O Retorno

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Jorge adentrou o seu apartamento com rapidez e agilidade, ao sentir a torção da fechadura na fresta de madeira ruída, empurrou a porta depois que içá-la pela maçaneta. Havia umas semanas que estivera com esse defeito, pois as dobradiças estavam um pouco frouxas e prometera a si mesmo que consertaria esses detalhes. Ao empurrar a porta enfiou primeiro as bolsas que carregava e fechando a porta com o pé correu bruscamente para o sofá, no qual se deitou. Estava exausto.

O dia havia sido de muito movimento, chegara do centro e veio num ônibus apertado, era começo de noite de sexta feira e sabia que não deveria ter saído e se distraído para chegar somente àquela hora. Encarava seus pés que pendiam para fora do sofá pelo espaço que dava entre seu braço e o estofado, moveu os pés e retirou os sapatos que ganhara de sua avó, já estavam ficando apertados. Não demorou muito para que entrasse em um cochilo já que esse fim de tarde lhe prometera um descanso quase sério, pois entrava vento pelas janelas e o sol já não estava presente.

Acordou com um barulho que lhe pareceu estranho em um primeiro momento, e demorou uns segundos para reconhecer que se tratava de alguém descendo as escadas do prédio, não se importou muito e tentou voltar a dormir, esse vaivém de sons o acordava e ele apenas se aborrecia enquanto se apertava mais no travesseiro. Eram quase dez horas da noite quando fez menção a se levantar e apoiou-se nos braços forçando um movimento em sequência que sabia que provavelmente não viria. Seu bolso vibrou e jogou-se novamente pra ter mais apoio na hora que puxar o celular.

Sua visão estava um pouco turva, e a sala estava escura. Concentrou-se nos números da chamada, mas não conseguiu decifrar aquele código a tempo e a ligação foi perdida. Rastejou pela beira do sofá caindo parcialmente no chão e com aparência de zumbi se reclinou em direção a cozinha para comer alguma coisa. Abriu a geladeira e ainda com os olhos ardendo da luminosidade, enfiou a mão e buscou rapidamente um tomate na gaveta dos vegetais, estava verde. Mordeu.

Pensou em quanto tempo fazia que não comia tomate verde e no quanto isso o lembrou de uma infância passada no interior, da qual ele só lembrava das aventuras que levava, mas poucas eram memórias da casa em si, já depois de crescido só a visitara uma vez. Enquanto terminava de mastigar e escorria-lhe o sumo pelo queixo, Jorge se dirigiu ao banheiro desabotoando a calça e puxando o flash. A calça caiu sem problemas, trocou a tomate de mão e com sua mão esquerda foi puxando a cueca para mostrar, sob a luz da lua, sua pele branca oculta debaixo dos pelos, que eram maiores que algumas semanas. Não aparava há algum tempo e não sentia que deveria, pois sempre apareciam atividades a se fazer antes.

Olhou-se no espelho, parecia mais cansado que quando saíra de casa. Puxou a camisa e prendeu um pouco a cabeça, demorou a continuar o movimento por ter sentido um pouco de tontura, sabia que nesse momento o melhor que poderia fazer era tomar banho gelado, só assim se sentiria vivo. Girou a torneira do chuveiro e deixou-se ser molhado lentamente, a água não estava forte, mas estava bem gelada e esse ponto ele aprendera a gostar. Escorreu por dentre seus cabelos negros que se perdiam os cachos, e molhou a pele avermelhada do pescoço, atravessando as costas nuas, nelas nasciam alguns pequenos pelos onde antes não estiveram, mas não eram aparentes.

As gotas se mesclavam e escorriam atravessando seus caminhos e cobrindo as antigas espinhas que deixaram marcas, inundando os pequenos sinais pretos que possuía logo antes de sua cintura. Arrepiava-se àquele toque leve, quase que de lábios o tocando devagar e deslizando a unha pela cintura. Alguma gota especial escorrera mais, e era atrevida, esta adentrou-se em seus pelos e desceu quase até tocar seu ânus. Não tocou, dispersou-se, outras acompanharam, mas caíram em cascata e encontravam-se novamente nos pelos enrolados de suas pernas até tocar seus pés cansados e achatados, secos pelo descuido que levavam nesses tempos, até que as gotas tocavam o chão frio do azulejo velho e escorriam até o ralo redondo, que abrigava alguns fios caídos, tendo a certeza de carregarem um pouco daquele corpo perfeito.

Paralelamente algumas escorriam-lhe pela testa, passando cautelosamente ao lado dos olhos, algumas teimosas prendiam-se aos cílios, mas tocavam seus lábios quase obrigatoriamente, deixava-os rígidos e vermelhos, algumas gotas se acumulavam no espaço entre a gengiva e o lábio, mas eram tantas competindo que tinham de escorrer pelo queixo e cair em seu peito peludo, deslizar por entre a selva e esfriar um pouco daquele calor que emanava. Cobriam-lhe as marcas que obtinha, desciam as depressões das estrias que apareciam leves nas axilas, no quadril e algumas que nasciam novamente nas coxas, Jorge aprendera a gostar de sua presença ali, como um pedaço de si que tinha sido moldado aos poucos.

Ao passar pelo umbigo Jorge respondia se arrepiando e sentiu-se tonto, apoiou-se com uma das mãos na parede úmida. A água tocava sua pele íntima, depois de ter enfrentado todo o caminho turbulento. E sentia seus pubianos como uma segunda barba, tocava-os agitando as gotas e fazendo-as cair, enquanto que seu batimento cardíaco se acelerava aos poucos, sua glande estava vermelha, seu pênis enchia-se de sangue e arrepiava-se, excitando-se com o toque molhado, quase que como um beijo, em seu escroto enrugado.

Jorge pegou seu sabonete e o tocou pelo seu corpo, espelhando a sensação granulosa na sua pele agora fria, enchia seus pelos de espuma e sentia seu toque leve o percorrendo, era como se fosse outra pessoa que o tocava. Alisava-se no lugar de se esfregar, não sentia que havia suor a ser tirado, ou sujeiras mais grosseiras, seu toque tirava de si o estresse. Aumentou a vazão da água, que o forçara a fechar os olhos, e sentia os movimentos pesados de seu peito, e o som da respiração que era ofegante, já não sentia o efeito da água em esfriar. Sentia-se pesado, encostou a testa no azulejo azul, a água escorria diretamente de suas costas passando pela bunda, tocou-a.

Não sentia como a si, e tocou-se lentamente como quando se vai fazer algo delicado, sentia cada volta que a pele fazia e os movimento involuntários que estava sendo submetido, sentia-se quente como se fosse desmaiar. Todos os pelos de seu corpo estavam na sensação de eriçados, mas abaixados devido a água. Abaixou-se lentamente, como se não conseguisse mais manter-se de pé. Continuava sentindo sua saída com calma e aos poucos esticava a pele ao penetrar-se, era pouco comparado ao que estava acostumado, há tempos não era bem massageado na próstata, e seu dedo ensaboado a tocava intensamente como se acabasse de conhecer. A água arrastava a espuma de seu corpo, a vazão aumentava deslizava mais rápido através dos pelos, e a temperatura enrijecera seus mamilos. Levantou a mão para diminuir a pressão, e aquele último jato de água fria arrancara momentos de toque em seu corpo prazeroso, e ao deslizar pelos rejuntes encontraram um pouco de seu líquido branco, que se misturava com a espuma.

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⏰ Last updated: Dec 23, 2017 ⏰

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O garoto do 304 Where stories live. Discover now