4. "Outro" Louis

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"Eu... eu... nem eu mesmo sei, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então."

Lewis Carroll

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Eu nunca pensei que seria tão fácil convencer alguém de que estava doente o suficiente que me impossibilitava de ir trabalhar naquele dia.

Ou melhor, nunca passou pela minha mente que uma fingida dor de cabeça, faria com que alguém – meu suposto esposo, diga-se de passagem – me olhasse com extrema preocupação e dissesse que ele mesmo avisaria meu chefe – sim, eu sou um subordinado, como já tinha previsto –, deixando-me no quarto sozinho por alguns minutos e voltando em seguida com um delicioso café da manhã na cama – dando-me direito a apreciar torradas com geleia de frutas, um suco de laranja natural e um pequeno (minúsculo; do tamanho da unha de meu dedo mindinho) crossaint de queijo – e um remédio para a dor que eu supostamente sentia.

Se esse era o tratamento que eu receberia todos os dias, até que não seria uma má ideia estar casado.

Meu sorriso se abriu malicioso e dei uma mordida em uma de minhas torradas, observando Harry deixar de lado uma jaqueta e virar em minha direção, fazendo com que eu tivesse que assumir mais uma vez minha expressão abatida – olhos caídos, sorriso triste, um leve beiço tomando conta dos lábios, talvez.

─ Estou me sentindo tão mal que não sei nem se conseguirei me levantar dessa cama hoje... ─ Dramatizei, usando toda minha habilidade acumulada das aulas de teatro do colegial e esperando que Harry nem pensasse em me pedir para lavar roupas, fazer o almoço, limpar a casa, alimentar o cachorro – cujo nome é Sirene, sabe-se Deus por quê – e etc, etc e etc.

O rapaz de olhos esverdeados apenas deu risada, deixando-me sem graça, aquele bastardo, e apenas vestiu um suéter escuro, mostrando suas irritantes covinhas.

─ Eu sei exatamente o que está tentando fazer e não irá funcionar. Essa sua dor de cabeça está te tornando um tremendo de um preguiçoso, amor. ─ Ele riu e minhas bochechas coraram pelo constrangimento. Talvez ele não fosse tão idiota assim. ─ Vou querer pelo menos que prepare o almoço já que voltarei para casa para almoçar com você.

─ Mas eu não sei cozinhar. ─ Disse cansado, mostrando minha seriedade, pois de modo algum, nem pensar, que eu iria cozinhar. Quer dizer... Eu até poderia fazê-lo, porém meu suposto marido iria morrer envenenado, eu seria processado, preso e ficaria mais sem perspectiva do que me encontrava.

Louis Dramático William Tomlinson, prazer.

─ Sei... ─ Harry disse sorrindo e se aproximou de minha testa, beijando-a carinhosamente. Argh! Como ele podia sorrir tanto? O que acontecia para tanta felicidade? ─ Já que ficará em casa, buscarei as crianças no horário de almoço também para que elas não precisem ficar na escola no contra-turn-

─ Hey! ─ Exclamei exasperado e me afastei dele. Seu peito estava na altura de meu nariz e eu me encontrava naquele momento levemente, talvez exageradamente, embriagado pelo seu cheiro. Tentei focar minha atenção no que realmente importava ali. ─ Aí já é sacanagem. Vou ficar em casa cozinhando, cuidando de Sirene (que diabo de nome é esse?) e ainda terei de brincar com as crianças durante toda a tarde?

─ É... ─ Harry disse coçando a nuca e com as sobrancelhas franzidas. Dei um sorriso mental esperando que ele, pelo menos, deixasse as crianças na escola o dia inteiro. ─ Isso soa muito bom para uma segunda-feira. ─ Espere... O quê? - Mas não se preocupe comigo. Isso não é... Sacanagem... Você só está doente e merece um pouquinho de descanso e ficar com as crianças.

Strange Destiny (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora