Capítulo 2 - Maturidade #1

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Eu tinha que sair do automático. Precisava parar e pensar sobre como estava vivendo. Sabe quando você percebe o quão rasa sua vida tem sido? Sabe quando você se depara com o tempo que perdeu, podendo ter feito tudo diferente? Sabe quando, finalmente, sua alma entende: o que Deus tem para te oferecer é muito mais do que você jamais pode imaginar?

Meu nome é Fernanda Quintanilha, tenho 20 anos e senti que o Senhor me chamava para algo maior. Mas, para isso, precisava passar pelo processo doloroso da maturidade, eu precisava mudar e deixar Deus ser em mim.

Eu cresci na igreja e, dentro de mim, crescia a ideia de que eu era uma cristã perfeita. Ledo engano. Por estar dentro dos padrões sociais aceitáveis – não falar palavrão, não beber, ir à igreja todos os domingos – eu acreditava que estava no caminho certo, até que no ano de 2014, durante um acampamento, eu abri meu coração pra Deus de uma maneira diferente, como nunca tinha feito antes. A partir daquele momento, eu pude entender por completo o significado do sacrifício de Cristo por mim e abrir meus olhos para o tamanho gigantesco do Seu amor por todos nós. Ao permitir que Ele falasse comigo, eu também senti a vontade de me dispor para a obra dEle, e foi aí que nosso relacionamento de Pai e filha começou. Naquele acampamento percebi que toda a minha trajetória com Deus tinha sido distante, sem profundidade e que com todas as palavras que eu havia escutado naqueles dias, Deus queria uma posição minha: deixar de ser quem eu era e permitir que Deus me reconstruísse por inteiro, começar do zero, para que aí sim eu pudesse servi-lo, pudesse viver o que Ele tinha guardado para mim.

Não foi fácil admitir minha fraqueza, enxergar todas as minhas inúmeras falhas diante de um Ser tão perfeito quanto o Senhor, e perceber que eu não era o exemplo que achava ser. Entretanto, nada valeu mais a pena do que o último dia do retiro, quando pude sentir a voz de Deus falando claramente comigo. A minha conexão com o Pai tinha mudado de uma forma que, pela primeira vez, durante a minha oração eu pude sentir e saber que Ele estava ali comigo, que eu conversava diretamente com Ele e que estava ouvindo cada palavra minha. Parecia que ao meu redor não tinha ninguém, éramos só nós dois. Quando questionei qual era a Sua vontade para minha vida, qual seria a minha forma de trabalhar por e para Ele, somente escutei um sussurro: "Vá, filha, comece por aqui, que o 'lá na frente' eu já estou cuidando". Desde então, Ele tem sido fiel a essa palavra e tem cuidado de mim em todos os detalhes, até mesmo os "menores". Ainda que eu não saiba por onde estou indo, sei que Deus está me guiando, tenho fé e confio nEle. No entanto, toda essa experiência que vivi – e ainda vivo! – só foi possível quando eu aceitei o desafio que Deus me propôs: amadurecer.

Durante a vida passamos por situações que exigem uma postura nossa, uma decisão sábia, corajosa e ainda assim prudente que muda quem somos, muda a forma como nos relacionamos e como enxergamos o que nos rodeia. Conforme vivemos novas experiências ganhamos mais bagagem, temos acesso a outras soluções e treinamos quem somos para os eventos que ainda estão por vir. Esse é o amadurecer, e assim também é com Deus. Nós amadurecemos a cada nova vivência com Ele. Não é e nem será um processo rápido e indolor, mas nos prepara para o futuro que o Pai, tão zeloso e cuidadoso, tem guardado para nós.

Uma das coisas mais difíceis que venho enfrentado, desde o dia que eu escolhi mudar e amadurecer em Deus, é me reconhecer 100% dependente dEle e ter coragem para enfrentar os desafios colocados na minha vida. Foi um choque quando eu passei a enxergar o quão imperfeita eu sou. Durante o meu amadurecimento, tenho aprendido a ser mais humilde, a confiar mais em Deus e entender que nada sou sem Ele, e por isso preciso deixar todo medo e vergonha de lado, porque Ele estará lá por mim. Tenho aprendido a deixar meus sonhos em Suas mãos para que a vontade dEle seja feita; a escutar um "não" quando esperava um "sim"; e a levantar, recomeçar e me achegar novamente quando acabo desobedecendo a Ele. Aprendi que a dor do crescimento existe e, às vezes, é bem aguda. Ela vem das renúncias de coisas e pessoas que eu achava serem boas influências, mas que se tornaram vícios e más companhias, tomando o lugar de Deus no meu coração. Essa dor é a maior recompensa de um cristão; ela mostra que estamos, sim, buscando andar lado a lado com Deus, que queremos ser como Ele, que experimentamos da maior e melhor dádiva – a vida com Cristo.

Eu não sou e nunca serei totalmente madura. Tenho muito o que aprender com Deus, conhecê-Lo ainda mais, amá-Lo mais profundamente, assim como a minha família; quero pulsar por Ele e pelo próximo! Mas, ainda assim, Ele tem me permitido dar frutos, tem realizado sonhos e respondido orações; o meu Pai tem sido fiel! Logo após o acampamento, mesmo eu não sendo conhecida pela minha persistência, eu mantive meu 'trato' com Deus. Algumas semanas depois, um amigo me convidou para fazer parte de um projeto que ele estava começando na igreja com os pré-adolescentes e, desde então, Ele tem me dado muitas oportunidades de servi-Lo e colocar a coragem que me deu em prática.

A minha luta por Deus é diária, feita de altos e baixos. Contudo também aprendi a não desistir. Deus vale a pena! E amadurecer, crescer na fé, vale muito mais que a pena! Ele tem muito mais a oferecer a cada um, muito mais do que possamos imaginar. Eu escolhi dar um passo de fé e coragem, eu escolhi amadurecer e aprender com Deus.

Essa é a minha história, qual é sua?

#MATURIDADE está na mente e não na idadeWhere stories live. Discover now