IV

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  Renato disse que tinha chamado um UBER e que ia pegar todo mundo na porta de casa. Eu fui a última a ser pega, até porque eu moro praticamente no quinto dos infernos de Maceió, enquanto meus amigos moravam em bairros de rico, tipo Ponta Verde e Pajuçara.

  Fomos ao shopping mais perto que tinha e pagamos o motorista, obviamente. Fomos andando em direção ao cinema enquanto conversávamos.

  — Ei, vocês tão vendo aquele cara gatão ali? – Gih perguntou se direcionando a mim e a Bruna.

  — Onde? – Indaguei. Eu não estava vendo nenhum cara.

  — Ali sua burra, perto do lugar que paga o estacionamento! – Bruna lançou um olhar de reprovação para mim.

  Forcei um pouco minha vista, que não é das melhores, e vi o dito cujo Ângelo. Meu Deus, ele está em todos os lugares!

  — Socorroooo ele tá olhando pra gente! – Gih deu um gritinho de empolgação.

  — Quem tá olhando pra vocês? – Perguntou Lucas.

  — Ninguém! – Exclamei.

  Voltei meu olhar ao cupido. Ele estava encostado numa parede, e realmente estava olhando pra gente.

  — Ele tá olhando pra você Dani. – Gih disse desanimada.

  — Gente, que tal a gente ir logo pra esse cinema hein? Não tô nem um pouco interessada em ficar olhando pra caras bonitos que podem ser um bando de maníaco psicopata. – Resmunguei.

  Voltei meus olhos a Ângelo, que lançava um olhar de reprovação para mim.

  Ficamos todos em silêncio.

  — Então né... Vamos se animar gente. – Falou Renato com um tom de voz meio apavorado.

  Chegamos no cinema todos em silêncio. Compramos nossos ingressos e as pipocas e fomos para a sala assistir ao filme.

  Meia hora do filme se passou e eu simplesmente achei aquele filme um lixo. A Gih, por exemplo, dormiu no meio do filme. Bruna também, mas a Bruna se se encostar em qualquer lugar dorme.

  — Eu vou pro banheiro. – Sussurrei pra Lucas, que estava do meu lado.

  Cheguei no banheiro e, quando eu estava prestes a entrar em alguma cabine, eu vi Ângelo encostado na parede lendo um livro de autoajuda genérico.

  — Meu filho, o que diabos tu tá fazendo aqui? – Cruzei meus braços.

  — Lendo um livro de autoajuda?

  Taquei um rolo de papel higiênico nele. Ele sem querer derruba o livro no chão, e o título do livro é revelado, era algo tipo "como conquistar o amor da sua vida".

  — Pra que agredir? – Ele perguntou pegando o livro de volta.

  — Diz a verdade. O que você tá fazendo aqui?

  — Já respondi, lendo um livro de au... – Antes que ele terminasse de falar, lancei um olhar mortal para o cupido — Tá bom, eu tava te vigiando.

  — Por quê? – Perguntei com uma vontade enorme de pegar aquele seu pescocinho branco e apertar com bastante força de tanta raiva que eu estava naquele momento.

  — Você só faz cagada nessa sua vida. Estou aqui pra reverter isso.

  — Nem pra eu realmente fazer uma cagada você me deixa em paz?

  Ângelo ficou vermelho. Depois disso, sumiu. Fiquei feliz por ele ter entendido o que eu falei, pois pelo o que eu percebi, ele era muito lerdo.

Meu cupido é um desastreOnde histórias criam vida. Descubra agora