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Assim que cheguei na escola guardei o fone na mochila junto com a minha nostalgia. Procurei pelo meu irmão, mas só achei o grupinho dele. Acabei indo falar com os meus dois melhores amigos: a Karina e o Gustavo. 

-Sabia que o Kauã está voltando? -A Karina tacou as palavras antes mesmo de me cumprimentar. 

-Karina! -O Gustavo a repreendeu e eu dei uma risada. 

-Tudo bem. Fiquei sabendo pelo Miguel. 

-Ai! Que homem! -A Karina disse se derretendo de uma forma irônica. Não amava meus amigos por não babarem o meu irmão ou por não ficarem toda hora querendo algo dele ou dos meus pais, os amava porque eles eram simplesmente demais. 

-Quanto tiete para essa hora da manhã. -Revirei os olhos brincando, pois sabia que ela estava zuando. O sinal tocou. Preciso parar de chegar bem na hora da aula. Deve ser legal ter um tempo para conversar antes de tudo começar. 

-Vamos para o shopping depois?

-Vou ficar para ajudar na biblioteca e organizei uma roda de leitura para as crianças depois da aula delas. Vão sem mim e aproveitem e comprem aquele quebra-cabeça que estamos loucos para montar. 

-Que você... Que você está louca para montar. -A Karina falou enquanto íamos para sala. Por obra do destino caímos na mesma sala e foi tudo de bom. 

-Concordo com a Ka. Onde já se viu, 6 mil peças! -Sinto que meus olhos brilharam quando ele falou aquilo. Eu era simplesmente apaixonada por montar quebra-cabeça e na minha casa, eu tinha uns dez quadros só de todos que eu havia montado. 

-Ah. -Falei cabisbaixa. Será que um dia eu vou encontrar alguém para montar essa joça comigo? -Comprem mesmo assim que vou montar sozinha. Pago depois. -Entramos na sala e o espirito estudantes atentos tomou conta de nós. 

Assim que as aulas acabaram, meus amigos foram embora e eu fui almoçar na cantina. A comida não era ótima, mas também não era uma das piores. Fui direto para a biblioteca. Ler é uma das maiores paixões da minha vida, leio qualquer tipo de livro e os compreendo bem. Desde os escritores alemães que muita gente tem dificuldade até os livros mais idiotas. Ler é a única coisa que eu e a arte temos em comum, fora isso? Sou um fracasso total! Música, dança, teatro e até ópera... Tentei de tudo, mas sou muito de naturais para essas coisas. 

As horas voaram, desde quando arrumava os livros até quando fui ler um clássico, Romeu e Julieta, para as crianças que amaram! Claro que eu fiz algumas (muitas) alterações na linguagem para que eles entendessem. 

Juntei minhas coisas quando não tinha mais tempo para ficar na escola e saí de lá, rumo a minha casa. Não importando que horas que fossem, me sentia segura para ir para casa sozinha. Reparei que havia um menino caminhando do outro lado da rua, mas não me importei, parecia inofensivo e nem estava tão tarde assim. 

Ouvi, ao fundo, um barulho de carro correndo, parecia estar seguindo a rua no mesmo sentido que eu e o estranho e, logo, não estava tão longe assim. Isso sim me assustou. O carro parou bruscamente ao lado do menino e assim que ele percebeu saiu correndo, ou pelo menos tentou... Não fui burra em continuar andando e tentei me esconder entre umas árvores e o garoto começou a apanhar... MUITO... MUITO MESMO... Em fração de segundos, o carro não estava mais ali e se não fosse pelo garoto caído no meio da rua, poderia dizer que nunca estivera.

Um estranho em minha vidaWhere stories live. Discover now