XIII

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Querido você...

Escrevi essa carta diversas vezes, esperando que as palavras certas viessem a minha mente, esperando o dia que eu conseguiria finalmente colocar tudo pra fora e escrever o que eu sempre quis dizer a ele. 

Porém, todas as vezes que eu pegava a caneta e uma das folhas na minha escrivaninha, minha mão parava antes mesmo da ponta do utensílio em minha mão ter contato com o papel. Eu simplesmente nunca conseguia. 

Isso é o melhor que eu consegui fazer. 

"Ah. Você não sabe. 

Não sabe o quanto eu gostaria de te ligar agora, e poder desabafar. 

Não sabe como eu gostaria que enquanto choro, eu sentisse suas mãos afastando os cabelos do meu rosto e seus lábios depositando um beijo rápido de minha testa, dizendo 'Tudo vai ficar bem'. 

Ah. Você não sabe. 

O quanto eu queria poder te abraçar com todas as minhas forças. Queria passar os braços envolta do seu pescoço. Queria que você entrelaçasse os braços na minha cintura e colocasse o rosto na curvatura do meu pescoço. 

Ah. Você não sabe. 

O quanto eu gostaria de não ter de me importar com as consequências. 

O quanto eu queria, e preciso, de você ao meu lado."

Pela primeira vez eu coloquei essa carta num envelope e coloquei meu nome e endereço no remetente. Pela primeira vez eu fui até a casa dele e estava prestes a bater na porta e perguntar a Melanie qual era seu endereço atual. 

Foi quando uma voz dentro da minha cabeça, distante, baixa e rouca disse: "E se ele realmente ler?"

Meu punho se ergueu para bater na porta, porém permaneceu no ar. Me faltou coragem. 

Escrevendo agora, acho que aquela voz na verdade era alguma força superior me mandando uma mensagem. Do tipo "Antes de bater na porta, olhe para trás."

Neguei com a cabeça e coloquei a carta novamente no bolso do meu casaco. Me virei, prestes a descer as pequenas escadas da varanda, enquanto olhava para a calçada. Escutei um barulho como se um carro estivesse parando na minha frente, mas apenas ignorei e comecei a andar. 

Até que um ruído foi soado, como se as portas do motorista e do carona tivessem sido abertas, e então uma voz me chamou. 

"Nicole? É você mesma?" 

Me virei devagar, pensando em como o universo só podia estar de sacanagem com a minha cara, sentindo o sol no meu rosto. 

Juro que tentei não esboçar reação, mas aposto minhas poucas economias que isso foi em vão. 

"Oi Blake" eu disse, e me virei para a garota ao seu lado "Hum... Olá."

"Ariel" ela sorriu, e eu retribuí. 

Eu sei o seu nome, só não quero deixar isso claro. Pensei

Minha mãe está me chamando. Um momento. 


Nicole 

    


Querido você... [1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora