Capítulo 2 - Alice

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Static void Main(){

       var Capítulo = 2;

       var Título = "Alice";

       var POV= Alice;

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Alice


Existem milhares de variáveis que definem a maneira como as pessoas interpretam os ensinamentos que recebem ao longo da vida. Dentre elas, a que eu considero principal é a índole. A fórmula é simples: se o ponteiro da índole do sujeito aponta para o lado ruim, ele tende a pegar tudo o que aprendeu e usar como subsídio para justificar um comportamento egoísta, maldoso, preconceituoso... Se aponta para o lado bom, a tendência é que ele se torne amigável, empático, bondoso, compreensivo... O grau de "bondade" ou de "maldade" vai depender do ângulo em que o ponteiro se encontra.

Agora, eis a questão: não sei para que lado o ponteiro da minha índole está apontado, pois, há quem diga que sou uma pessoa de bom coração. Amiga fiel, profissional dedicada, filha amorosa... mas também há quem me julgue a mais egoísta e cafajeste das criaturas. Qual das duas versões de mim é a verdadeira? Depende do ponto de vista. Mirela, a moça que passou a última noite comigo...

"Não, não... espera... é Milena."

Pois sim, Milena, com certeza, concorda com a segunda opção.

— Alice, você é o pior tipo de cafajeste que existe, sabia?

— Gata, por que você tá complicando as coisas? A noite foi ótima, mas eu não tô na vibe de namorar agora, entende?

"Nem agora, nem nunca..."

Pensei, mas não falei. Ela estava tão enfurecida por eu ter me negado a dar meu número que achei que fosse me bater.

— Pois deveria ter deixado isso claro ontem, quando veio com aquela conversinha mole pra me convencer a ir pra cama com você.

"Que garota maluca!"

— Escuta aqui, não lembro de ter posto uma aliança no teu dedo. E acho que deixei bem clara a minha intenção quando te trouxe pra um motel. Achei que você quisesse o mesmo que eu.

— Sexo casual?

— Exatamente.

— E que tipo de vadia você acha que eu sou? Acha que eu saio por aí transando com qualquer uma?

"Na verdade, é exatamente isso que eu acho. Ah... Pra cima de mim, garota?"

Minha vontade era de xingar, jogar na cara que ela foi quem se jogou para mim a noite inteira e que eu só passei a noite com ela na falta de alguém mais interessante. Mas se eu fizesse isso estaria sendo realmente uma cafajeste declarada.

— Mirela...

Comecei a falar, mas fui interrompida imediatamente com o grito:

— É Milena.

Fiz uma careta e tapei os ouvidos. Ela quase me deixou surda com o grito.

— Ok, desculpa! Milena, não se menospreze assim. Fazer sexo casual não faz de você uma vadia.

— Mas é claro que você pensa assim. Afinal, se pensasse o contrário estaria chamando a si mesma de vadia, né?

— Agora você tá me ofendendo.

if(true){love}; //O Código da Atração - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora