“Eu não mordo, Cas. Ainda são as mesmas regras. Quando eu estiver no motor, você também está. Eu não vou estar fazendo o seu trabalho e você tem muita coisa pra recuperar, então eu não desperdiçaria tempo se fosse você.”

Castiel se aproximou hesitando um pouco e se inclinou sobre o motor com ele. Depois de vários minutos conversando sobre a suspensão e o que tem de errado com ela, Dean se endireitou quando teve certeza que Castiel havia entendido. O adolescente olhou para ele, mordendo o lábio.

“Obrigado, Dean.” Ele disse solene.

Dean hesitou, retornando o olhar a Cas.

“De nada, Cas.” Ele respondeu e se virou, andando de volta para sua mesa.

Cas o olhou triste, desejando sentir as mãos de Dean nele mais uma vez.
Ao invés de dar voz aos seus pensamentos, ele apenas se voltou para o trabalho.

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Segundo Sábado

Castiel se surpreendeu quando chegou e viu Dean com dois copos de café em cima da mesa. O outro homem o olhou, com seus olhos verdes vagando pela roupa de inverno dele.

“Chocolate quente.” Disse simples, apontando para o segundo copo.

Ele seguiu em frente para pegar a bebida, sentindo seu peito queimar fracamente. Tomou um gole e andou em direção ao seu carro.

“Trabalhando nos pneus hoje, certo?” Dean perguntou.

Castiel assentiu, deixando seu copo no chão e tirando o casaco.

“Vou instalar os cofres.”

“Me avise se precisar de ajuda.” Dean disse, se sentando na mesa e folheando pelos documentos das contas médicas de seu pai.

Castiel o olhou confuso, se perguntando o porquê dele estar sendo tão gentil.

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Quando saiu da escola, Balthazar não estava esperando encontrar outra pessoa se apoiando contra seu carro.

“É meu dia de sorte?” Ele perguntou sarcástico.

Jo se virou para encará-lo com as sobrancelhas arqueadas.

“Precisamos conversar.” Ela disse.

“Concordo.” Ele respondeu.
“E considerando que eu sei exatamente o que você vai dizer, que tal nós irmos falar com o nosso ilustre diretor agora?”

A loira o encarou por um momento e assentiu uma vez.

“Tá bom.” Ela disse.

Jo começou a andar antes dele até que depois de um tempo ele alcançou os passos dela em direção à escola.

“Só pra deixar bem claro, nós estamos fazendo isso para consertar as coisas entre Castiel e Dean, não para te deixar bem com alguém. E por alguém, quero dizer meu melhor amigo.”

Balthazar apenas sorriu para ela.

“Eu sei.” Ele a garantiu.

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Terceiro Sábado

Castiel finalmente quebrou depois de duas horas de silêncio na garagem. Ele se virou para Dean com uma expressão exasperada e deixou cair a ferramenta que ele estava segurando.

“Desculpa.” Disse.

Dean desviou seu olhar dos papéis os quais estava concentrado e o encarou surpreso.

“O que?”

Castiel continuou, incapaz de deixar isso de lado por mais tempo.

“Me desculpa por te machucar. Me desculpa por te pedir para fazer uma coisa tão ridícula, e eu sinto muito por tudo que eu fiz, ou não fiz. Eu sou totalmente responsável pelo estado atual do nosso relacionamento e eu sinto muito. O que eu fiz foi deplorável e você não merecia isso.”

Dean suspirou, se levantando devagar.

“Não, eu não merecia.” Concordou.

Castiel apenas o olhou por um momento.

“Quanto tempo mais isso vai continuar? Esse espaço? Esse ambiente desconfortável?” Ele perguntou.

Dean o olhou com os olhos arregalados.

“Você pensou mesmo que a gente iria voltar do jeito que era?”

Castiel balançou a cabeça, apertando os punhos.

“Eu acho que nós podemos fazer alguma coisa. Estamos há três semanas sem falar muito além do necessário. Você me trouxe chocolate quente semana passada e depois continuou a me ignorar pelas quatro horas seguintes. Eu estou confuso e quero clareza. Eu quero saber o que acontece agora.” Ele disse desesperadamente.

Dean engoliu seco e balançou a cabeça.

“Isso, Cas.” Disse, balançando a mão entre os dois. “Isso acontece agora. É isso que tem que acontecer. Aconteceu tanta coisa e nenhum de nós dois realmente superou quaisquer uma delas. Então é isso que acontece. Nós ficamos assim, sendo educados e afastados.”

Castiel balançou a cabeça, andando em direção ao Dean.

“Nem pensar.” Ele se negou. “Eu não vou acreditar nisso. Não importa o que tenha acontecido no passado, eu acredito que nós somos mais forte do que isso. Eu ainda me importo imensamente com você e eu não vou desistir disso a não ser que eu seja forçado. Se você realmente não me quer, então me diga e eu te deixo em paz, mas se você me quiser... se tiver alguma chance...”

Ele parou de falar, apenas permanecendo em pé na frente de Dean.

“Não precisa ser desse jeito.” Ele continuou.

Dean respirou fundo.

“Cas, eu... Eu não sei se consigo... o que aconteceu foi muito significante. Não é como se tivéssemos brigado por alguma coisa pequena e depois outra coisa pequena aconteceu. Nós passamos por muita merda para simplesmente passar por cima disso, coisas assim requerem um tempo.”

Castiel o encarou por um tempo e começou a andar em direção a ele mais uma vez. De repente, Dean se encontrou com os braços envolvendo o adolescente quando seus lábios se juntaram. Demorou alguns segundos para perceber o que estava acontecendo antes que ele automaticamente respondesse. Os dois homens deixaram seus sentimentos fluírem através do beijo, raiva, traição, arrependimento, e culpa se esvaindo de seus corpos. Quando Castiel se afastou algum tempo depois, ele encarou Dean com desespero em seus olhos.

“Me diga se você estiver disposto.” Ele sussurrou antes de afastar dele.

Dean observou em choque enquanto o moreno pegava suas coisas e se virava para a porta, saindo cedo mesmo que não tivesse sido dispensado. Castiel parou antes de abrir a porta.

“Estou disposto a lutar por nós.” Ele disse simplesmente e saiu correndo.

Dean permaneceu ali, pensando surpreso sobre tudo enquanto processava o que acabou de acontecer. Ele não sabia como se sentir mas sabia que ele precisaria de muito tempo para pensar sobre isso.

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Castiel mal conseguia acreditar no que fez. Ficar separado de Dean por tanto tempo finalmente pregou uma peça nele. Suas mãos apertaram o volante enquanto ele aumentava a velocidade na rua principal. Um sorriso surgiu em seus lábios quando se tocou de que fez o que queria fazer. Ele se aproximou e deu o primeiro passo. Se tiver sorte, isso deixou uma abertura pra que ele possa explicar tudo que aconteceu, para revelar a Dean que ele não o traiu, quando o motivo da briga deles e ele se colocando naquela situação que começou a sala tiver acabado.

Seu telefone começou a tocar no seu bolso, ele tirou uma mão do volante, procurando por ele. Quando, de repente, sentiu o carro atingir um ponto deslizante e o automóvel começar a girar na rua, ele se esqueceu do celular e começou a gritar em pânico, tentando corrigir seus movimentos. A última coisa que ele ouviu foram buzinas e o som de vidros se quebrando enquanto seu carro deslizava de lado em direção a um poste de luz. E tudo ficou preto quando sua cabeça bateu no volante.

Let It Be Me • destiel [PT-BR]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora