Capítulo 3- O que faremos

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Daniel

A volta de Alberto faz toda a diferença, esperar ele na rodoviária e o ver chegar me faz bem. A verdade é que os acontecimentos daquele dia foram muito intensos.

_ Me conta o que aconteceu direito, e nem vem dizer que você está bem. Viemos da rodoviária até aqui em silêncio. E você não é calado.

Os anos que se passaram fizeram com que Alberto me conhecesse cada vez melhor.

_ Olha, você está me conhecendo cada vez melhor.

Alberto se aproxima e me dá um beijo. E volta para o sofá da sala. A nossa sala.

Saio da varanda e me sento ao lado dele. É engraçado saber que estamos morando juntos. Desde que voltamos para a cidade, decidimos que seria melhor. O namoro já durava alguns anos e nada melhor que ter nosso espaço. Mas, ainda sinto saudades da antiga cama de Al.

_ Alberto, depois que o Frederico saiu, eu meio que fiquei tremendo e passei meu primeiro dia como professor lendo o plano de estudo.

_Daniel é compreensivo, ele é primo de Fred e ainda filho da nova diretora.

_ Então, sobre isso, eu fui conversar com o diretor no fim da minha aula. O diretor a senhora Vilma me disse que o Frederico era adotado e que era para eu ter calma. De fato, ele é primo do Fred, mas acabou sendo criado em um orfanato. Quando o Fred foi preso, Frederico que vivia com ele e o pai de Fred foi levado para um orfanato, pois o pai de Fred não o quis lá, por ele lembrar muito o filho. Vilma me contou que como ela e seu esposo não podiam ter filhos, acabaram encontrando o Frederico e desde então tentam ajudá-lo.

_ Então, a dona Vilma sabe que seu filho faz bullying com um aluno?

_ Eu mencionei e ela disse que o Frederico tem um gênio difícil.

_ Toma cuidado, ele é primo de Fred, então, não consigo acreditar que isso é só um gênio difícil.

_Eu sei, mas ele é um aluno, ele é novo e pode está só precisando de uma ajuda.

Alberto se aproxima e segura as minhas mãos.

_ Meu Romeu, você sempre tenta ver o melhor das pessoas. Saiba que eu vou estar aqui por você.

_ Eu sei Al.

O beijo, e começamos a nos beijar. Fazia tempos que não ficávamos assim. Retirei sua camisa e me deitei em seu peito. Lá, era o lugar que me sentia melhor.

_ Meu nerd, eu sei que você ainda está preocupado, mas saiba que juntos podemos tudo.

Alberto continua fazendo carinho em meu cabelo e eu fico ali, deitado em seu peito com a mão em sua barriga...

_ Amor, acorda, seu celular está aceso.

Me levanto e pego o celular na mesinha da frente do sofá. Devo ter adormecido, pois Alberto está assistindo a um jogo.

Abro a mensagem e deixo o celular cair. Alberto percebe minha afobação e o pega.

A raiva aparece em seu olhar, a imagem que está lá, é uma foto minha tirada há seis anos no dia que fui preso. Eu estou sendo segurado e Fred está atrás de mim, e estamos pelados. A foto vem com uma legenda.

"Lembra desse dia Daniel, se você não se recorda eu me recordo. Foi um dia e tanto, devo ter gozado umas 3 vezes. Não se preocupa, quando te pegarmos vai ser melhor para nós. F. e A."

Alberto taca o telefone na parede e eu fico tremendo, ele me olha e se aproxima e eu o abraço e choro. O terror está voltando....

Livro II- O Professor e o Viajante Where stories live. Discover now