Capítulo 7 - Maturidade Emocional

441 13 0
                                    

É o processo contínuo que reflete a capacidade de conhecer e administrar suas emoções, e compreender o estado emocional dos outros. Ela requer do indivíduo o "estado" de ser adulto, ver as coisas realmente como elas são, sem medos, fantasias, preconceitos, dependências ou co-dependências, raiva, frustração, ciúme etc. Ser maduro não é fácil, exige a superação de hábitos e crenças muitas vezes firmemente arraigadas, para olhar a vida por prismas diferentes.

Penso que a maturidade emocional se caracteriza pelo atingimento de um estado evolutivo no qual nos tornamos mais competentes para lidar com as dificuldades da vida, e por isso mesmo com maior disponibilidade para usufruir de seus aspectos lúdicos e agradáveis. Talvez a principal característica da pessoa madura esteja relacionada com o desenvolvimento de uma boa tolerância às inevitáveis frustrações e contrariedades a que todos nós estamos sujeitos. Tolerar bem frustrações não significa não sofrer com elas, e muito menos não tratar de evitá-las. A boa tolerância às dores da vida implica certa docilidade, capacidade de absorver os golpes e, mais ou menos rapidamente, se livrar da tristeza ou ressentimento que possa ter sido causado por aquilo que contrariou-nos. Porém, pessoas maduras também se aborrecem com as frustrações, mas não "descarregam" sua raiva sobre terceiros que nada têm a ver com o que lhe ocorreu. Freud dizia que a maturidade se caracterizava pela substituição da raiva pela tristeza, e penso que ele tinha razão. Acrescentei um ingrediente, que é tratar de nos livrar da tristeza o mais depressa possível.

Maturidade emocional é a habilidade que a pessoa tem de se relacionar com outras da melhor forma possível. É evitar que problemas pessoais interfiram no desempenho profissional. É a capacidade de ver a vida por um ângulo mais positivo. É ser simpático com os outros, mesmo diante de contrariedades. É a aceitação de si mesmo. É ter respeito para consigo e com os outros. É ser paciente, objetivo e ter capacidade de lidar com adversidades sem se deixar abater totalmente, indignar ou sofrer sem motivos suficientes e reais. É conhecer os próprios limites e respeitar os dos demais. É saber fazer escolhas e arcar com as consequências delas.

A pessoa emocionalmente madura tem bom domínio sobre as próprias emoções, e é capaz de rir de si mesma por conta de seu bom senso de humor. A maturidade emocional também é aceitar a responsabilidade pelas consequências de seus atos, tomar decisões baseadas em critérios e valores pessoais, ter independência financeira, ser menos egoísta e ter mais consideração pelos outros.

A maturidade vem acompanhada de uma série de boas propriedades, e elas são motivos de satisfação dos que foram capazes de avançar na direção de conquistá-la. É claro que o processo de crescimento e amadurecimento é interminável, e jamais deveríamos nos considerar como um "produto acabado". Progredir sempre tende a determinar um estado de alma positivo, um justo otimismo em relação ao futuro – sim, porque quem está crescendo pode esperar boas coisas mais adiante. Mas há pessoas que passam a vida toda numa eterna infância, e/ou adolescência, porque a base da maturidade é a capacidade de tolerar a frustração. Algo que a criança aprende com o passar do tempo: nasce egoísta e com sensação de onipotência, uma vez que, na barriga da mãe sempre tem todas suas necessidades satisfeitas, mas na medida em que cresce percebe que nem tudo é como ela gostaria, nem sempre suas necessidades e desejos são satisfeitos.

Infelizmente, muitos pais mimam demais os filhos, levando-os a crescer com a falsa sensação de que podem tudo o que desejam. Isso os impede de chegar à maturidade emocional, mesmo sendo adultos na idade cronológica. O fato de uma pessoa concluir uma faculdade, ou casar e ter filhos, é garantia de maturidade emocional, pois esta é definida não pela passagem por eventos tradicionais adultos, mas pela mudança na personalidade e no comportamento.

