CAPÍTULO 14 - A ÚLTIMA NOITE

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Susan se apressou para casa, com o coração apertado no peito. Embora não devesse sequer estar pensando nisso, ela se perguntava se a paixão que sentira por Bellingham fora real, ou se era somente o fascínio que Robert Griplen usava para seduzir suas noivas.

Havia uma carruagem parada em frente ao jardim de sua casa quando retornou. A madeira era escura, de um tipo comum, mas Susan reconheceu imediatamente os cavalos do Dr. Prynne.

Apressou-se para dentro. A sala estava deserta, mas da entrada ela conseguiu ouvir os gritos desesperados de Anne no quarto, e correu em seu socorro. O Reverendo Bichop e a Sra. Garber estavam lá em cima, tentando convencê-la de que faziam isso para o seu bem, mas Anne se debatia violentamente, tentando se livrar dos braços de dois enfermeiros. A governanta chorava muito, amparada pelo braço do Reverendo, enquanto o Dr. Prynne preparava o medicamento para sedar a garota.

– Susan... – Bichop começou a dizer, estendendo a mão para impedir que ela protestasse.

– Eu sei... – interrompeu Susan. – Eu confio no senhor.

Ela passou rapidamente por seus tutores, assistida por um olhar espantado da Sra. Garber, e correu até a cama, onde a irmã se debatia e gritava para tentar escapar.

– Por favor, Susan! – implorou Anne, aflita. – Não deixe que eles me levem! Eu não quero acabar como a Sra. Sofer... Eu não estou louca! Por favor, me ajude!...

Mas Susan emoldurou o rosto da irmã entre as mãos, e sussurrou, olhando-a com veemência:

– Você vai ficar bem. Agora, acalme-se!

– Não deixe que eles me levem, Susan... – suplicou Anne.

Mas Susan baixou mais a voz, e abraçou-a para sussurrar em seu ouvido:

– Eu o vi! Ele é um demônio e está completamente louco!

– Por favor, Susan... – insistiu Anne.

– Mas eu não vou permitir que ele leve você!

Então, Susan se afastou do abraço, e tornou a emoldurar o rosto da irmã.

– O Dr. Prynne vai cuidar de você – ela disse, suavemente, olhando-a com a mesma ternura que sua mãe costumava usar quando eram pequenas, para convencê-las a tomar um remédio muito amargo, prometendo que isso as faria melhorar, e que quando melhorassem, ela faria uma gostosa torta de pêssego para compensar o gosto ruim do medicamento.

Mas os olhos de Anne se encheram de pavor, e ela começou a gritar ainda mais alto, e a debater-se com mais força, ao perceber que a única pessoa que ela esperava que argumentasse contra sua internação, estava de acordo com esta medida.

Susan se afastou morosamente da cama, e escondeu o rosto no peito do Reverendo, que a abraçou ternamente, junto à Sra. Garber, para não assistir à irmã sendo sedada.

Os poucos segundos que se sucederam pareceram uma eternidade, enquanto os gritos de Anne lentamente diminuíam, até silenciarem de todo. As lágrimas de Susan se misturaram às da Sra. Garber, empapando as vestes do Reverendo, e ela não conseguiu se virar para ver sua irmã ser levada, adormecida, pelos enfermeiros até a carruagem do médico.

– O sedativo que lhe dei deve deixá-la adormecida até amanhã de manhã – disse o Dr. Prynne, assim que seus homens deixaram o quarto com a paciente nos braços.

– Mesmo assim, quero que a tranque numa cela bem protegida – orientou Bichop. – Ela precisa ser vigiada o tempo todo.

– É claro, Reverendo – aquiesceu o médico.

As Noivas de Robert Griplen - Parte 1 - MaldiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora