendo.

Não viu outra escolha a não ser ir para lá novamente. Vestiu de novo a sua calça, a camisa, o tênis e saiu pela porta. Trancando-a.

Caminhou rápido até o lugar onde queria chegar. Na sua cabeça, vários pensamentos vinham. Desesperava-se só de pensar em ela olhando as mensagens que ele possui, principalmente as informações sobre seu pai. Foi descuidado em não pôr nenhum bloqueio de tela.

Agora só lhe importava obter novamente seu celular.

A rua estava deserta, apenas as luzes dos postes iluminavam certos pontos do local.

Chegou, finalmente, à casa de "Luana". Só teve certeza de que era ali porque era uma casa de esquina, de cor chamativa, facilmente identificável. Ficou parado observando o grande portão de ferro que estava fechado. O muro era médio e não parecia ter cães. Confuso, bateu, com a esperança de que ela viesse atendê-lo.

Fez isso por cinco minutos e suspirou. Ninguém o atendia.

- Deve estar dormindo! - Pensou alto.

Coçou a cabeça, pensando em outra forma de entrar lá. Não haviam campainhas e nem tentaria bater palmas para chamar alguém. A mulher ia embora ainda naquele dia e ele precisava do celular de volta.

- Ei! - De repente, uma voz estranha lhe chamou atrás.

Com medo de um possível assalto, ele se virou lentamente, esperando pelo pior. Feito isso, observou um rapaz branco e alto, com um casaco grosso que cobria sua cabeça. Era escuro demais para observar detalhes do seu rosto. Para a felicidade de Christian, ele não estava armado. Apenas parecia bizarro.

Sangue nas Areias do FogueteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora