olá, ruby

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Bip.

o pequeno monitor em um prateleira acima da cama, apitava em curtos intervalos de tempo. a linha vermelho, mostrava os batimentos cardíacos e a linha verde, a entrada do oxigênio.

oxigênio é tudo.
a troca do gás carbônico pelo oxigênio que ocorre nos pequenos alvéolos dos pulmões dos seres humanos, lhes permite viver

enquanto ainda há o que viver.

ando até a pequena cama do canto direito do cômodo, sem pressa, pois quem me espera não irá a lugar algum sem mim.
não me preocupo com possíveis barulhos que meus pés façam no piso frio.
ninguém irá escutar.

aproximo da lateral do móvel e a olho, dormindo calmamente, um sono profundo. Mas eu consigo sentir sua dor.

permaneço parado, apenas observando-a. o som do monitor continua.

um jovem enfermeiro entra no quarto para checar seus batimentos e a frequência cardíaca.
ele aparenta cansaço, o plantão médico estava no fim e o rapaz de roupas brancas ansiava para poder chegar em casa e, finalmente, tirar aquele sapato apertado e deitar em sua não tão esplêndida cama. depois de alguns minutos e verificações, ele suspira e sai.
tudo estava certo.

volto minha atenção para ela. pequenas agulhas perfuravam  seu braço direito. em suas narinas haviam finos tubos que levavam para seu interior o oxigênio que seu próprio corpo frágil não conseguia inspirar.  sua aparência era doentia e fraca, a cor de sua pele escura estava pálida.
mesmo assim ela era linda.

olho para a janela na parede direita do quarto e vejo que em alguns instantes, o sol começará a surgir no céu.

percebo uma movimentação no lençol da cama. ela estava acordando.

"olá, ruby." digo, suavemente.

"oi." a pequenina garota negra me responde.

"eu sou josh." sorrio. "tenho vindo te visitar por esses dias, ruby." 

"eu te vi por aqui algumas vezes." depois de um breve momento, ela diz. "mas você não é médico, né? porque você não usa aquelas roupas brancas e nem aquele negócio no pescoço." 

"não, ruby, eu realmente não sou médico." sorrio para a pequenina ao meu lado.

"eu sabia que você não era igual a eles. eu gosto de você, josh."

acaricio levemente os cachos grossos e escuros de sua cabeça. ruby suspira.

"você está cansada, ruby." posso sentir o esforço que a menina fazia para permanecer viva. cardiopatia congênita grave.

"josh, você pode fazer passar essa dor no meu peito?" 

"ruby, vou te contar a história do meu lugar de origem. você quer ouvir?"

a garota negra sorri, puxa a minha mão que estava em meu jeans azul e a segura. 

"sim, josh."

Bip.

"eu vim de um lugar que não é realmente um lugar. lá é diferente do que você conhece.
a gente consegue sentir o vento de uma manhã quente todos os dias, sentimos os pingos da chuva como beijos suaves em nossa pele. onde ficamos é tão macio quanto uma nuvenzinha branca no céu. as estrelas estão mais perto e seu brilho é muito mais bonito de lá. não sentimos fome ou sede, nem medo ou dor alguma." 

 "ah, e muitos de nós possuem asas" os olhos de ruby arregalam ao me ouvir falar.
 "mas nem todo mundo pode ver. voamos livremente para todo e qualquer lugar."  

"nossa, tudo lá nessa sua cidade é tão lindo e bom. porque você veio pra cá, josh?"

"eu vim aqui buscar uma pessoa que ganhou uma passagem lá pra nossa cidade. você, ruby."

"é sério? de verdade?" a menina diz alegre.

"sim, ruby." 

"e eu posso ter asas, também."

"acho que sim, ruby." a menina sorri grande.

"eu quero ir" ruby diz, porém suas sobrancelhas se enrugam. " a mamãe e o thomas podem vir junto com a gente?"

Bip.

suspiro. essa parte sempre é muito dolorosa. deixar aqueles que se ama para trás. 

"ruby, infelizmente, sua mãe e seu irmão ainda não vão poder ir com a gente." a garota choraminga. "mas, sempre que você quiser poderá vê-los e estar perto deles."

ruby chora silenciosamente. o esforço de seu coração está chegando ao limite.

"essa dor vai passar, não é, josh?" 

"sim, meu amor. vem comigo." 

ruby aperta minha mão e desce de sua cama. 

Silêncio. 

linha vermelha e linha verde contínuas.

alarme.

equipe médica.

fim.

agora não há mais doença ou cansaço ou dor.

"josh, você acha que eu vou poder ter asas também?" ela diz, segura à minha mão, enquanto caminhamos pelo corredor do hospital.

"tenho certeza que sim, ruby." 

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josh é um anjo que recolhe pessoas no momento de sua morte

*

oi pesual, turubom?
finalmente comecei essa fanfic que é meu amorzinho
espero q vcs gostem

Stay alive, nenéns

City of Angels [joshler]Onde histórias criam vida. Descubra agora