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Existe algo profundamente bom em acordar cedo, antes de o sol aparecer no céu

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Existe algo profundamente bom em acordar cedo, antes de o sol aparecer no céu.

À medida que as palavras são soltas neste caderno, respiro o ar puro de Minessota e concluo o quão bom é estar vivo por simplesmente poder respirar. Olho ao meu lado e vejo a uma distância razoável, um casal sentado em um banco.

A garota parece animada comentando algo que defino ser entediante pela inexpressividade do rapaz, apoiado sobre o queixo, a observar uma pomba que acabara de levantar voo depois de receber sua recompensa. Uma senhora está ao meu lado jogando as migalhas de pão velho.

Talvez a garota provavelmente não tenha percebido a expressão de socorro do rapaz ou a senhora não tenha percebido o meu incomodo com sua posição de atratividade com pombas.

Viro minha cabeça para avistar outra coisa que não seja as aves ou casal que me cerca.

O parque está menos movimentado que costumava perceber. Talvez seja pelo frio do outono ou pelo risco de haver uma garoa novamente. Abro meu celular e tentado, clico no primeiro nome da lista de mensagens. Essa mania tem sido frequente nos últimos dias.

"Esqueça isso." Ela dizia.

Falar é tão fácil.

Deslizo a tela em busca de pelo menos uma briga que tenha valido a pena, um 'eu te amo' que não fosse por decoro ou um convite que não fosse sem um pedido de desculpas. Mas sei que não há. Já vi as mensagens uma centena de vezes.

"Vamos fazer dar certo dessa vez."

Era como se nossa relação fosse um brinquedo quebrado, que em meio a tantas gambiarras para conserta-la, foi ficando insustentável.

Eu queria continuar - ela também - entretanto, uma hora cheguei à conclusão de que não fazia sentido aquele looping vicioso.

Um dia no apartamento que dividíamos, sentei no sofá, olhei para a mala e uma caixa a minha frente. Darice não estava.

Fui embora.

De volta ao presente, olho furtivamente para o casal. Vejo a garota com uma expressão questionadora, salpicada com uma posição intimidadora em relação ao rapaz, que neste momento encolhe os ombros e retruca algo rapidamente. Os dois continuam nesse balanço até que a senhora toca meu braço, fazendo-me atentar para seu rosto, que lembra bastante o de minha tia-avó. Vejo um riso meio irônico se formar nos lábios franzidos dela e diz, se levantando:

- Bela manhã, não é mesmo? – Ela parece esperar uma resposta, mas devido ao seu tom irônico, preferi apenas assentir com a cabeça. – Aproveite o dia. – Terminou, dando dois tapinhas leves em meu ombro, saindo do parque.

Fito novamente o casal e vejo que estão mais agitados do que há instantes atrás e percebo que a garota está quase gritando.

- Você nunca está aqui, quando preciso! – Ela diz e rapidamente, sou transportado para lembranças.

Darice invade meus pensamentos novamente. Não há um dia sequer que não pense nela.

Déjà Vu Entre NósWhere stories live. Discover now