V i n t e e U m

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O dia de voltar chegou. Foram cinco dias bem confortáveis ao lado deles. Andamos de patins, fomos ao parque de diversões e comemos pipoca assistindo Netflix, como sempre fazíamos antes de eu me mudar. Também aproveitei bastante quando mamãe e papai tiraram um dia de folga para ficarmos jogando Xbox... Eu gostava daquela tranquilidade. Foi a primeira vez dentre esses meses que eu realmente relaxei. Confesso que eu tinha me alojado de volta. Não queria voltar, mas ao mesmo tempo algo me fazia querer voltar. Quase não conseguia me afastar de Louis, foi preciso que Antonella me empurrasse para o portão de embarque. Mas em fim, assoprei um último beijo e fui. Suspirei, já sentindo falta deles e de beijar a tatuagem que Louis tinha feito para mim. Nos veríamos novamente apenas dentro de dois meses, já que o Louis estava assinando um contrato com alguns publicitários, então eu teria que me contentar.

Kiara foi me buscar no aeroporto. Fomos direto para a lanchonete do subúrbio. Ela hesitou no começo, mas eu estava com tanta vontade de comer aquele lanche que acho que a contagiei.

Conversamos sobre muitas coisas, inclusive, descobri que Melanie e Josh terminaram. O que eu achei maravilhoso, já que Josh era um cara bacana e não merecia ser traído pela diaba de cabelos rosas. Eu contei à Kiara que transei com Louis pela primeira vez, depois de ele ter me mostrado a tatuagem maravilhosa que tinha feito em homenagem a mim. Percebi que ela não ficou muito feliz, apenas sorriu torto e mudou o assunto, o que me deixou um pouco triste já que achei que ela ficaria feliz por mim. Por fim, ignorei.

Fomos para o meu apartamento. Kiara me ajudou a desfazer as malas. Tirei meu par de patins de dentro da mala e os deixei pendurados ao lado do closet.

-Sobre a festa de Halloween, com quem você vai ir? -Ela perguntou, enfiando a última peça para dentro.

Pensei por um momento, depois dei de ombros.

-Sozinha.

Kiara se virou, seus olhos se arregalaram tanto que pareciam querer voar para fora de suas órbitas.

Mas eu entendia. Apesar de termos muitas semelhanças, ela era uma pessoa influente, Rica e deslumbrante. Ir sozinha nem chegava a ser uma possibilidade. Mas eu não, pois, acima de tudo isso, eu tinha um namorado que não ia gostar nada que eu  fosse acompanhada.

-Mas ninguém vai sozinho, Giulia, e além disso, duvido muito que Damon te deixará em paz.

Não importava. Aconteça o que acontecer, Damon sempre seria citado em uma conversa com alguém, mesmo que esse alguém fosse o presidente Donald Trump.

-Bom, eu vou ir sozinha e não me importo com o orgulho ferido de Damon.

Ele que fosse com aquele pombo de cabelos longos, eu não estava nem ai.

***

Acordei cedo. Tomei um café balanceado e troquei mensagens com Louis antes de sair. Ele estava indo trabalhar, então peguei minhas coisas e aproveitei para me concentrar na faculdade. Eu sabia que em algum momento teria que lidar com aquele demônio e não estava com cabeça. Apesar de que me sentia muito bem e feliz.

Fui para a biblioteca depois de algumas aulas. Eu não estava com fome, então apenas escolhi um livro e me sentei no canto. Senti uma presença ali e olhei para cima.

-Como foi a viagem?

Sorri largamente, deixando o livro sobre a mesa.

-Maravilhosa. Obrigada por ter me deixado ir.

A diretora Madson sorriu ternamente e cruzou os braços sobre o peito.

-Queria sua ajuda com os enfeites para a festa. Não temos uma pessoa muito inteligente no comando das arrumações, ele é apenas... extravagante.

Balancei a cabeça, feliz. Eu adoraria, adorava enfeitar e recortar as coisas.

-Pode contar comigo. -Me levantei,  colocando o livro de volta na prateleira.

-Ok. Eles estão trabalhando na quadra de basquete, lá em baixo. Qualquer coisa, venha falar comigo e muito obrigada pela ajuda.

Balancei a cabeça e quase corri para a quadra. Na época em que eu estudava no ensino médio, era responsável por arrumar os estandes e organizar todas as festas de despedida da turma. Tanto que, antes de eu me inscrever na faculdade, me convidaram para ajuda-los na minha antiga escola. Não era como se eu pudesse recusar. As melhores ideias de arrumação vinham espontaneamente e eu me sentia muito livre e feliz com isso.

Abri as portas da quadra e quase infartei. Ok, era só eu respirar. Eu ainda podia desistir, mas isso deixaria a diretora Madson decepcionada... Respirei fundo e empinei o nariz, ignorando seus olhos queimando em mim.

Isabella estava no colo de Damon, Mas suas mãos estavam longe do corpo um do outro, já que se assustaram quando eu entrei. Graças a Deus, havia um único menino trabalhando nos enfeites. Eu me lembrava dele. Grant. Ele era calouro, tinha tentado arrumar um encontro comigo no desafio de seus amigos idiotas.

Sorri e marchei até a ele, pegando a outra ponta da cartolina. Seus olhos castanhos brilharam.

-Você é um anjo que veio me salvar? -Perguntou, sorrindo.

Não contive e lhe retribui. Grant parecia muito aquecido em ternura. Gostava de pessoas assim. Imaginei que teria uma amizade ali.

-Não. Você é o meu anjo por estar aqui e não me deixar sozinha com aqueles dois demônios. -Falei, um pouco alto para que ouvissem.

-Ei, o que você disse? -Logo Isabella estava de pé, olhando para mim.

Rolei os olhos e me virei, ignorando.

-Então, quais são suas ideias? -Perguntei a Grant.

-Vadia. -Ouvi Isabella bufar.

-Não a chame assim. -Damon se levantou.

Eu e Grant olhamos para eles. Ok, era tudo muito engraçado. Damon estava com as mãos nos bolsos da calça e Isabella com um olhar de ira em sua direção.

-O que?

-Você é a vadia da história -Damon falou, descontraidamente. Abafei um riso -Não confunda as coisas.

Isabela me olhou. Algo ali petrificava seus olhos, fazendo uma promessa silenciosa de morte a mim. Apenas Pisquei para ela.

-Acabou de perder seu par para o Halloween.  -Murmurou na cara de Damon e saiu da quadra, batendo as portas.

Damon me olhou. Seus olhos estavam diferentes... pareciam mais calmos. Não estavam vermelhos, como sempre estavam e ele parecia menos desesperado. Isso me fez ficar curiosa. O que será que ele ficou fazendo desde que paramos de nos falar?

Quebramos o olhar quando Grant se virou para mim.

-Eu estava pensando em colocar uma faixa no fundo, sabe? Perto dos ponches e...

Me distrai ao ouvir o som das portas. Damon não estava mais ali. Uma pulga se fez atrás da minha orelha. Oque será que se passava com ele?

-Então, oque você acha? -Grant chamou minha atenção.

Pisquei algumas vezes e balancei a cabeça. Eu ia me focar.

-Ah, sim, conheço uma pessoa que nos ajudaria com a faixa.

***

...Você encontrou-a, agora vá e conquiste-a
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração
Então você pode começar a ficar melhor... -The Beatles.

Todas as suas ChancesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora