Capítulo 4 - Covardes

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Henry estava irado. Não admitia que suas meninas fossem agredidas. Mesmo que a agressão não tivesse acontecido em seu Clube, mesmo que o agressor em questão fosse o marido dela. Um homem que batia em uma mulher, não passava de um covarde para ele, e merecia ser tratado como tal.

Sarah Jones era uma de suas funcionárias. Ela trabalhava para ele há três anos servindo as bebidas no clube. Nunca faltou um dia de trabalho, e já era a terceira noite que ela faltava. Estava preocupado que ela estivesse doente, mas descobriu através das outras meninas que o problema era maior que esse.

‒ Mande chamar uma carruagem para mim. ‒ Ele ordenou para um dos seus guardas. ‒ Separe um dos quartos para ela e as crianças essa noite. Amanha arrumaremos outras acomodações.

Passava das onze da noite quando saiu na carruagem na direção do endereço que tinha em seus arquivos. Era um bairro pobre e perigoso de Londres, mas ele não se intimidou.

Assim que chegou ao endereço quase não acreditou que ela morasse ali com os dois filhos pequenos. A minúscula casa parecia que iria desabar a qualquer momento. O esgoto passava na porta deixando um mal cheiro horrível, e a porta era de madeira quebrada em alguns lugares.

Henry bateu levemente com medo de quebrar a porta que parecia tão frágil quanto o resto da casa. Esperou e quando ninguém foi atendê-lo bateu novamente.

Uma cabeça emaranhada de cabelos, apareceu por uma fresta da porta. Ele não soube dizer se era menino ou menina, mas a criança estava visivelmente em um estado lastimável e devia ter nove ou dez anos.

‒ Posso ajudar, senhor? ‒ A criança perguntou, e pela voz ele supôs que fosse menina.

‒ Sua mãe está? ‒ Henry perguntou.

‒ Papai disse que ela não deve receber visitas. ‒ A garotinha disse.

‒ E onde está seu papai? – Henry perguntou mal contendo o ódio.

‒ No bar, senhor. ‒ a pequena respondeu.

‒ Como é seu nome, criança? ‒ Henry perguntou, não sairia de lá sem levar Sarah e seus filhos de lá.

‒ Eu me chamo Georgia, senhor.

Ela era uma menina como ele tinha suposto.

‒ Escute Geogia, eu sou um amigo da sua mamãe, e outras amigas dela disseram que ela não está bem, então eu vim ajudar. Porque não chama sua mamãe? ‒ Ele pediu torcendo que a criança permitisse que ele entrasse.

‒ Gigi, quem está ai? ‒ Uma voz perguntou de dentro da casa.

‒ Um amigo da mamãe ‒ Ela gritou a resposta para que quem estivesse lá dentro pudesse ouvir.

Henry ouviu passos e logo outra criança estava ali. Esse parecia ser mais velho e era claramente um menino.

‒ Quem é o senhor? ‒ O garoto inquiriu.

‒ Eu sou um amigo da sua mãe, meu nome é Henry e eu vim ajudá-la.

‒ De onde conhece minha mãe? ‒ Ele perguntou cerrando os olhos.

‒ Trabalhamos no mesmo lugar.

O menino o perscrutou com o olhar, ele estava claramente decidindo se deixaria ou não ele entrar. Henry iria tentar convencê-lo a deixar entrar, quando ele se afastou e abriu a porta.

‒ Ela está no quarto. ‒ O garoto disse não se importando em indicar com a mão onde ficava o quarto, uma vez que só tinha um na casa.

Henry respirou fundo e entrou onde Sarah devia estar. A encontrou deitada em uma cama de palha, com o rosto inchado e dormindo profundamente.

‒ Foi seu pai, não foi? ‒ Henry perguntou sentindo o ódio lhe percorrer as veias.

‒ Sim.

‒ O quão mal ela está? ‒ Ele perguntou não sabendo exatamente se poderia movê-la sem aumentar seus machucados.

‒ Ele a espancou ontem e hoje de novo quando ela não deixou que ele batesse em mim, ela disse que ia embora se ele tocasse em mim ou na Gigi, foi quando ele bateu tanto nela que ela ficou assim. Eu e a Gigi a trouxemos para o quarto. ‒ o garoto respondeu visivelmente perturbado, suas mãos estavam em punhos e ele tinha o rosto contorcido de raiva, uma raiva muito profunda para um garoto tão jovem.

‒ Não acontecerá de novo. ‒ Henry sibilou entre os dentes. ‒ Pegue suas coisas e as coisas de sua irmã e sua mãe. Tem uma carruagem do lado de fora, levarei sua mãe pra lá e vocês irão comigo. Seu pai não vai mais fazer isso.

O garoto o olhou desconfiado, mas a menina o olhava com admiração.

‒ Você vai levar a gente embora? ‒ Ela perguntou.

‒ Sim, vocês não vão mais ficar aqui, e nem a mãe de vocês, eu vou cuidar de vocês à partir de agora. ‒ Henry falou convicto olhando nos olhos do filho mais velho de Sarah que assentiu com a cabeça e começou a arruar as poucas coisas que tinha.

Henry pegou Sarah no colo e a levou para a carruagem. Assim que as crianças entraram, ele deu duas pancadas no teto da carruagem, e essa voltou para o clube.

Durante o trajeto observou os hematomas e cortes no rosto e também provavelmente por todo corpo da mulher. Um de seus olhos estava completamente inchado, seus lábios e uma de suas bochechas estavam cortados e lacerados. E o pescoço tinha marcas de estrangulamento.

Ver aquilo só o deixava com vontade de matar quem fez aquilo. Mas por hora não poderia fazer nada. Precisava cuidar dos meninos e de sua funcionária.

Quando a carruagem chegou ao clube já era mais de meia noite. Ele abriu a porta e permitiu que as crianças descessem primeiro, logo em seguida, com Sarah no colo ele desceu.

Uma mulher observava a cena com olhos arregalados. Ela usava um capuz que escondia parcialmente seu rosto, e o olhava espantada.

‒ Henry? ‒ Ele a escutou pronunciar e quando ela tirou o capuz ele praguejou.

‒ Maldição! O que faz aqui Phillipa?

‒ Eu vim ver o Lorde. ‒ Ela respondeu olhando para ele e para os meninos. ‒ O que aconteceu?

‒ Não é da sua conta. Entre nessa carruagem e volte imediatamente para casa. Nunca deveria ter saído de laá. ‒ Ele disse seco.

‒ Não vou embora sem antes falar com o Lorde. ‒ Ela teimou.

‒ Bruno! ‒ Henry gritou alto o suficiente para seu porteiro ouvir ignorando a mulher que o olhava resoluta.

Henry chamou seu porteiro que rapidamente abriu a porta ao escutar a voz de seu patrão.

‒ Meu Deus! ‒ Bruno exclamou quando viu a mulher nos braços de Henry e as duas crianças escondidas atrás de seu patrão.

‒ Pegue-a aqui, e a leve para o quarto que pedi para o Tim reservar, ‒ Ele falou para o porteiro e em seguida fitou o segundo rapaz que cuidava da porta e levava os recados ‒ Jimmy, peça para a Martha cuidar dela, e a Beatrice para cuidar das crianças, eles estão precisando de comida. Eu voltarei logo.

Bruno pegou Sarah nos braços como Henry ordenou, e as crianças seguiram Jimmy em direção à cozinha. Henry então se virou para a mulher que ainda o aguardava na porta.

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