Capítulo 4 - Robert

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Maldita funcionária!

Como uma pessoa consegue ser tão distraída e inoportuna de uma só vez?

Deveria tê-la deixado no meio da rua, porque ela nem mesmo estava ferida. Mas eu tinha que tê-la ajudado, não é mesmo? Caso contrário, de que outra forma ela conseguiria arruinar definitivamente o meu dia?

Eu odiava ter uma consciência. Por culpa dela a reunião com o advogado foi cancelada e isso estava acabando com os meus nervos.

Como se eu já não tivesse estado ansioso o bastante durante o último mês, ainda não seria hoje que eu ficaria a par de tudo o que constava no testamento de Frederick.

Eu podia apostar que James Smith, o advogado de meu falecido pai, estava fazendo de tudo para me deixar ainda mais ansioso. Estava certo de que ele poderia me receber em seu escritório ainda hoje, se tivesse demonstrado o mínimo interesse em fazê-lo.

Para mim era óbvio que minha irmã e eu seríamos os únicos herdeiros, a não ser que Frederick tenha resolvido deixar sua fortuna nas mãos de seus filhos bastardos e de sua amante. Mas ele não ousaria manchar assim o sobrenome Blackwell, expondo sua amante, Paige Williams, e seus filhos bastardos, que serviam como uma apólice a fim de que o dinheiro de Frederick sempre caísse na conta bancária de Paige.

Ainda assim, algo me deixava irrequieto sobre o modo como James vinha protelando o momento de fazer a leitura do testamento. Elizabeth já havia abdicado de sua parte na herança, portanto, eu era o único a ter algum interesse no conteúdo do testamento. A não ser que, um mês após a morte de Frederick, Paige e seus filhos já estivessem desesperados por mais dinheiro, o que era bem possível.

Mas isso não tinha a menor importância, afinal, eles não receberiam um único centavo do dinheiro deixado por Frederick, isso eu poderia assegurar. Eu seria capaz de qualquer coisa para mantê-los afastados de tudo o que o sobrenome Blackwell tocasse, mesmo que Elizabeth e eu não precisássemos dessa herança.

Eu tinha minha própria empresa, onde mandava e desmandava e não precisava prestar contas a ninguém. Para que eu iria querer os cinquenta e cinco por cento das ações dos negócios de Frederick, sendo que os outros quarenta e cinco por cento pertenciam a seis outros sócios?

A posição de Elizabeth quanto à herança também foi firme. Ela tinha alguns investimentos, e seu marido, Michael Smith, era um excelente promotor de justiça. Minha irmã tinha uma vida que ia muito além de estável e confortável, mas, como nada é perfeito, Michael é filho de James.

Bom, ao menos assim Frederick não se opôs ao casamento de Elizabeth, mesmo ela tendo apenas dezenove anos na época. Ele sabia que ela estaria ingressando numa família da alta sociedade, que seu padrão de vida continuaria sendo o mesmo, e que isso só aproximaria cada vez mais a família Smith da família Blackwell.

Todos esperavam que os laços entre as duas famílias se estreitassem ainda mais quando eu finalmente decidisse anunciar meu casamento com Britney, a filha mais nova de James. Ela, sem sombra de dúvidas, seria mais do que aprovada por Frederick.

Eu não poderia negar que se tratava de uma mulher bonita. Pernas longas e delgadas, cabelos louros e ondulados, lábios e rosto finos e, para completar, belos olhos azuis.

Britney era indiscutivelmente atraente. E nada madura, mesmo sendo apenas quatro anos mais jovem que eu. Eu não me importava em flertar com ela quando sentia vontade, mas nunca permiti que ela se instalasse em minha cama, porque com toda essa história de famílias próximas seria impossível me ver livre dela.

Doce Amargo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora