81. Enojada

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Dessa vez o mundo parecia ter parado totalmente, assim como minha respiração e meus batimentos cardíacos! Então minha mãe havia sido levada para manter relações sexuais com esse ser que me foi apresentado como parceiro para reprodução!? Até que ponto eu mesma não era filha de Czanor!?

Eu estava enojada... Várias imagens, possibilidades e variantes passavam pela minha cabeça como um grande turbilhão frenético e sem fim que não me permitia processar reações ou palavras! Tudo parecia um grande e intenso pesadelo. Eu não posso, em hipótese alguma, estar num mesmo ambiente que esse monstro! Todos eles são monstros!

Lentamente e de forma totalmente automática, me afastei de Czanor como se meu corpo por si só esboçasse reações enquanto minha mente ainda tentava retornar ao seu funcionamento normal. Dei passos cuidadosos para trás, como se qualquer movimento brusco pudesse desencadear algo monstruoso. Monstruoso da minha parte.

— Por que se afasta?

Que sonso! Como ainda me pergunta algo assim? Não é possível que ele não tenha noção do que acabou de me falar. Então ele era o ser que visitava minha mãe durante o seu sono para abusar dela e que a estava mantendo cativa, seja lá onde quer que ela estivesse agora.

Nesse momento era minha cabeça que pendia para o lado, como se não tivesse forças para se manter equilibrada sobre meu pescoço. Sem tirar meus olhos de Czanor, eu tentava recuperar meu equilíbrio como um todo.

— Você é um monstro! Um demônio! Não chegue perto de mim!

Ele me olhava como se dessa vez fosse ele quem estivesse travado em algum ponto de conflito interno.

— Demônio é uma das interpretações que os humanos deram à nós. Por que me chama assim?

Seu olhar era de curiosidade e ameaça. Ele não gostava de ser surpreendido e o fato de não poder ler meus sentimentos e pensamentos o incomodavam consideravelmente. Eu podia sentir isso. E por ser uma com ele, eu simplesmente sabia.

— Você não tem noção? Você abusou da minha mãe a vida dela inteira! E agora você me diz isso assim! Você é meu... meu...

As palavras não saiam da minha boca, como se meus lábios se recusassem a concluir a frase que certamente me traria a confirmação da aberração que isso tudo era.

— ... pai?! Você é meu pai!?

As palavras saiam em gritos da minha boca. Eu não conseguiria mais continuar. Eu não queria ouvir... Eu não quero e não devo estar aqui!

No segundo seguinte eu acordava em meu quarto, em pé diante da minha cama, com o coração totalmente disparado e o rosto completamente molhado de lágrimas quentes que pareciam arder na minha pele. Todo o meu corpo, coberto de suor, ardia.

Eu olhava ao meu redor como se não reconhecesse aquele lugar. Eu olhava para mim e eu não queria existir mais. Os seres que me fizeram não veem limites e nem tem o menor respeito pelos humanos ou por qualquer outro ser.

Eu, assim como tantos outros, éramos seres híbridos feitos com o propósito de servi-los de uma forma ou de outra, sem pudores ou reservas. Nós éramos todos meros objetos dos Répteis.

Meu corpo todo doía grandemente e eu não conseguia me mover, como se cada músculo estivesse tão contraído a ponto de ser capaz apenas de tremer sem parar. Eu não serei parte disso! Eu não serei um objeto deles!

Sem forças para me manter de pé, minhas pernas cederam ao peso do meu corpo e à tensão que tomava conta de cada uma de minhas células, fazendo-me cair de joelhos e sentada sobre minhas pernas. Eu não parava de tremer.

NOVA DRASSKUN (Livro #1)Where stories live. Discover now