49 ContraTempo

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Povs Camila

Acabei me dispersando do evento da manhã quando encontrei meu cliente-mala. Desta vez ele estava sozinho, o que já era um grande passo para minha libertação! O nome da minha mala sem alça e com rodinhas estragadas é Amir Abdala. Um senhor de aparência sisuda, que deveria ter seus sessenta anos. Como o nome já denunciava, pertencia ao oriente médio. Era dono de um semblante carregado, nariz meio torto, com um osso bem saliente no meio, exatamente no meio.

Não era tão difícil assim lidar com ele, é um pouco de exagero da minha parte o chamar de mala. O difícil mesmo era sua esposa. Ela supunha entender de tudo! Faltava “estética” e “clean” como se tudo se resumisse a isso. Eu ficava realmente nervosa quando ela participava das reuniões.

O único e real problema com o senhor Amir – além de ter uma esposa muito chata

– era que ele não entendia nada que eu dizia! Não sei se o problema era eu falar rápido, embolado, se ele era meio surdo, não sei! Mas ele nunca entendia. Porém, hoje eu estava decidida a ser enérgica. Não podia ficar estendendo esse projeto por mais uma semana. Precisava concluir outros e aquele estava me
aborrecendo.

Camz - Bom dia, senhor Amir.

- Bom dia, senhorita Camila... – era engraçado o modo como arrastava o “C”. –

Aceita um chá?

Camz - Não, obrigada. Estou com a fase final do projeto. Fiz as alterações pedidas

por sua esposa e acredito estar tudo em ordem.

- Ah, senhorita Camila! Muito obrigada pela sua paciência com nosso projeto! Eu

sei que essas coisas são meio difíceis às vezes, mas acredito que agora está a gosto de todos!

– “Será que estou conversando com o mesmo homem da reunião
anterior??? Gente, o que aconteceu? Bom, vou aproveitar!”

Mostrei para ele toda a árvore do site e Sr. Amir se animou com tudo. Sai da

reunião super aliviada por ter concluído e até feliz por ter mais um cliente satisfeito. Aos poucos a Rare ia ficando conhecida no mercado e isso me dava uma enorme satisfação pessoal e monetária.

Decidi que era o dia ideal para começar a levantar informações sobre Ricardo. Telefonei para Lauren e pedi que me encontrasse no café Gitá, que era um lugar calmo, onde conseguiríamos conversar tranqüilas.


Povs Lauren


Laur - Oi, Camz! – Me abraçou e beijou-me bem próximo aos lábios. – Como você está?

Camz - Ei! Bem. Só um pouco preocupada com essa coisa toda.

Laur - Me desculpe ter te metido nisso... – Abaixou os olhos. Notei que estava abatida.

Camz - Não esquenta, nem foi você que me meteu nisso! De qualquer forma teríamos que tomar alguma atitude. Ele só apressou isso – sorri para descontrair. – Bom, mas nada de desculpas e lamentações agora. Eu preciso de algumas informações sobre ele.

L - Tudo o que quiser saber!

C - Nome completo e data de nascimento...

L - Ricardo de  Vasconcelos, 31 de outubro de 1967.

C - Ok! Agora que tal almoçarmos? Estou morrendo de fome!

Almoçamos conversando sobre algumas coisas da faculdade que precisávamos fazer e contei o que pretendia fazer para descobrir as armações de Ricardo. Durante todo o almoço, percebi que Lauren  estava rodeando para falar algo. Foi então que não agüentei e perguntei.

C - Tem alguma coisa acontecendo, laaur? Estou te achando meio inquieta.

L - Não, nada não...

C - Tem certeza? – Soltou um longo suspiro e começou hesitante.

L - O Zayn... Insinuou que você e aquela menina têm algo. – “Meu Deus! E ele inda nos viu beijando! Agora que ele vai ter certeza mesmo! Putz...” – Disse que ouviu vocês se chamarem de amor.

Camz - Nos chamarmos de amor? Eu nem chamo a lucy de luh mais, quanto mais de amor!E você disse o que para ele?

Laur - Que não... Apesar de que ele não acreditou muito. Tenho medo de que ele descubra sobre você e acabe ligando os pontos. Apesar de que não existem muitos pontos
para ligar...

C - …... Não existem – não gostei do que ouvi, mas preferi me manter distante de

qualquer discussão sobre esse assunto. – Não tem possibilidade de ele levar uma coisa à outra, Lauren. Pode ficar tranqüila.

L - mila... Tem mais uma coisa. Senti sua falta... - Fiquei em silêncio esperando o que viria adiante. – Mas não sei se isso está certo. Às vezes penso que estou fazendo você perder seu tempo. Não que eu queira que você fique com aquela menina. Longe disso... Mas é porque eu não quero magoar o Zayn... Nem o meu pai. E nem você.

C - Não se preocupe, minha linda! Você não está me fazendo perder o tempo... –

sorri amavelmente. Era meio ruim ouvir aquilo, embora eu já soubesse que o que nos unia era uma atração, mas, ao mesmo tempo, estava aliviada.

Camz – Vamos fazer o seguinte: nossa amizade continua a ser com era e enquanto não resolvermos toda essa situação, a gente continua deixando tudo simples como sempre foi. O que acha?

Laur - Tudo bem. Não digo que vou gostar de não te beijar e não vou ficar lembrando das coisas que fizemos no sábado, mas também acho melhor assim.

Camz - Bom, mas agora eu preciso ir. Tenho que encontrar a mani... Na verdade, preciso da dinah! Ah, uma última pergunta.

O Ricardo tem notebook ou algum
computador pessoal?

Laur - Notebook eu sei que ele tem. Mas anda com ele para todos os lados. No PC da mamãe eu nunca o vi mexendo, mas também não fico na casa deles, né?

Camz - Hum... Bom, tenta descobrir isso pra mim e me manda uma mensagem? – balançou a cabeça afirmativamente - Agora eu vou indo mesmo! Te vejo mais tarde!

Despedi-me de lauren e fui para casa de mani. Precisava contar para ela sobre a volta de lucy, sobre o “contratempo” com Ricardo e bater um papinho com a Dinah sobre minhas intenções.

•Cᴀᴍʀᴇɴ• √ ᗩᗰOᑎᘜ ᑕᕼᗩᑎᑕᗴ Where stories live. Discover now