CAPÍTULO 13 - UMA ALMA ATORMENTADA

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– Ela não está na cidade. Lucy morreu há duzentos anos!

Robert sacudiu a cabeça furiosamente.

– Ela se jogou deste penhasco e encontrou a morte nas pedras – completou Susan, apontando para a imensidão azul aos seus pés.

– A Lucy não está morta! – garantiu Robert, com um brado ensandecido.

– Quantas mulheres você precisa levar ao fundo do mar até compreender que sua noiva não está na superfície? – insistiu Susan.

– Eu não quero fazer isso – confessou Robert, num sussurro.

No fundo dos olhos dele, Susan viu o brilho azul dos olhos de Roger Bellingham, o homem por quem ela esteve apaixonada o ano todo, e de repente se compadeceu. Seu coração não queria enxergar o monstro macabro que ele era na verdade.

– Você circula nesta cidade há duzentos anos... – observou ela, a esta altura completamente desarmada. – Como ninguém percebeu ainda quem você realmente é?

– Ninguém me vê – respondeu Robert, com uma expressão atormentada. – Ninguém jamais notou minha presença, exceto aquelas em que o estigma de Lucy se manifesta...

– Suas noivas... – concluiu Susan.

Ele assentiu, dando alguns passos para ela. Uma horrível revelação fez aflorar todos os temores possíveis em Susan.

– Eu também sou uma delas, não sou? – sibilou ela, encarando-o com horror.

Agora ela compreendia a expressão confusa do funcionário da casa alfandegária quando perguntou por Roger Bellingham. É claro que ele não sabia quem ela estava procurando, pois Roger Bellingham não existia.

Robert se aproximou e emoldurou o rosto dela entre as mãos.

– Eu sinto muito – sussurrou ele, com uma expressão de insuportável agonia. – Você é diferente de todas as outras. A única que conseguiu tocar minha alma atormentada, apesar do encanto funesto da minha obsessão por Lucy. Eu sinto que você seria capaz de quebrar esta maldição.

A voz aveludada de Robert Griplen embriagava os sentidos de Susan, a tal ponto que ela não seria capaz de se mover mesmo que ele quisesse matá-la naquele momento.

– Mas é tarde demais... – lamentou ele, resistindo em beijá-la novamente. – Você precisa ir embora desta cidade. E tem que ser esta noite!

– Eu não vou deixar a minha irmã aqui desamparada para sucumbir nestas águas – garantiu Susan, enchendo-se de raiva outra vez.

– Por favor, vá para longe! – pediu Robert. – Se você não estiver em Salem quando o sol nascer amanhã, talvez eu não possa te seduzir.

No entanto, o olhar de Susan evidenciava seu coração partido.

– Mas você já foi seduzida, não é? – percebeu ele.

– Robert, por favor... – pediu Susan, tentando impedir que ele se afastasse.

– Mereço o inferno simplesmente por ter me atrevido a tocá-la – sentenciou ele, retirando as mãos do rosto dela.

Susan ficou paralisada enquanto Robert ainda penetrava seus olhos com os dele.

– Saia de Salem! – insistiu ele. – Vá embora esta noite.

De repente ele voltou o rosto para a lua, que brilhava majestosamente no céu, e sua expressão mudou da agonia mortal para um encanto apaixonado.

– Eu preciso ir... – disse Robert, afastando-se lentamente de Susan. – Tenho que preparar meus aposentos para a chegada da minha noiva.

– Não, Robert! – suplicou Susan, tentando alcançá-lo, enquanto ele se afastava passo a passo para a beira do penhasco.

– Ela é linda! – declarou ele, com os olhos brilhando admiravelmente, parecendo hipnotizado pelo mesmo transe que afetava suas noivas. – O nome dela é Lucy.

– Não faz isso... – insistiu Susan. – Eu imploro!

Mas Robert se virou e mergulhou do penhasco, na mesma piscina entre as pedras onde suas noivas desapareciam todos os anos.

Mas Robert se virou e mergulhou do penhasco, na mesma piscina entre as pedras onde suas noivas desapareciam todos os anos

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As Noivas de Robert Griplen - Parte 1 - MaldiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora