História Z - Parte I

CAP.7

Me encostei ainda mais no sofá e olhava minha tia dando alguns pontos em minha perna, visto que o corte havia aumentado com o tempo.

- Melhorou assim?

- Sim! Obrigado tia. - Disse ao me levantar do sofá.

- Pensa que vai aonde Luan? - Minha tia perguntava ao me encarar.

- Estava indo ajudar a terminar de guardar nossas coisas.

- Nada de esforço rapazinho, trate de descansar essa perna!

- Não irei contrária, tia, ainda mais vindo de uma enfermeira. - Respondi com um breve sorriso.

- Adorei essa guria, sua namorada? - Meu tio perguntou ao adentrar a sala.

- Que nada tio! Na verdade, nos conhecemos a poucas horas e por acaso paramos aqui junto. - Disse ao rir.

- Verdade, o pai deles salvou minha vida... Nessa altura provavelmente estaria transformada em uma naquelas criaturas horríveis! Que vergonha, já ia me esquecendo, prazer Aryani. - Falou ao cumprimentar meus tios e meu primo.

- Prazer Aryani, me chamo Carlos e essa é minha esposa Iris e aquele é nosso filho Junior. Desculpa a brincadeira de antes, e acho melhor 'ocês' subirem e tomarem uma ducha, pois o cheiro está insuportável! - Falou ao fechar o nariz com a mão.

- Que delicadeza, hein homem? - Minha tia falou ao encarar meu tio.

- Mas estou mentindo? Tão fedendo mais que os porcos do vizinho.

- Pior que estamos mesmo tio, mas podemos ficar em qual quarto? - Minha irmã perguntou ao pegar nossas mochilas.

- Podem ficar no quarto de hóspedes e o Luan pode dividir o quarto com o Júnior. Vou preparar algo para vocês comerem. - Tia Iris falou pouco antes de sair da sala, indo em direção a cozinha.

Peguei minha mochila das mãos de minha irmã e subi para o andar superior, indo em direção ao quarto de meu primo, bem em frente às escadas. O quarto era bem simples, com uma cama de casal com um criado mudo, um guarda-roupa não muito grande e um tapete cinza espalhado pelo centro do quarto. Coloquei minha mochila sobre a cama, onde peguei uma muda de roupa e meu chinelo.

- Posso conversar um instante com você? - Minha irmã perguntou ao se sentar na cama.

- Claro!

- Como você teve coragem de fazer aquilo com nossa mãe! Ainda estou sem acreditar que você atirou nela bem na minha frente Luan. - Falou ao sustentar às lágrimas em seus olhos.

- Pensa que aquela foi uma decisão fácil? Eu não poderia perder mais ninguém naquela altura, já bastava ter perdido nossos pais assim tão de repente, você acha mesmo que eu deixaria minha irmã ser infectada também! - Respondi ao me levantar e olhar em sua direção.

- Confesso que eu não sei o que dizer, estou em um misto de sentimentos! Ao mesmo tempo que quero te bater, eu quero chorar sem parar.

- Iremos passar por isso juntos, mesmo que demore um tempo para você me perdoar, mas continuaremos sendo irmãos. - Falei ao abraçá-la.

- Só não chegue perto de mim por enquanto, pode ser? Preciso processar tudo isso. - Disse ao sair do quarto.

Minutos mais tarde...

14:38.

- Está melhor primo? - Júnior perguntou assim que desci às escadas.

- A ducha ajudou a aliviar um pouco a dor.

- Que ótimo! Aliás vamos lá comer, minha mãe preparou seu prato favorito. - Falou ao sair da sala.

- Tá brincando, que ela preparou strogonoff de frango? - Perguntei ao sentir o cheiro delicioso invadindo a casa.

- Veja com seus próprios olhos.

- Te adoro, tia! - Disse ao dar vários beijos em suas bochechas.

- Preparei especialmente para você e sua irmã, sei que vocês amam strogonoff de frango! - Falou ao terminar de mexer as panelas.

- Hoje eu me acabo nessas panelas. - Minha irmã disse ao entrar na cozinha.

- Pois peguem os pratos e se sirvam! - Minha tia falava ao nos entregar os pratos.

Coloquei meu almoço e ficamos conversando à mesa, meus tios a todo momento tentavam disfarçar seus semblantes abatidos e minha irmã continuava sem olhar em meus rosto. Alguns minutos se passaram até ouvirmos o barulho de um grande avião passando por cima de nós e logo uma grande explosão!

- De onde veio isso? - Meu tio perguntou ao se levantar e ir em direção a janela.

Sem perder tempo me levantei e fui em sua direção, na tentativa de entender o que acabara de ocorrer. No horizonte era possível ver uma grande coluna de fumaça subindo por de trás das árvores.

- Pelo barulho, acho que foi um avião! - Aryani falou logo atrás de nós.

- Tenho quase certeza. - Meu primo respondeu ao se juntar a nós na janela.

- Acho melhor irmos ver o que é, podem ter pessoas feridas lá! - Minha tia disse ao se levantar.

- Não seria uma boa ideia tia, visto os últimos acontecimentos. - Minha irmã falou ao virar em sua direção.

- Também acho, não sabemos a situação que eles estão e esse barulho pode ter alertado mais infectados. - Aryani disse ao concordar com minha irmã.

- Então fiquem aqui! Eu não posso simplesmente ver uma tragédia acontecendo na minha frente e ficar apenas observando. - Tia Iris respondeu ao sair da cozinha.

- Pra onde você vai mulher? - Meu tio perguntou ao ver minha tia abrindo a porta.

- Fazer meu trabalho, que é salvar vidas!

- QUE MERDA! VOLTA AQUI MÃE... - Júnior gritou indo atrás de minha tia.

- Meninas fiquem aqui e tranquem as portas, não posso deixar esses doidos saírem sozinhos. - Disse ao correr na direção da porta.

- Mas e sua perna? - Aryani perguntou logo atrás de mim.

- Ela vai ter que aguentar mais um pouco! - Respondi um pouco antes de pegar Marley e colocá-lo dentro da viatura.

- Aonde você pensa que vai Luan? - Minha tia perguntou ao me encarar.

- Com vocês, pois sou um dos poucos que sabem atirar aqui e não sabemos como estará lá... E além disso os pontos estão bem feitos. - Respondi ao entrar na viatura.

- Tá certo, só não force muito ela e leva seu primo com você! - Falou antes de fechar a porta de sua camionete branca.

- Coloca o Marley no banco de trás e vamos logo.

- Pode deixar! - Júnior respondeu ao abrir a porta do carro.

Minha tia foi a primeira a sair acompanhada de meu tio, segui logo atrás rumo às árvores, que já estavam em chamas! Demoramos cerca de quinze minutos até chegarmos próximo ao incêndio, onde paramos os carros e seguimos o restante do trajeto a pé.