Existem fases distintas na vida de uma pessoa: a infância, a adolescência e a vida adulta, época em que se supõe chegar à maturidade emocional. Uma pessoa infantil é aquela que age no sentido de ter todas suas necessidades satisfeitas e que não lida com a frustração de forma alguma. É o caso da criança que chora e faz escândalo quando não consegue o que quer. A adolescência é uma fase intermediária, em que o jovem aprende que nem tudo é como gostaria, mas ainda tem alguns acessos infantis quando é contrariado. O adulto, por sua vez, é aquele que tem a capacidade de tolerar a frustração, pois ela permite distinguir a fantasia da realidade, ou seja, discernir o que é possível ou não conseguir. Além disso, na maturidade emocional a pessoa sabe perdoar e ser humilde para reconhecer seus erros e dificuldades, e rir de si mesmo.

Em geral, quanto mais experiências de vida a pessoa possui mais possibilidades de amadurecer tem, desde que saiba aprender com cada uma delas. Portanto, não é a quantidade de experiências que, necessariamente, determina a maturidade de uma pessoa, mas a forma como se encara e vive cada uma delas. Uma pessoa pode simplesmente encará-las com sofrimento, culpa e não extrair delas o aprendizado e o amadurecimento necessário. Preferem se penitenciar por vivenciá-las ou ter atitude de reclamar, chorar e se lastimar. A construção da maturidade emocional está relacionada à educação familiar, ao fato de ensinar o filho a saber cuidar de si mesmo desde pequeno, respeitando suas limitações, sob pena de transformá-lo num adulto inseguro e imaturo. Elogiar cada acerto e não simplesmente criticar cada erro faz com que a criança amadureça mais rapidamente.

Na área familiar e afetiva, ao contrário, existe uma dependência do desejo do outro, em que o que se deseja está condicionado ao outro; e nem sempre o outro é capaz de corresponder à sua expectativa ou deseja ceder e satisfazer seu desejo e anseio. E é nessas áreas que observamos se a pessoa tem maturidade emocional ou não, justamente porque quem é maduro é capaz de lidar com o "não" sem fazer drama ou sentir-se prejudicado, sabendo respeitar a decisão do outro. É óbvio que a pessoa ficará triste por não ver seu desejo satisfeito, mas não deixará sua vida de lado, muito menos paralisar diante disso.

Os mais evoluídos emocionalmente tentem a ser mais ousados e a buscar com determinação a realização de seus projetos. Têm menos medo dos eventuais – e inevitáveis – fracassos, pois se consideram suficientemente fortes para superar a dor derivada dos revezes. Ao contrário, aprendem com seus tombos, reconhecem onde erraram e seguem em frente com otimismo e coragem ainda maior, e costumam ter melhores resultados do que aqueles mais ponderados.

Não existem desvantagens em ter maturidade emocional, pelo contrário, uma pessoa madura encara de forma positiva seus erros e acertos, sabe lidar bem com as dificuldades da vida e tira proveito de todas as situações que vive, encarando-as como um aprendizado de vida. Uma pessoa madura é equilibrada emocionalmente, não se deixa levar por suas emoções, sabe lidar bem com as críticas, com seus próprios erros e nunca foge das responsabilidades de seus atos.

Para crescer emocionalmente é preciso manter contato com o maior número de pessoas, de culturas e hábitos diferentes, viajar, interagir e, se possível, com o maior número de grupos diferentes. Para os pais, ensinar seus filhos desde pequenos a respeitar o próximo, a valorizar cada acerto de seus filhos e não exigir deles aquilo que eles ainda não são capazes de fazer por conta do limite de idade e capacidade. Ensinar que errar faz parte da vida, e que é possível aprender com eles e não se culpar. A culpa impede que a pessoa aprenda com o seu erro. E, para os adultos, a dica é aprender que cada pessoa "é como é", e que nada do que fizermos ou deixarmos de fazer vai mudá-la ou fazer com que ela corresponda às nossas expectativas, caso não queira. Por último, coloque-se no lugar do outro e siga aquele ditado popular: "Não faça para o outro aquilo que você não gostaria que fizessem com você".

Para conquistar a maturidade emocional é necessário ser responsável por si mesmo e não culpar alguém pelos erros cometidos, não usar desculpas para os fracassos, agir isento de emoções e preconceitos, aceitar o inevitável, bom humor e automotivação, autoconhecimento, autoestima, ser cooperativo, compartilhar, lidar bem com as críticas, ser independente, empático e sensível às necessidades dos outros.

O amadurecimento emocional vai te ensinar a olhar a vida com menosilusão, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade e vivercom mais vontade, pois a maturidade não é quando você começa a falar grandescoisas, mas sim quando você começa a entender as pequenas.

#MATURIDADE está na mente e não na idadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora