Tudo só piorou quando comecei apanhar sem poder me defender a corrente que era grande agora não chegava a um metro, e eu não podia fazer nada a não ser gritar e acabar chorando encolhido no chão, Simon ria e se divertia ao ver eu me foder a cada dia que passava. Ele me falava de como as coisas estavam do lado de fora, e como logo ninguém mais iria atrás de mim e eu só seria uma lembrança para aqueles que eu amava, isso fazia eu chorar bastante, a dor de talvez nunca ver os meninos ou minha mãe, ou alguns amigos era pior que a dor das porradas ou da fome que eu constantemente estava passando. Pude perceber a algema afrouxar ao redor do meu pulso, mas era pela rápida perca de peso que eu estava tendo. "

Suspirei frustrado ao perceber que estava acordando novamente, sentei no chão e meu olhar novamente se perdeu no vazio, mas na verdade eu me sentia vazio também então não dava em muita coisa. Eu daria tudo para estar na minha cama agora, ou então poder ao menos conversar com os meninos, dizer um simples oi, mas ali era o pior que eu podia alcançar e a insanidade já estava querendo se mostrar presente.

A porta velha mais uma vez foi aberta e por ela passaram Simon e alguns dos seus capangas, infelizmente iria reiniciar tudo de novo, a humilhação, as risadas e tudo que ele podia me proporcionar de ruim. Não ergui o olhar para ele, era bem melhor tentar me manter alheio de tudo, não teria tantos problemas quando eu ficasse só com Rick e Billy que descobri ser o nome dos dois que costumavam me encher de porrada.

— Bom dia — ele diz sorrindo e me fitando.

— Está um lindo dia lá fora, você gostaria de ver? — continuei calado.

— Bom, tanto faz isso não importa, coma não quero que morra, não agora — ele disse jogando um saco de papel na minha frente, estranhei de imediato e ele sorriu se aproximando fazendo eu recuar.

— Oh, não sinta medo está quase acabando garoto, se a primeira tentativa não der certo, não faz mal, ainda tem dois que eu posso pegar, mas achei que com você seria mais rápido — ele diz me deixando confuso, e com medo ao pensar que os dois citados pudessem ser o lou ou o Will.

Pela primeira vez fui deixado sozinho sem perturbação alguma, a curiosidade me venceu e eu puxei o saco de papel abrindo ele em seguida, três hambúrgueres e uma pacote com batatas fritas. Examinei tudo com cuidado procurando qualquer coisa que oferecesse perigo, mas não encontrei e me dei por vencido e comi.

William

Os dias iam se passando e a cada ciclo de vinte e quatro horas que se completava, eu ia ficando quebrado cada vez mais, tentar me manter forte pelo lou estava ficando difícil quando eu mesmo não conseguia. Uma semana de buscas e nada, nenhuma pista, nenhum sinal, nada. Laura estava um caco, não dormia direito e constantemente tinha pesadelos e crises de choro, era compreensível.

Lou se isolou numa espécie de mundo paralelo e ficava aéreo a maior parte do tempo, yas estava preocupada com tudo e não saia de perto nunca. Nosso ano novo foi um desastre, não tinha motivo algum para comemorar nada, o caso já estava repercutindo em alguns lugares do país e alguns detetives estavam tentando resolver aquilo. Caio simplesmente sumiu sem deixar vestígios, e a única testemunha daquilo tudo não serviu para porra nenhuma.

Simon não era investigado de forma alguma, fiquei preso por dois dias na delegacia por desacato, quando tentei inutilmente acusar ele, foi aí que minha mãe apareceu com a cara mais deslavada possível. Mas ela estava estranhamente abatida, não tentou se justificar nem nada, apenas me abraçou e chorou fazendo com que eu chorasse em seguida. William, o William insensível que eu construí, a farsa de mim mesmo estava morrendo aos poucos, na verdade estava morto e no lugar dele estava o meu eu verdadeiro, e pensar que tive que chegar em uma situação extrema para isso acontecer só me decepcionava cada vez mais, eu me culpava a todo instante por não ter insistido em levar ele naquele maldito dia.

Um Amor ProibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora