Uncertain Call - (L.S)

3285

ALERTA DE GATILHO: Esse capítulo pode conter momentos sensíveis para crises de ansiedade, ataque de pânico, depressão e tentativa de suicídio.

_______________

-Eu descobri que ele ainda escrevia... -Ela disse em sussurros quando eu levantei do sofá, ainda em choque por tudo que tinha ouvido, e fez com que minha atenção se redirecionasse a ela.

Virei-me confuso com a frase jogada, até então, aleatoriamente, no ambiente. Tudo que lembrei foi de uma das promessas que eu e Louis fizemos e ela era exatamente sobre isso.

-Louis começou a escrever para você depois que soube que sua família tinha te levado para um colégio militar,  longe de tudo, mas todas as cartas dele foram devolvidas do mesmo jeito que foram enviadas. Eu imaginei que ele tinha escrito mais algumas coisas depois disso, ele gostava muito de escrever, embora ele nunca falava sobre isso e nunca me deixasse ler. Eu pensei que ele já tinha se conformado que ele não te encontraria de novo, que você não leria as cartas e que isso era o que era.

Eu cheguei para arrumar tudo isso porque eu imagino que não vão faltar pessoas para quererem alugar aqui, mesmo que isso doa. Eu abri a gaveta do quarto dele e vi várias folhas. Ele poderia fazer isso em um celular ou em um computador, mas ele não gostava de se sentir longe das letras, ele me disse isso uma vez.

-Ele ainda escrevia sobre mim? -Perguntei em múrmuros, incerto, e encarando algumas fotos de Louis pequeno. Ele parecia estar tão cheio de vida em cada fotografia e era assim que eu me lembraria dele.

-Louis escreveu para você até o último dia.

(Carta Nº 1)

Como começar a escrever sobre alguém que não está mais aqui?

Você já não está mais aqui há um tempo e hoje eu descobri o porquê.

Tudo se tornou cinzas e fica mais difícil fingir que eu não sofro por não te ter nos meus braços.
Eu sinto sua falta, Harry.

Dos seus apelidos e cafunés. Da sua voz e da sua presença.

Eles te levaram para longe de mim e, realmente, eu começo a sentir que boa parte de mim se foi com você.

Espero que você entenda que eu sempre vou estar aqui. Sempre. Independente do quão longe ou demorado isso possa ser.

Aguente firme por mim, que eu vou fazer o mesmo por você.
Espero também que você receba essa carta e saiba que as coisas vão ficar bem.

(Carta Nº 2)

Todas as pesquisas, os pontos que juntei, as teorias que fiz e as conversas que ouvi. Nada disso foi o suficiente quando eu decidi colocar a ponta da caneta em um papel e mandar aquela carta para sua nova escola.

Você não me respondeu.

A carta voltou, exatamente como tinha ido, semanas depois.
Eu tenho certeza que você não chegou a, se quer, olhar o que poderia ter ali e que seus país devem ter proibido qualquer coisa relacionado ao meu nome.

Essa era minha única faísca de esperança, mas eu não vou desistir e vou estar sempre aqui.

(Carta Nº 3)

Não fui para a escola hoje.

Acordei pensando em você e decidi não me juntar ao mundo vazio. Aceitei que você era o que me fazia querer acordar de manhã e decidi que minha pele se tornaria homogênea com o cobertor.