Capítulo 2

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                                                      Robert

O trânsito estava infernal, e isso acabava com meus nervos.

Meus dedos tornaram a apertar o volante, ao mesmo tempo em que meu celular iniciava mais um toque insistente, e eu não precisava agarrá-lo para saber quem estava tentando deixar minha vida ainda mais impossível do que já era.

A verdade é que Charlotte era uma companhia incrível se eu precisasse de alguma distração — o que não era o caso, neste exato momento. Flertar com ela foi uma experiência, assim como flertar com qualquer outra mulher por quem eu me interessasse, e, como tudo na vida, às vezes é preciso ir em busca de algo novo. Eu dediquei a Charlotte um mês inteiro do meu tempo, no entanto, minha mente agora estava em um par de pernas mais longo, vindo diretamente da França.

Sorri pensando em como seria agradável sentir as belas e delgadas pernas de Madeleine ao meu redor. Ela seria minha ainda esta noite, eu tinha certeza, porque eu a quis desde o primeiro instante em que a vi do alto de seu 1.80 m, desfilando seminua em uma passarela.

Charlotte já havia perdido a graça, e a julgar por suas insistentes ligações na última meia hora, Rosalie, minha secretária, já tinha deixado isso bem claro.

Outro toque.

Tirei o celular do bolso do meu paletó e apertei um número na discagem rápida.

— Sim, senhor Blackwell. — A voz de Rosalie soou do outro lado após o primeiro toque.

— Eu disse para você mandar o tradicional cartão para a senhorita Charlotte Grey, não disse?

— E eu o fiz, senhor — Rosalie apressou-se em dizer. — A esta altura, a senhorita Grey já recebeu um belo cartão de despedidas, junto com uma pulseira de brilhantes.

— E o que você me diz da encomenda para a senhorita Madeleine Sardou?

— O senhor a terá em mãos assim que chegar ao restaurante, Sr. Blackwell. Eu mesma fiz as reservas e mandei entregar um colar de esmeraldas.

— Esmeraldas? — inquiri confuso.

— Sim, senhor. Os olhos da Srta. Sardou são verdes — apontou.

Rosalie era eficiente, e quando finalmente entrasse de licença para dar à luz seu primogênito, eu teria problemas com a substituta.

***

— Está tudo perfeito, chéri... — Madeleine disse em seu acentuado sotaque francês.

Seus grandes olhos verdes varreram o local, analisando o requinte, e eu reconheci nela o mesmo brilho de interesse que havia em todas as minhas conquistas.

— Não mais que você — eu disse num sorriso lúbrico, recebendo um olhar provocante em retorno.

— Você é muito galanteador — ela disse, sorvendo um pouco mais de champanhe.

— Apenas quando uma mulher realmente me interessa, Madeleine.

— Devo supor, então, que eu desperto seu interesse?

— Assim como eu desperto o seu.

Madeleine voltou a sorrir, mostrando uma fileira de dentes perfeitos, e eu sabia que a noite estava ganha. Fiz um gesto em direção ao garçom sem tirar meus olhos dela e de sua pele perfeita. Recebi a conta e a deixei sobre a mesa junto com dinheiro mais que suficiente para saldar a dívida.

— Vamos? — chamei, levantando-me e estendendo uma das mãos para Madeleine, que aceitou de muito bom grado.

Caminhamos juntos até a saída do restaurante e eu a ajudei a entrar na limusine que nos esperava. Um brilho de triunfo passou por seu olhar quando ela se deu conta de tudo o que eu havia posto a seus pés esta noite. Eu desejava que ela aproveitasse, porque seria mesmo apenas uma noite.

Doce Amargo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora