iii. stars and moon

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stars | a luminous sphere of plasma held together by its own gravity. 


moon | an astronomical body that orbits planet earth

🐞


Hoseok limpou suas mãos suadas em seu moletom escuro, suspirou longamente e ajeitou seu cabelo. Em passos curtos, ele andou até as escadas de seu condomínio, com o cachecol comprido balançando e batendo sobre seu peito.

Ele se sentou em um dos degraus e escondeu sua cabeça sobre seus joelhos, o rosto avermelhando conforme ele ouvia os passos em sua direção. Então, ele sorriu e levantou seu rosto, cumprimentando o garoto pálido que sentara ao seu lado.

Talvez alto ou baixo demais, manhoso ou aparentemente bravo, Hoseok se preocupou com o tom de sua voz como tipicamente fazia. Yoongi sorriu, porém, e deixou-se o dar um pequeno aceno com sua cabeça.

Estavam quietos.

Esperando com que o sol deixasse um adeus para os dois, aproximavam-se cada vez mais. Tanto pela noite fria, tanto pelo desejo de estarem cada vez mais próximos.

O chão sujo manchava suas calças velhas, o cheiro de cigarro que o porteiro emanava tomava conta não somente de sua cabine, com também de todo o jardim. O jardim que deixava o vento soprar de forma relaxante, rapidamente fazendo com que um dos dois ficasse com frio.

Então, a lua dava as caras. Nova, cheia, crescente, minguante. Durante todos os dias, viam seu formato mudar e as estrelas acompanharem a calmaria e escuridão da noite.

As vezes, era tão chato que eles brincavam com seus cadarços. As vezes, também, eles precisavam tanto daquilo que até mesmo esqueciam-se de se cumprimentar.

Mesmo com machucados as bochechas, aos lábios, aos olhos, as orelhas, sorriam um ao outro e sentavam-se lado a lado até que a noite chegasse. E na despedida, seus olhos não se encontravam.

Porém, seus dedos. Entrelaçados, eles entram juntos no elevador. Frios, tremendo, não se separavam um único minuto até que o elevador balançasse o bastante para os assustar.

Eles nunca caíam, no entanto, naquela noite caíram.

A falta de energia chegou, o elevador balançou ainda mais e os dois medrosos continuaram com suas mãos grudadas. Esperando sua possível morte, é claro.

Mas a luz voltou, a porta abriu e as pressas eles correram. Ainda no primeiro andar, subiram pelas escadas de emergência. Quietos, porém, com as cabeças doloridas de tanta circulação mal feita.

Eram gritados, no último degrau, como em todas as noites. Tapas em suas bochechas machucadas, abraços em seus corpos frios e apertões em seus lábios quentes.

O medo percorrendo o corredor. Pouco depois, portas batendo e seus dedos entrelaçados mais uma vez. Infelizmente, seus dedos estavam novamente machucados aquela noite, sem qualquer curativo acessível.

Queriam estar juntos, porém, as estrelas e a lua eram os únicos que os aceitavam.

noceurWhere stories live. Discover now