Uma ligação de minha irmã (Parte I)

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Mal começaram as férias e Jorge estava tendo tempo para fazer tudo que quisesse, ou seja, ler uns livros, assistir séries, sair apenas para comprar comida e passar a vida num marasmo só. Passava o dia todo com as cortinas fechadas e nu; deitado no sofá com o computador do lado baixando os episódios que via na tevê.

Havia instalado há pouco tempo o Tinder, e pouco usava, nem tinha tirado um tempo de visitar o aplicativo e o celular passava a maior parte do tempo debaixo das almofadas levando a bateria ao fim com o tempo que passava.

Estava no vibratório e tocou. Tocou algumas vezes, mas não sentiu que vibrava por que estava no banho. Quando sentou depois de iniciar o quarto episódio de How to get away with murder foi que sentiu a vibração e olhou de relance o contato: "Aninha".

-Oi, coisa. - dizia.

-Oi também, irmão querido. Onde que tu tava? Liguei milhões de vezes.

-Tava no banho, oxe, até isso quer controlar. Que foi?

-Olha, eu vou precisar de um favor seu.

-Que é?

-Vê, meu namorado quer fazer um teste pra um emprego aí em Recife, sendo que ele não tem parentes aí e nem sabe onde ficam as coisas...

-E?

-É nesse final de semana.

-E qual o favor?

-Ele pode ficar aí no teu apê?

Jorge não sabia o que poderia responder. Ficou mudo no telefone por bastante tempo, observou ao seu redor a bagunça e escuridão que o apartamento estava. Havia latas e papéis de salgadinhos espalhados pelo chão, a pia da cozinha estava cheia de pratos sujos e novamente teria de repor a geladeira e os armários.

-Jorge?

-Oi-oi.

-Ele pode ficar aí?

-É, a casa não tá muito arrumada. Vocês viriam quando?

-Eu não vou, é só ele, precisa chegar aí na quinta.

-Mas é AMANHÃ.

-Surpresa! Ele pode ir?

-Mas só tem um quarto.

-Ele dorme no sofá, sem problema, só pra ter um lugar onde ficar.

-Tá certo. Vou precisar bancar a babá?

-Só ensinar os ônibus e pronto.

-Certo. Sabe o endereço?

-Sei, amanhã ele deve estar chegando de manhã, umas 7 horas.

-7 horas? Isso é muito cedo.

-Esteja esperando.

-Affs, tá.

-Te amo Joggy.

-Para com isso. Tchau.

Com o celular caído entre as suas pernas e encostando-se em seu pênis ele só conseguiu mexer no rosto e praguejar.

-DROGA!

Levantou-se e o pênis fazia um movimento pendular, amolecido. Deu pause na série e se prontificou a acender as luzes. Tratou de começar a limpeza no apartamento, o que estaria vindo a calhar. Por fim, quando terminou à beira das nove horas da noite havia enchido três sacos de lixo com as embalagens e com a sujeira que se acumulara pela casa.

Trocou os lençóis sujos de sêmen da cama, arrumou o guarda-roupa que estava todo jogado e abriu um pouco a janela para sair o cheiro de mofo que estava se acumulando. O vizinho ligou o rádio um pouco alto justamente quando ele se deitou e fechou os olhos, buscando algum descanso.

-Só me faltava essa, de verdade. Só pode ser brincadeira. Quer saber? Preciso de um banho quente.

Entrou no box da mesma forma que havia passado os últimos dias. Sentia a água tomando conta do seu corpo por completo e se deliciava em esfregar o sabonete líquido enquanto se tocava. Ao passar a mão na bunda sentia uma suavidade magnânima dos pelos molhados e macios que contornavam o contorno definido e suculento de seu glúteo.

A curvatura era perfeita e se ficasse de pé poderia se ver uma dobra tão acentuada formando um coração pelas pernas um pouco afastadas, embora estivesse coberto de pelos. Acariciava ao redor do ânus em uma sensação ímpar de prazer que só ele mesmo sabia se proporcionar. Fazia o movimento também que seus olhos lacrimejavam ao toque, puxões e deslizes que se fazia.

Já seco andou até as janelas e debruçou-se por sobre elas observando à beira da madruga o movimento que se passava na rua lá embaixo. Via um ou outro carro passar em surdina e no jardim via o vigia noturno caminhando por entre as roseiras e árvores. Lembrou-se de avisar que seu cunhado chegaria.

Interfonou para a guarita.

-Alô, seu Jorge.

-Opa, Aderbal. Você vai ficar no serviço até que horas amanhã?

-Umas 07h30min, por quê?

-Meu cunhado tá vindo do interior passar uns dias aqui, e vai chegar bem cedo, só avisando pra o mandar subir e dar a chave reserva por que posso sair pra correr.

-Tá certo. Pode deixar.

Quando desligou já que estava na geladeira observou procurando por alguma coisa para beliscar, nada. Abriu a gaveta das frutas e verduras e o que tinha era pouca coisa: alguns tomates verdes, um pepino e três laranjas. Pegou uma delas e uma faca no escorredor das que lavara mais cedo e sentou-se na sala para descascá-la.

Depois que terminou de comer, se deitou na cama - ainda nu- e ficou observando o teto enquanto vinha a brisa noturna lhe invadindo os pulmões. Quando pensou em se vestir, já dormia e assim mesmo com as pernas para fora, o corpo nu e ligeiramente aberto.

Na manhã seguinte, seu Aderbal conversou com o bom moço, Éder, e disse que o Jorge não havia saído, mas deveria estar dormindo e que só fizesse subir, deu-lhe as chaves e avisou sobre o elevador.

Quando Éder entrou no apartamento nem se ligou em ir ao quarto. Abriu as janelas e se sentou no sofá pra procurar o telefone na mochila. Catou e discou o número de Ana.

-Oi, amor. Já cheguei e tô no apartamento do seu irmão.

-Ok, a viagem foi boa? Passa pra ele que quero falar.

-Foi sim, pera. Ele deve estar dormindo, melhor o deixar acordar.

-Não, que nada. Pode ir lá, acordar.

Quando Éder puxou a porta do quarto se deparou com o cunhado que nunca havia visto, e logo sua primeira visão foi um jovem esguio e belo, deitado de costas, com o falo duro.

Ele largou o telefone no chão. Depois do barulho, Ana falava.

-Alô, alô, Éder.

Depois de alguns segundos ele pôs de volta no ouvido.

-Daqui a pouco eu ligo.

E ele só conseguia encarar aqueles pênis ereto no meio de um matagal de pelos.

O garoto do 304 Onde histórias criam vida. Descubra agora