XXV - Embrionecrose

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As minhas aspirações embrionárias

Se tornaram decepções fracionárias

Que se quebram e são quebradas

Em noites, no escuro das estradas


Amanhã eu irei partir

Só assim poderia um dia sorrir

Não se ofenda, não é pessoal

Trata-se apenas do destino final


E ninguém pode escolher

O que vai de fato ser

Quando se diferenciar em um organismo

E optar por levar adiante o sedentarismo


Eis que parti, e quis me construir

Nem que pra isso, precisasse consumir

Todas as minhas energias

E destruir as minhas autarquias


Reis, rainhas, viscondes e tolos

Posso dizer que os homens conheci todos

Não posso dizer que todos amei

Porém é difícil odiar um rei


Nos outonos da minha vida, sofria

Não conseguia suportar a soidão, fria

Nem os ventos fortes e ambiciosos

Que me levaram a homens odiosos


Soube que era destinado ao medo

Mas prossegui, mantendo segredo

Secreto sentimento envolto em misericórdia

Que sobre os grandes causou discórdia


Meu pulso braquicárdico um dia vai parar

E um dia já não mais irei respirar

Mas até lá tenho que conseguir

Com todas as raízes me redimir


Por que sou tão radical

Que por esperar o final

Voltava contente, sempre ao início

E me jogava ao meu precipício


Por isso viajo de uma a uma

E flores conheci uma ruma

Fui chamado de o amoroso

Por matar, mas antes dar gozo


E por qual razão não daria a elas

Minhas amarelas e rosas belas

Se esse é o sentido da vida no final

Nascer no sangue e morrer no pau


Na cruz de nossos destinos

Ouvimos o badalar dos sinos

Anunciando a morte do querer

E a ressurreição do mudo ser


Morremos todos os dias

Sangrando por diferentes vias

E vendo que as nossas benditas vaidades

Estão escorrendo sem fim pelas fortes vontades


Na cruz de nossos destinos ei de sangrar

E um dia irão me lembrar

Como o homem que escreve poemas

Sobre flores e seus grandes problemas





A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now