Capítulo 6

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Jules sabe que não deve generalizar, mas já se passa uma semana desde que as aulas se iniciaram e tem a impressão que todos os seus colegas são somo Nicole Dufort. Falsos e egocêntricos. Sua mãe todos os dias a anima dizendo que ela está passando por uma fase de adaptação e que logo irá fazer amigos, mas o fato é que ela mal sabe se comunicar, tem aumentado sua carga horária das aulas de francês para compreender esse novo idioma, no entanto há coisas que parecem tão bizarras. A vida é bizarra! Quando imaginou que um dia estaria morando na França, com o seu pai jogando para PSG, sua mãe estreando uma sede da MF e conhecer Jake Grier?

Dentre todas as aulas da semana a que Jules mais gosta é a aula de Tecnologia. O professor é o mais dinâmico e paciente do que todos os outros juntos, parece ser o único compreender que ela — não entende francês — e por isso, a ajuda muito com os códigos e até mesmo o próprio francês da internet, ter uma pessoa compreensiva a sua situação facilita muito o desenvolvimento do seu aprendizado. Mesmo assim, é frustrante não compreender completamente o que as pessoas dizem, é frustrante não pertencer a uma panela, é frustrante estar sozinha na França e é frustrante imaginar que terá aulas com a ruiva Nicole e suas seguidoras!

Quando o sinal ecoa pelos autofalantes da Lord Baudin, todos os alunos recolhem seus pertences e se dirigem para a próxima aula. Jules é a última a desligar o seu computador e sair da sala, com a maior calma do mundo, já que está dispensada das demais aulas. Começa a caminhar pelo corredor, mas paralisa quando ouve uma linguagem familiar. Duas garotas falando português! É um sentimento tão familiar e reconfortante ter alguém nessa França que fale a sua língua.

Jules gira os calcanhares e visualiza as duas garotas fechando armários, no meio do corredor. Sem perder tempo, se aproxima delas, sorrindo aliviada.

— Vocês são brasileiras?

A garota loira sorri assim que vê Jules.

— Na verdade, eu sou... tava ensinando a Lana falar português — ela sorri, olhando para a amiga ao lado.

Jules então sorri, como se tivessem tirado dez pedras das suas costas.

Existe uma pessoa que fale a sua língua!

Ela então observa as duas garotas. A brasileira tem os olhos azuis piscina, cabelos loiros com cachos definidos, a pele bem branca e estatura alta, parecendo até um anjo caído.

Enquanto a garota ao seu lado é de uma beleza fascinante, cabelos castanhos, lisos, olhos claros e lábios carnudos, ela tem a cintura bem fina e um biótipo de corpo muito bonito. Ela é literalmente uma garota de presença.

— Eu sou Jules, sou nova nessa escola e acredite, é muito bom encontrar alguém que fale a minha língua.

A garota anjinho sorri, estendendo a mão, a sua frente.

— Eu sou Alícia Biancci. E essa é minha amiga, Lana Belrose.

— Muito prazer — Lana aperta a sua mão, em um português com sotaque.

— A quanto tempo tá aqui em Paris? — Alícia pergunta.

— Dois meses.

— Está se adaptando ao francês?

— Sinceramente? Muito pouco — Jules solta um suspiro, baixo.

— Eu te entendo. Tô há cinco anos em Paris, mas levei bastante tempo pra aprender o idioma, na verdade, ainda aprendendo todos os dias...

— O que você faz agora? — Lana pergunta, vendo que está sem livros ou mochila.

— Eu faço música, tecnologia e francês esse semestre. O restante, tô livre de das disciplinas — Jules responde.

Duplamente Inesperado 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora