Era por isso que Harry fodia com praticamente metade da população de sua cidade, para depois de todo o sêmen desperdiçado, ele ficasse tão, mas tão cansado, que dormiria em um sono profundo, sem nem dar tempo de se transportar pra esse universo paralelo onde ele ainda era... Feliz.

Ele sabia que estava levando a vida com a barriga.

Harry deu meia volta pensando se tudo na vida pudesse ser tão prático na hora da decisão como apenas dar meia volta e ir embora, evitando choros, sofrimentos e argumentos rasos e sem precisão. 

Com a mínima vontade possível, Styles foi em busca de um novo celular. Não que ele quisesse, mas porque precisava, já que fazia um mês em que assim como o Sol, não dava as caras na rua e nem se comunicava com os amigos. Inclusive, se tivesse alguma possibilidade, nem mínima que seja, de Louis retornar uma das tantas ligações que fez, ele nem teria quebrado seu celular. Alguns chamariam toda a situação de drama, outros - os da sociedade deprimida e carente - definiria isso como um deslize, ou retrocesso.

No caminho para a loja, Harry se pegou pensando no que faria com as tão ansiadas passagens para o México, o sonho íntimo de Louis que estava comprada há alguns meses e seria realizada daqui uns dias. Ele não faria a viagem sozinho, porque ele já traiu muito Louis para o trair mais uma vez com chave de ouro. Talvez as venderia para Niall.

Entre seus pensamentos sobre o passado e seu futuro (querendo desesperadamente pular o presente), Harry concluiu que cinco segundos fazem sim diferença na vida de uma pessoa, seja na hora de um acidente, na questão de uma prova ou de um chute na rede. Mais que isso, teve a certeza que o destino, céus, mapas astrais o odiavam do fundo das entranhas, pois um, ou todos eles, sabiam que ele veria aquela cena, naquele momento. Harry teve as pernas quebradas ao mesmo tempo em que todo o ar sumia da Terra, e a gravidade ficava mais rígida.  Um filme de lembranças começou a passar na sua mente, imagens aleatórias sem aprofundamento, como se você estivesse apenas adiantando a parte de um filme.

Agachado entre tantas flores colorida, lá estava ele. Do outro lado da rua.

Tão adorável que se Harry acreditasse nisso de áureas, veria apenas áureas leves e correntes positivas rodeando aquele pequeno homem, tão delicado e tão... Louis. O mesmo escolhia com precisão as melhores rosas, fazendo Harry se lembrar como se fosse ontem o quanto Louis amava colecionar botões de rosas. Essa era uma das poucas e preciosas coisas que ele havia esquecido em seu apartamento. Na verdade, ex-apartamento.

A dor tão conhecida e tão clamada para ser esquecida começou a ser manifestada no peito de Harry sem nem pedir licença, sem nem um aviso prévio.

"Porra", Harry vociferou, cambaleando. A única alternativa viável para alguém tão destruído era se manter longe da sua Kryptonita, mas do jeito fora de órbita que Harry era, sua maior fraqueza era sua maior força também, e sem nem pensar entrou no café mais próximo apenas para observar da janela. O pequeno estava sendo observado tão minuciosamente que quem visse Styles naquela posição diria que ele era um psicopata. Bem, talvez depois desse mês ele seja um louco mesmo.

Até que Harry deixou uma lágrima gorda e teimosa escorregar, coisa que ele não fazia a sete dias. Sete dias tentando o seu quase virar um completo até que ops!, uma lágrima já se encarregava de atrair outras, logo tornando seu rosto o de um completo miserável.

Louis não estava tão radiante. Ele sempre foi e sempre será, mas Styles conseguia ver o modo cansado em que ele escolhia as flores, um modo um tanto dramático. Não que ele não estivesse maravilhosamente Louis fazendo tais ações, mas ele estava despedaçado... Assim como Harry. 

Por uma dádiva divina Louis olhou em direção ao café, como se alguém estivesse o chamando, ou talvez sejam aqueles imãs que se chamam e ele simplesmente sentiu que deveria olhar.

Muita coisa foi entregue naquele olhar e Harry se sentiu desconfortavelmente lido em apenas alguns segundos. Olhos cravados falando tanto, e bocas fechadas não falando e nem sorrindo pra nada. Harry sempre foi péssimo em interpretação, seja em enunciados, filmes e até mesmo pessoas, mas ele sabia como ninguém interpretar Louis. E interpretou como algo negativo demais no modo em que ele fracamente negou com a cabeça e sorriu tristemente. Ele definitivamente o preferia sério, ao ter um Louis sorrindo triste.

E foi aí que toda a sensação do primeiro dia de término, veio à tona no seu peito. Não que ele tivesse superado, porque se o tivesse feito, já teria arranjado outro emprego, um apartamento decente e provavelmente retornaria às ligações de Niall, mas naquele momento a negação tão óbvia doeu muito mais que ver seu pequeno atravessando a porta sem olhar para trás. No calor do momento ele quis crer que eram apenas ações impulsivas, se agarrando na esperança dele voltar. Mas não. As feridas colocadas com band-aid todas as noites com um homem diferente, foram arrancadas com álcool.

Acabou.

A c a b o u.

E Harry não pôde nem dizer o quão bonito ele era escolhendo flores. Aliás, tudo o que Louis fazia era lindo, mas Styles sempre estava bêbado demais para sequer ver um poste, quem dirá essas coisas simples que tornava Louis tão Louis. E tão dele.

Louis desviou o olhar e saiu do campo de visão de Harry, agarrando firmemente suas flores. Era impressão de Harry ou até as flores tinham dado uma murchada diante de tal situação?

Só era dolorido demais para Harry, assim como para Louis. Ele só não se sentia bem em saber que era o motivo do choro do mais alto... Era como estar preso num quarto sem tranca, estar com falta de ar na frente de um ventilador, ter a cura mas não curar. Era saber exatamente o que fazer para ambos pararem de se ferir mas simplesmente não desse. Era Harry e Louis.

E não Harry&Louis.

how to lose lou • larryWhere stories live. Discover now