— Por isso então do ciúme e da revolta, deve ter reclamado horrores por ter que te tirar de casa— constatei por fim.

— Exatamente — sacudiu a cabeça e expirou cansada — tudo porque quando sugeri Franz meu amado marido ficou ressabiado por eu ter tantos contatos nada comuns e que eram homens, do gênero masculino explicitamente, como se eu fosse comum, que ideia. Honestamente, as armas que eles utilizavam aqui eram umas porcarias que travavam toda hora, muito pesadas e nada práticas.

— O estranho é que os Estados Unidos é um dos maiores centros exportadores do mundo, a lógica é que a máfia de Las Vegas tivesse acesso às melhores disponíveis no mercado.

— Mas esqueceu dum detalhe, eles acham que são os melhores e que o resto é o resto, sério, a primeira vez que tentei atirar com a antiga pistola automática deles, quis bater com a minha cabeça na parede de tão ruim que era. Na mesma hora peguei meu celular e entrei em contato com Franz.

— E Dylan não reclama porque sabe que tem razão e fica com boca fechada pra não criar problemas — completei.

— Camille, se ele tem algo que ele teme, sou eu.

A madrugada no deserto era escura e tenebrosa, o último resquício de civilização tinha ficado há uns bons quilômetros para trás, o céu parcialmente encoberto pelas nuvens tampavam as poucas estrelas que ousavam a mostrar seu brilho, mesmo que fraco.

O lugar do nosso encontro ficava bem distante do grande centro, na realidade era quase que em outro estado, o que ajudou bastante no meu desconforto de ficar na mesma posição por um tempo consideravelmente grande.

— Está se sentido mal? — perguntou me olhando com uma cara de preocupação.

— Só um leve incômodo — disse me ajeitando no banco de couro — meu corpo não é mais o mesmo e qualquer coisa é o suficiente, mas nada que chegue a ser desesperador.

— O começo é assim, muito enjoo, tontura, até esse primeiro trimestre passar, não tem como escapar mesmo.

Me chamou a atenção a naturalidade e entendimento que me explicava detalhes da gravidez ao longo da conversa.

— Com sabe tanto assim, já leu a respeito ou coisa do tipo? — me atrevi a tirar minha curiosidade.

— Já tive a oportunidade de presenciar uma gravidez bem de perto — com um sorriso matreiro e fugindo do assunto terminou — um dia desses te conto.

Me enganei sobre irmos até quase outro estado, porque quando vi uma placa que dizia que nos aproximávamos do Arizona tive a certeza que tínhamos percorrido um bom pedaço.

— Era preciso mesmo vir até aqui?

—Preferimos, como o Grand Canyon não é muito distante, temos um resguardo de não haver muitas pessoas por perto, fora que essa região é cheia de parques florestais e o relevo montanhoso ajuda.

— Uma dúvida, como ele vem para cá sem ser pego pela polícia?

— Ele nunca contou os truques que usa, nem para mim, o que sei é que tudo vem de barco, atravessando o Golfo do México e atracando na costa do Texas, cruzam então todo o estado, passando depois pelo Novo México até chegar aqui.

— Mas deve ter alguma coisa acertada.

— Sempre, alguns policiais são nossos, até no FBI e na CIA conseguimos infiltrar pessoas.

— Então se algo der errado...

Piscando maliciosamente afirmou com um breve aceno, o que e quem eles não tinham nas mãos?

[RETIRADO] MR. JOHNOnde as histórias ganham vida. Descobre agora