42. Outra realidade

Start from the beginning
                                    

─ O que foi?

─ Você não está nem perto de acreditar no que eu estou falando. É verdade! Eu fui para outra realidade e acordei casado com você... ─ Parei de falar e meu rosto murchou um pouco. ─ Parece loucura... ─ Constatei o óbvio e fitei minhas próprias mãos que se encontravam repousadas no colo.

─ Você deve estar abalado emocionalmente, Louis, é normal. Quer ir a um médico? ─ Questionou preocupado e se aproximou um pouco.

Levantei o rosto e no mesmo instante o fuzilei com o olhar.

─ Você acha que estou louco? É isso? ─ Acusei, apontando um dedo em sua direção. Ele procurou segurar meus dedos com carinho, porém me afastei.

Eu não queria Harry duvidando de mim.

Já bastava ter de lidar com o fato de uma quase adoção de Jamie.

─ Não, não é isso. Eu só acho que você está abalado emocionalmente e--

─ Harry, vai se foder. ─ Tirei uma de suas mãos que se encontrava repousada em minha perna e me levantei de forma abrupta. ─ Eu estou falando a v-e-r-d-a-d-e e você não acredita em mim.

─ Não é isso, eu só estou preo--

─ Ah, por favor. Preocupado nada. Você acha que eu estou louco, que bati a cabeça, que o fato de eu ter chorado ontem completamente abalado tivesse afetado meu juízo.

Harry bufou, levantando do sofá também, e cruzando os braços. Passou uma das mãos nos cabelos e os tirou dos olhos impacientemente. Em seguida, Sirene apareceu em meu campo de visão e andou até mim, roçando seu rosto em minha perna, parecendo dizer o quanto entendia o que eu estava tentando enfiar na cabeça de Harry.

Ela sabia a verdade.

Sirene, dentre diversas pessoas naquela cidade, era um dos únicos seres vivos que lembrava da outra realidade e não podia nem mesmo expressar seu ponto de vista.

Não podia dizer o quanto sentia falta da grama verdinha, de correr no quintal, de dormir na lavanderia da casa e de brincar com Lily e Jamie.

Ela não podia dizer o quanto gostava de roubar a boneca de minha filha e arrancar o bracinho do brinquedo e muito menos podia expressar o quanto amava nossas noites de inverno com marshmallow ao pé da lareira.

Mas Sirene sabia como consolar meu coração machucado que tinha ficado assim após ver Harry não acreditando em uma só palavra do que eu dizia.

Harry parecia estar me considerando um louco.

─ Quer saber? Vou tomar banho. Esquece o que eu falei...

E mesmo chateado, sentindo uma pontada dolorida e extremamente incômoda dentro do peito, virei meu corpo e andei apressado para o meu quarto.

Era difícil de lidar com a sensação de ver Harry não acreditando em mim, achando-me um completo descontrolado. Contrastava demais com aquele marido que sempre procurava me compreender, porém, naquele momento, ele nem parecia me conhecer de fato.

E por mais dramático e patético que pudesse parecer, as pontadas dolorosas dentro de meu peito só me fizeram ter vontade de voltar atrás e nem mesmo ter jogado aquela maldita moeda na fonte.

Eu queria me proteger daquele sofrimento, pois eu não aguentava mais passar por isso.

Não aguentava mais tentar e tentar e tentar e nada dar certo.

Não aguentava mais estar tão perto em um minuto e no outro ser colocado para tão longe.

As coisas nunca eram tão fáceis para mim, principalmente após ter viajado para a outra realidade.

Strange Destiny (Larry Stylinson)Where stories live. Discover now