Julgamento

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Ela estava na praça, pensando sobre o amor.

Ah, o amor. Quem dera a ela ter o prazer de senti-lo de novo, de novo e de novo... Parecia cheia por fora, mas era oca por dentro. Não que era oca de órgãos, mas era oca de alma.

Ela adorava brincar de afogar suas dores, mas hoje ela é insensível demais. Não sabe dizer o que é amar. Sua vida perdeu o sentido quando percebeu que o seu grito no calor do silêncio não era ouvido e nunca será.

Sentia falta do apego. Ah, esse é demais. Mas o apego recíproco? Esse é melhor ainda.

Queria poder chorar um pouco. Andava cheia do vazio, andava perturbada. Queria ter uma daquelas teclas em que pudesse clicar e pah! Tudo resolvido. Mas cadê? Ela não conseguiu encontrar.

Seus dias escorrem pelas mãos. Ela não sabe o que fazer. Os dias passam tão devagar e ela quer tanto viver...

Ela não sabe como começar. Estava pensando em mudar de vida, mas mudança, para ela, é algo profundo demais. Acha que se adiar novamente possa ser um bom começo. Adiar planos, ideias, futuro... Só deixar o maldito tempo passar.

Vida complicada. Não sabia explicar como ainda não a havia findado. Não sei o que a segura, eu me pergunto, já que a rotina deixava-a tão escassa... Nem se entende mais. Tudo passando diante dos seus olhos e eu sem saber o que posso fazer. Eu não sei, eu não consigo questionar. Apenas julgo com o meu olhar.

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