É de manhã e meu despertador já tocou cinco vezes. Finalmente, me levanto e vou me arrumar. Me arrumo impecavelmente, pois garotas como eu não podem ser vistas com nenhum defeito.
O uniforme do Dom de Ouro não era feio, mas também não era digno de nenhuma novela adolescente mexicana. Prefiro minhas roupas, mas sou obrigada a usar blusa social branca, saia xadrez amarela e meias brancas até os joelhos. Pelo menos, os sapatos e a bolsa eu mesma posso escolher.
Desço as escadas da mansão e encontro minha "querida" madrasta e meu pai, tomando café.
— Bom dia, flor do dia — ela diz com um sorriso falso na cara. Sei que só está dando "bom dia" para mim porque papai está perto.
— Bom dia, Satã. Ops... Sara... — digo, com um sorriso ainda mais forçado. Ela me fuzila com o olhar e eu arqueio as sobrancelhas.
— Matilda! — papai me repreende.
— Desculpe, papai. São nomes parecidos — dou de ombros, enquanto sento na mesa.
— Tudo bem, querido. É coisa de adolescente mimada — ela passa as mãos nas costas dele, olhando para mim.
Tenho que respirar e inspirar três vezes para não ir pescoço dessa vaca.
— Sara, é impressão minha ou a raiz do seu cabelo está bem escura? — digo, a provocando com uma voz doce e irônica.
Minha madrasta teve a péssima de ideia de pintar o cabelo do mesmo tom de loiro meu e da minha mãe. Os cabelos claros não combinam com a cor da sua pele e não combinam com a cor das suas sobrancelhas.
— É que eu esqueci de retocar, mas hoje mesmo, vou no salão — ela diz passando a mão no cabelo com uma raiz nem tão escura assim.
— Olha, aproveita e faz uma hidratação nesse seu ninho de passarinhos.
Pego um croissant e me levanto da mesa. Dou as costas antes de ver a reação furiosa dela, cuja posso sentir a quilômetros de distância.
Mamãe se foi há 6 anos, mas sempre sinto sua falta.
Principalmente, quando estou perto de Sara, que quer sempre se parecer com quem ela era. Sara não chega nem aos seus pés.
E nunca vou perdoar papai por tentar substituí-la.
Chego na escola e relaxo. Aqui é onde as coisas estão estáveis e no controle.
— Bom dia, minha linda! — Benjamin diz e beija minha bochecha.
— Bom dia, meu amor — sorrio para ele.
Ben olha por cima de mim e acena, sorrindo para alguém. Olho para trás e vejo a pequena Anna Julia acenando de volta.
Um ódio percorre minhas veias e agarro Ben pela camisa. Puxo seus lábios contra os meus e dou um beijo tão feroz, que o sinto se arrepiar.
— Uou! Logo de manhã tão cedo? — ele diz, sorrindo para mim. Um sorriso branco, digno de um príncipe da Disney.
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O MANUAL DE COMO SER UMA BOA VILÃ
Teen FictionE se a história fosse contada pela vilã? Que teve o namorado lindo arrancado de seus braços pela bela mocinha? E se o seu final não fosse apenas ser a mimada e vingativa da história? E se ela fosse muito mais que uma simples loira bonita e popular...