Capítulo 3 - Crash! Boom! Bang!

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StaticvoidMain(){

                var Capítulo= 3;

var Título = "Crash! Boom! Bang!";

                var POV= "Isabella";

};

"Nos atropelos da vida, entre idas e vindas, portas se abrem, janelas se fecham... Circunstâncias dificultam o percurso, mas a esperança alimenta minha alma sedenta em direção à sua. "

- Cecília Lemos

Dizem por aí que quando se fica cara a cara com a morte é comum que uma retrospectiva de toda a vida se passe na mente em fração de segundos. Bom, se isso for realmente verdade, existem três possibilidades que podem determinar o motivo de não ter acontecido comigo. Primeira: aquela não era a hora da minha morte; segunda: a minha vida era tão chata e tão monótona que não havia nada de interessante para lembrar; terceira e mais provável: eu era tão obcecada com os meus compromissos que a minha maior preocupação naquele instante – mesmo estando em pânico com a ideia de morrer – era a imagem que eu iria passar caso chegasse atrasada ou não comparecesse à empresa no meu primeiro dia.

"É, eu sei o que estão pensando. E entendo... já estou acostumada com os julgamentos. Fernanda concordaria com vocês em gênero, número e grau e ainda seria capaz de completar o meu raciocínio, dizendo: 'Quarta: todas as opções anteriores'."

O impacto do carro contra o meu corpo foi mínimo e praticamente indolor. E embora eu tenha sido lançada contra o chão, as sequelas foram somente algumas raladuras nas palmas das minhas mãos, que eu precisei usar como apoio para me salvar de dar de cara com o asfalto. Felizmente, o motorista irresponsável havia conseguido frear a tempo de evitar um desastre... um maior, porque o estrago que aquele quase atropelamento causou no meu psicológico poderia facilmente ter me levado a óbito, caso a possibilidade de morrer de um colapso nervoso existisse.

Àquela altura, o caos já havia sido instaurado. Algumas pessoas que passavam pela calçada correram até mim e rapidamente fizeram um círculo em minha volta, fazendo com que respirar se tornasse uma tarefa bastante difícil. O carro parado na via impedia a fluência do trânsito e, pelo barulho ensurdecedor das buzinas – que, por sinal, estavam fazendo os meus nervos ficarem cada vez mais agitados – mesmo do chão, sem ter uma visão clara do que acontecia, era possível inferir que um engarrafamento já se formava atrás dele. Vi quando um senhor de meia idade correu até a porta do motorista e começou a xingá-lo. Percebi a porta se abrindo e alguém descendo, mas não consegui enxergar quem, pois, no mesmo instante, dois rapazes abaixaram e começaram a falar comigo, tentando saber se estava tudo bem e perguntando se era preciso chamar uma ambulância. Contrariando o forte incômodo que senti quando os dois tentaram agarrar os meus braços para me ajudar a levantar, agradeci gentilmente a preocupação e neguei a ajuda que me ofereciam. Eu não suportava a ideia de ser tocada. As únicas pessoas com quem eu compartilhava contatos físicos sem me sentir incomodada eram meus pais, Lucas e Fernanda. Eu também não estava precisando de um hospital e mesmo que estivesse, àquela altura, já vergonhosamente atrasada, não estava disposta a procurar atendimento médico. Tudo o que eu queria era levantar dali e correr em direção ao meu compromisso, embora no fundo houvesse em mim um desejo latente de tirar satisfações com aquele irresponsável, inconsequente, filho da...

"É uma mulher..."

Não sei motivo, mas tomar ciência de que "o" motorista era, na verdade, "a" motorista, causou-me certa estranheza. E o estranhamento não parou por aí, as pessoas abriram caminho para dar passagem a ela, que caminhava nervosamente em minha direção. Enquanto isso, eu, após negar a ajuda dos dois rapazes, tentava levantar do chão com certa dificuldade. Impressionante foi constatar que todo o nervosismo e a angústia que eu estava sentindo se esvaíram por um ínfimo instante, dando lugar a um sentimento que eu jamais poderia definir ou nomear, quando meus olhos encontraram os dela.

if(true){love}; //O Código da Atração - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora