Four

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Blake Müller

Era incrível minha capacidade para dormir. E aguentar pessoas falsas. Enquanto percorria o jardim onde acontecia mais uma das inúmeras festas de meu pai, esboçava um sorriso forçado cumprimentando todos e algumas vezes puxando conversa quando via que a pessoa era importante e ajudaria a empresa de algum modo.

Suspirei cansada e peguei uma taça de champanhe de um garçom que passava e parei um pouco apreciando o gosto do líquido. Nunca enjoaria. Havia muitas pessoas exibindo seus ternos caros e seus vestidos deslumbrantes naquele lugar, e eu não ficava para trás, estava em um Chanel na cor creme que ia até acima dos joelhos e justo na cintura, meu cabelo estava preso em um coque e minha maquiagem era clara mas realçava bem meus olhos.

Meus pés já começaram a doer com o enorme Loubotin que eu usava e estava clamando por descanso que é óbvio que não teria tão cedo nessa festa entediante.

Já era minha quinta taça e minha visão começava a ficar meio turva e logo pedi uma água para o álcool sair do meu sangue. Eu não posso estar bêbada hoje.

Tropeço sobre os meus pés quando vejo Travis e Aleck entrarem. Puta merda, ele estava lindo!

Seus cabelos estavam meio rebeldes e ele vestia um terno azul turquesa que combinava perfeitamente com a cor de seus olhos que agora me olhavam um pouco confusos mas logo raciocinou o porquê.

Eu estava alterada.

Ou seja, bêbada.

Caminhou em passos largos em minha direção e quase caí quando ele chegou a poucos centímetros perto de mim.

— Você ficou louca de beber na festa de seu pai? — disse, alterando um pouco a voz. As pessoas ao redor nem perceberam devido o barulho do local.

— Eu bebi só um pouquinho, assim oh — juntei meu dedo polegar e o indicador e diminui um pouco o espaço entre eles e puxei para cima caindo na risada.

— Vamos sair daqui antes que você passe vergonha — ele disse autoritário me pegando pelo braço e puxando para dentro da casa.

— Quando eu era pequena, fazia xixi nas calças — soltei sem vergonha com o álcool já afetando minha razão.

— Todos mijavam nas calças quando criança Blake — respondeu revirando os olhos.

Mentiraaaaaaaaa, tinha um garoto na minha sala que disse que ele fazia pela orelha! — disse lembrando de Charles.

— Cale a boca, você está falando besteira!

— Mas é verdade, eu odeio mentiras e não estou mentindo — eu dizia me enrolando nas palavras, caminhamos pela sala onde uma casal conversava tranquilamente — Nossa, você é tão velho! Quer que eu te passe o contato do meu cirurgião plástico? Tá precisando — o homem me olhava chocado e se retirou rapidamente resmungando algo e tocando seu rosto.

— Você é louca? Isso além de ter sido rude deve ter acabado com a auto estima do cara — ele disse. O ignorei e comecei a cantar:

São três meses de férias que passam depressa, curtir é a prioridadeeeeeeee... — comecei a cantar uma música do meu desenho favorito enquanto ao mesmo tempo tentava lembrar onde ficava o meu quarto.

— Temos que aproveitar bem então vamos nessa, mas tem que rolar novidades... — ele continuou sorrindo me fazendo sorrir também.

Como por exemplo! Ir ao espaço, lutar com uma múmia ou escalar a Torre Eiffel inteira - tu rum rum- Descobrir uma coisa maluca demais ou lavar o macaco na banheira, surfar em maremotos, criar minirobôs ou colocar o monstro no divã, achar mais um dodo, pintar o continente ou enlouquecer nossa irmã.

Me curvei como se tivesse tocando uma guitarra e ele repetiu.

Antes que as aulas comecem de novo temos muito que fazer, fiquem ligados pois com Phineas e Ferb tudo pode acontecer, fiquem ligados pois com Phineas e Ferb tudo pode aconteceeeeer.

— Mãeeeeee, Phineas e Ferb estão fazendo  abertura da série — e finalizamos nosso show caindo no chão rindo como hienas.

Ele ficava muito mais bonito sorrindo. Ficamos alguns segundos nos olhando quando eu desviei o olhar interrompendo o clima, ele pigarreou e disse:

— Bom, seu quarto deve ser por ali e é melhor eu ir agora — disse meio sem graça e se levantando, fiz o mesmo envergonhada pelo meu estado atual.

— Essa noite foi estranha — disse franzindo o cenho, ele concordou.

— Amanhã você nem lembrará mais — e assim que ele disse e o silêncio caiu nos deixando constrangidos.

Nunca mais beberia quando eu soubesse que ele estaria por perto.

— Eu já vou dormir, depois nos vemos — acenou com a cabeça e caminhou para longe e quando ele cruzaria o corredor o chamei.

— Travis! — exclamei. Olhando para mim, me incentivou a continuar. — Obrigada por me trazer em meu quarto, se ficasse mais tempo lá fora faria algum dos clientes do meu pai nos processar.

— Não há de que, mas eu acho que o que você chamou de velho não ficou muito contente — lembrou.

— Sim, eu estou ferrada — suspirei, e me despedi com um aceno e dei às costas entrando no meu quarto e caindo de cara no colchão macio.

Meu pai não ficaria nada orgulhoso do meu comportamento.

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⏰ Last updated: Aug 19, 2017 ⏰

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